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19/04/2006 - 10h00

Okamotto teme que a quebra do seu sigilo possa deflagrar impeachment

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MARTA SALOMON
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, teme que a abertura de suas contas bancárias estimule a oposição a deflagrar o processo de impeachment contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu amigo, apurou a Folha.

Mais de oito meses após assumir a responsabilidade pelo pagamento de uma dívida de R$ 29,4 mil de Lula com o PT, Okamotto não indicou à CPI dos Bingos as datas e os valores dos saques que teria feito para quitar essa dívida.

Ontem, ele disse à Folha que sacou R$ 45 mil de suas contas num período de seis meses, dentro do qual teria sido paga a dívida de Lula. Okamotto insistiu que dispunha de meios para quitar os débitos lançados pelo PT na prestação de contas de 2003.

"À época da restituição dos valores ao PT, recebi remuneração superior a R$ 130 mil, provenientes de salários e aposentadorias, bem como efetuei saques na ordem de R$ 45 mil entre setembro de 2003 e março de 2004, que me permitiram realizar os pagamentos", afirmou.

A dívida foi paga em quatro parcelas, entre dezembro de 2003 e fevereiro de 2004.

O amigo de Lula se negou a abrir dados de suas contas bancárias à CPI: "Mantenho meu entendimento de que a abertura de meu sigilo bancário em nada contribuirá para satisfazer o objeto e o fato determinado da CPI".

O Congresso investiga se a dívida de Lula foi paga com dinheiro do caixa dois mantido pelo PT.

A Folha apurou que Okamotto reuniu dados que indicariam dois saques na conta da empresa Red Star Ltda. em datas próximas ao pagamento da primeira parcela da dívida, no valor de R$ 12 mil, em 30 de janeiro de 2003. A empresa está, desde junho de 2003, em nome da mulher e da filha.

Entre dezembro de 2003 e fevereiro de 2004, Okamotto listou saques que teriam sido usados para quitar as demais três parcelas, mas cujos valores e datas não coincidem com os pagamentos. Há dúvida entre pessoas consultadas por Okamotto, nos últimos dias, sobre as chances de a contabilidade convencer a CPI.

Essa polêmica se arrasta desde quando a Folha publicou que a prestação de contas do PT registrava dívida em nome de Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente demorou 21 dias para explicar como a dívida havia sido paga. Em 9 de agosto do ano passado, Okamotto se apresentou como responsável pelo pagamento, na condição de procurador legal do presidente na rescisão do contrato trabalhista que manteve com o PT até a eleição para o Planalto.

Nessa ocasião, a CPI dos Correios já investigava a suspeita de que a dívida teria sido paga com dinheiro do caixa dois.

Em depoimento à CPI, o ex-tesoureiro Delúbio Soares foi questionado se recursos providenciados pelo publicitário Marcos Valério de Souza haviam sido usados para saldar a dívida. Delúbio não respondeu.

Ao depor na CPI dos Bingos, em novembro, Okamotto não apresentou datas e valores dos saques que teria feito com o objetivo de pagar a dívida.

A CPI chegou a quebrar o sigilo bancário para checar a versão dele, mas teve a abertura das contas bloqueada por uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal.

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