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14/04/2006
-
20h55
HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande
Aumentou a tensão entre índios acampados e fazendeiros em Antônio João (MS), na região próxima à fronteira com o Paraguai, com os dois grupos dizendo que estão recebendo ameaças de morte. Em janeiro passado, a Anistia Internacional criticou o Brasil pelo conflito.
A fazendeira Roseli Ruiz da Silva afirmou hoje que dois empregados seus --Laudelino da Silva, 61, e Joana Brites, 40-- foram amarrados por dois índios que roubaram roupas e comida na fazenda Barra, de sua propriedade.
"Nós não vamos permitir que eles venham nos atacar. Não vamos ficar quietos", afirmou Silva, que em fevereiro de 2005 driblou em Campo Grande os seguranças do presidente Lula para entregar a ele uma carta sobre o conflito com índios.
Cerca 370 índios, guaranis e caiuás, estão acampados às margens de uma estrada estadual de acesso a fazendas. Eles foram retirados de três propriedades em dezembro pela Polícia Federal, que cumpria ordem judicial.
Acampadas em barracos de lona, crianças adoeceram. Ao menos 27 estão desnutridas. Seis morreram.
A situação levou a Anistia Internacional a emitir um comunicado no qual acusou o governo brasileiro de fracassar na proteção ao direito dos índios.
No fim do ano passado, após a desocupação das fazendas, o índio Dorvalino Rocha, 39, foi morto com um tiro por um dos seguranças da fazenda.
Silva diz que na semana passada foi ameaçada pelo capitão (líder indígena) Loretito Fernandes Vilalba. "Ele dizia para mim assim: 'É, você está pensado que a morte do meu cunhado vai ficar por isso mesmo? Não vai não porque vamos matar vocês todos nem que seja para a gente morrer'", afirmou a ruralista.
Na versão índios, os acampados sofrem ameaças de morte de seguranças das fazendas. "Eles inventaram essa história [do roubo aos empregados de Silva] para voltar a trazer seguranças. O Lorentito está preocupado. Disse que viu carro de seguranças novamente", afirmou a índia Léia Aquino.
Outro fato que levou ao aumento da tensão foram os assassinatos de dois policiais civis num acampamento de índios, também caiuás e guarani, em Dourados (MS), no início do mês. O local fica a 300 km de Antônio João, mas causou preocupação aos fazendeiros.
"Se eles ficarem na frente do nosso carro, nós vamos passar por cima. Sabe por quê? Lá em Dourados, eles puseram um monte de gente na frente do carro dos policiais, que pararam e foram mortos. Eu não vou morrer nas mãos deles, de jeito nenhum", afirmou Silva.
"Vou requerer da Polícia Federal o direito de a gente comprar arma para a fazenda", acrescentou a proprietária, que diz usar até binóculo para evitar emboscadas.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre conflitos com índios
Cresce a tensão entre índios acampados e fazendeiros no MS
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da Agência Folha, em Campo Grande
Aumentou a tensão entre índios acampados e fazendeiros em Antônio João (MS), na região próxima à fronteira com o Paraguai, com os dois grupos dizendo que estão recebendo ameaças de morte. Em janeiro passado, a Anistia Internacional criticou o Brasil pelo conflito.
A fazendeira Roseli Ruiz da Silva afirmou hoje que dois empregados seus --Laudelino da Silva, 61, e Joana Brites, 40-- foram amarrados por dois índios que roubaram roupas e comida na fazenda Barra, de sua propriedade.
"Nós não vamos permitir que eles venham nos atacar. Não vamos ficar quietos", afirmou Silva, que em fevereiro de 2005 driblou em Campo Grande os seguranças do presidente Lula para entregar a ele uma carta sobre o conflito com índios.
Cerca 370 índios, guaranis e caiuás, estão acampados às margens de uma estrada estadual de acesso a fazendas. Eles foram retirados de três propriedades em dezembro pela Polícia Federal, que cumpria ordem judicial.
Acampadas em barracos de lona, crianças adoeceram. Ao menos 27 estão desnutridas. Seis morreram.
A situação levou a Anistia Internacional a emitir um comunicado no qual acusou o governo brasileiro de fracassar na proteção ao direito dos índios.
No fim do ano passado, após a desocupação das fazendas, o índio Dorvalino Rocha, 39, foi morto com um tiro por um dos seguranças da fazenda.
Silva diz que na semana passada foi ameaçada pelo capitão (líder indígena) Loretito Fernandes Vilalba. "Ele dizia para mim assim: 'É, você está pensado que a morte do meu cunhado vai ficar por isso mesmo? Não vai não porque vamos matar vocês todos nem que seja para a gente morrer'", afirmou a ruralista.
Na versão índios, os acampados sofrem ameaças de morte de seguranças das fazendas. "Eles inventaram essa história [do roubo aos empregados de Silva] para voltar a trazer seguranças. O Lorentito está preocupado. Disse que viu carro de seguranças novamente", afirmou a índia Léia Aquino.
Outro fato que levou ao aumento da tensão foram os assassinatos de dois policiais civis num acampamento de índios, também caiuás e guarani, em Dourados (MS), no início do mês. O local fica a 300 km de Antônio João, mas causou preocupação aos fazendeiros.
"Se eles ficarem na frente do nosso carro, nós vamos passar por cima. Sabe por quê? Lá em Dourados, eles puseram um monte de gente na frente do carro dos policiais, que pararam e foram mortos. Eu não vou morrer nas mãos deles, de jeito nenhum", afirmou Silva.
"Vou requerer da Polícia Federal o direito de a gente comprar arma para a fazenda", acrescentou a proprietária, que diz usar até binóculo para evitar emboscadas.
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