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26/04/2006 - 21h11

MST volta a invadir fazenda da Aracruz no Espírito Santo

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EDUARDO DE OLIVEIRA
da Agência Folha

Em nova investida contra a Aracruz Celulose, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu hoje terras da empresa no norte do Espírito Santo. É a segunda vez desde setembro do ano passado que sem-terra invadem a fazenda Agril.

De abril de 2004 para cá, fazendas de eucaliptos de empresas produtoras de celulose têm sido alvo do MST (veja quadro).

Na ação ocorrida na madrugada, cerca de 200 famílias invadiram a propriedade, que fica entre os municípios de Aracruz e Linhares (cerca de 80 km ao norte de Vitória), e levantaram acampamento. Não houve conflito.

Ademilson Pereira Souza, da coordenação estadual do MST, disse que a invasão teve dois objetivos: pressionar o poder público para identificar terras devolutas no Estado e revertê-las para o programa de reforma agrária e para expressar "repúdio" contra o que considera "perseguição" a movimentos sociais no Sul, após a invasão de uma fazenda da Aracruz em Barra do Ribeiro (RS).

O coordenador do MST afirma que dos 8.700 hectares da Agril, apenas 3.700 estão com titularidade declarada no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), e que o restante são terras devolutas --do Estado.

"Queremos uma destinação social para terra, que não fique nas mãos da Aracruz. Entendemos que as áreas reflorestadas não trazem nenhum benefício para o Estado", disse Souza.

"Não temos disposição de desocupar a área pacificamente. O Estado vai ter que tirar a máscara e colocar a Polícia Militar para despejar as famílias de uma área que é pública, do Estado."

O diretor de Operações da Aracruz Celulose, Walter Lídio Nunes, disse que a empresa possui documentos que comprovam a titularidade das terras.

Ele declarou que os sem-terra descumprem uma decisão judicial que fez a reintegração da posse da área à Aracruz quando houve a invasão em setembro do ano passado. A empresa voltou hoje a recorrer à Justiça.

"É um dos típicos desrespeitos do movimento à ordem pública do país", declarou Nunes.

Em nota, a Aracruz informou que a Agril tem 78% da sua extensão coberta por áreas de preservação ambiental e que o restante serve ao plantio de eucaliptos.

Segundo Nunes, está em andamento no Ibama (Instituto Nacional do Meio Ambiente) e na Secretaria Estadual de Meio Ambiente um processo para transformar 6.800 hectares da propriedade numa APA (Área de Preservação Ambiental).

Em resposta à cobrança do movimento por mais terras, o superintendente do Incra no Estado, Gerônimo Brumatti, disse que estão em andamentos processos de desapropriação.

A Secretaria da Agricultura do Estado, por sua vez, informou que enviou em novembro passado à Assembléia Legislativa três projetos de lei para a reversão de terras devolutas para a reforma agrária, dos quais um foi aprovado.

Representantes dos dois órgãos disseram que não é possível afirmar que existam terras devolutas dentro da área da Aracruz, como fez o coordenador do MST.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre ocupações dos sem-terra

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