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25/04/2006 - 22h23

Organização de ombudsmans fará conferência em SP

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da Folha de S.Paulo

Reúne-se em São Paulo, entre 7 e 10 de maio, a 26ª Conferência Anual da ONO (Organização de Ombudsmans de Notícias, na sigla em inglês). Será a primeira vez que a entidade, criada em 1980, organiza seu encontro fora da Europa ou da América do Norte.

Com o apoio da Folha e tendo como organizador o ombudsman do jornal, Marcelo Beraba, o evento deve atrair de 35 a 40 ombudsmans de 14 países.

O encontro, na Federação do Comércio do Estado de São Paulo, será fechado ao público. Mas entre os dias 10 e 11 o jornal também estará promovendo, em São Paulo, o Fórum Folha de Jornalismo, gratuito e aberto a pessoas que se inscrevam com antecedência.

Já confirmaram suas presenças à conferência da ONO representantes de países como Estados Unidos, Holanda, Canadá, Turquia e África do Sul, entre outros. Os últimos encontros foram realizados em Londres, Saint Petersburg (EUA), Istambul, Salt Lake City (EUA), Paris e Montreal.

A Folha possui um ombudsman desde outubro de 1989. A palavra ombudsman, de origem sueca, é bem mais antiga e designava em 1807 um funcionário nomeado na Suécia para canalizar queixas de cidadãos contra o governo. Na mídia, o primeiro ombudsman surgiu em 1967, em um jornal de Louisville, Estado norte-americano de Kentucky. Há hoje cerca de uma centena de ombudsmans em jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão.

"O encontro anual de ombudsmans é um momento de reflexão maior sobre a qualidade do trabalho jornalístico e para a troca de experiências", diz Beraba.

A conferência de São Paulo, prossegue, "terá três eixos de trabalho: uma apresentação, para os ombudsmans dos outros continentes, da situação da imprensa na América Latina sob o ponto de vista da transparência; a discussão sobre temas que questionaram a atuação da imprensa nos últimos meses, como as charges de Maomé publicadas inicialmente na Dinamarca, a cobertura negligente da situação das populações que vivem nas periferias das grandes cidades e a cobertura internacional; e o enfrentamento de um tema de fundo, a credibilidade dos jornais".

Beraba diz haver "uma pressão bem-vinda da sociedade por maior qualidade de informação, por maior equilíbrio nas coberturas, por maior diversidade e pluralismo nas análises e pontos de vista e por maior transparência por parte da imprensa".

Ian Mayes, ombudsman do jornal britânico "The Guardian" e atual presidente da ONO, disse à Folha que o número crescente de empresas da mídia que designam ombudsmans se deve antes de mais nada à proliferação de sites de informação na internet, acessados por uma nova geração de leitores que procura obter informações confiáveis.

Claro que, antes da internet, já havia preocupação das empresas com a precisão e o equilíbrio. Mas a questão se coloca agora de uma outra forma. "Ocorreu uma proliferação dos meios de informação. Diante de um espectro mais amplo de escolha, a confiabilidade se tornou mais importante", afirma.

Essa tendência se reforça, a seu ver, em países com "heranças difíceis", em que há a memória da censura e da supressão da liberdade de imprensa. Com a lembrança desse passado, "há entre os leitores, ouvintes ou telespectadores a tendência de dar maior crédito a meios de informação que exerçam sobre si mesmos algum mecanismo de autocontrole".

"Os ombudsmans fornecem a única forma de auto-regulação que constrói uma relação de confiança entre a empresa jornalística e seu público", afirma.
Mayes reconhece ser estranho que países com antiga tradição de liberdade de informação não recorram ao papel desse mediador. São os casos europeus, por exemplo, da Itália e da Alemanha.

"Mas eles têm demonstrado um interesse crescente por aquilo que estamos fazendo", afirma. No caso da conferência de São Paulo, sua missão será a de fazer com que na América Latina a discussão sobre o ombudsman leve outras mídias a adotar o modelo.

Ainda com relação à mídia latino-americana, o presidente da ONO diz que um dos tópicos mais importantes da conferência será o estudo a ser apresentado por Germán Rey, ex-ombudsman do "El Tiempo", de Bogotá, com um balanço da percepção de confiabilidade das mídias no continente e do papel dos ombudsmans na construção de uma imprensa mais livre.

Ian Mayes, leitor de Machado de Assis, citou um trecho de "Memórias Póstumas de Brás Cubas" que reflete, a seu ver, a busca pela precisão: "Cada estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o editor dá de graça aos vermes".

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o Fórum Folha de Jornalismo
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