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02/05/2006
-
09h40
LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Folha de S.Paulo
TALITA FIGUEIREDO
da Folha de S.Paulo, no Rio
Como se fosse um reality show, a greve de fome de Garotinho está sendo acompanhada por fotógrafos e cinegrafistas através de uma porta de vidro.
A greve, iniciada às 17h15 de anteontem, é uma resposta às denúncias de que as empresas que doaram R$ 650 mil à pré-campanha são de fachada e que outras são ONGs contratadas sem licitação pela Fesp (Fundação Escola de Serviço Público) e beneficiadas com repasses do governo.
A governadora Rosinha Matheus determinou ontem que a Procuradoria Geral do Estado crie uma comissão para apurar as denúncias em relação à contratação e à execução de serviços da Fesp.
Garotinho se mantém numa sala de 15 metros quadrados na sede regional do partido, no centro do Rio. Dispõe de um pequeno banheiro com chuveiro e de um frigobar, onde há apenas água.
No espetáculo que se tornou a greve, o momento de maior dramaticidade foi quando Rosinha chegou acompanhada de seis dos nove filhos do casal, ao meio-dia.
Deitado com a luz apagada, Garotinho não se levantou para recebê-los. Em vez disso, todos se ajoelharam ao lado do sofá e rezaram. A filha Clara, 11, chorou muito. Depois, levantaram-se e abraçaram Garotinho. Ficaram na sala por cerca de 30 minutos.
Às 10h, Garotinho foi submetido a exame médico. Fez ecocardiograma, mediu a pressão, colheu sangue e se pesou. Constatou que já tinha perdido 700 gramas.
A entrada no escritório de pessoas com alimentos foi proibida. No entanto, o controle da entrada não era rígido. Na sala de seus assessores, com acesso à sala em que ele permanece, diversas pessoas entraram com sacolas e bolsas de todos os tamanhos.
O economista Carlos Lessa, responsável pelo programa econômico do PMDB, chegou às 11h15 e defendeu o protesto.
O presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Maurício Azedo, concordou com as críticas de Garotinho aos meios de comunicação e disse que o instrumento escolhido pelo pré-candidato para protestar "é muito doloroso".
As condições de Garotinho para abandonar a greve são o acompanhamento do processo de eleição por organismos internacionais --ontem ele afirmou ter enviado a solicitação à OEA (Organização do Estados Americanos)-- e que os veículos de comunicação, especialmente a revista "Veja" e o jornal "O Globo", cedam a ele o mesmo espaço das denúncias.
Por volta das 18h, ele leu um comunicado em que novamente criticou a imprensa e agradeceu às manifestações de apoio.
Ironia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou a greve de fome anunciada pelo ex-governador Anthony Garotinho (PMDB), que entrou em jejum exigindo supervisão internacional das eleições e direito de reposta às denúncias publicadas contra ele.
"Se entrasse em greve de fome cada vez que a imprensa falasse mal de mim, eu seria natimorto. As pessoas precisam aprender a conviver democraticamente", afirmou Lula ontem, em São Bernardo do Campo, onde participou da Missa do Trabalhador.
Lula disse que, às vezes, fica "chateado" e reclama de notícias divulgadas. "Mas entendo que, quanto mais livre a imprensa for, mais forte é a democracia."
O protesto de Garotinho foi criticado pelo presidente do seu partido, o deputado Michel Temer.
"Não me parece muito adequada essa greve de fome. Ele se coloca na posição de grevista dessa natureza para obter espaço na imprensa", disse em entrevista à CBN.
Já o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), culpou Lula pela greve de fome de Garotinho. Segundo Tasso, Lula "usa a máquina do poder para interferir no PMDB" por meio da "oferta de cargos, vantagens e benesses".
"Isso é antidemocrático, imoral e antiético. Entendo a reação do Garotinho, mas não a aprovo."
Questionado sobre a opinião de Tasso, o pré-candidato Geraldo Alckmin, respondeu: "É possível, é possível. Vejo que o governo age de forma autoritária".
Colaborou a Agência Folha, em Araripina
Especial
Leia o que já foi publicado sobre as eleições 2006
Garotinho transforma greve de fome em "reality show"
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da Folha de S.Paulo
TALITA FIGUEIREDO
da Folha de S.Paulo, no Rio
Como se fosse um reality show, a greve de fome de Garotinho está sendo acompanhada por fotógrafos e cinegrafistas através de uma porta de vidro.
A greve, iniciada às 17h15 de anteontem, é uma resposta às denúncias de que as empresas que doaram R$ 650 mil à pré-campanha são de fachada e que outras são ONGs contratadas sem licitação pela Fesp (Fundação Escola de Serviço Público) e beneficiadas com repasses do governo.
A governadora Rosinha Matheus determinou ontem que a Procuradoria Geral do Estado crie uma comissão para apurar as denúncias em relação à contratação e à execução de serviços da Fesp.
Garotinho se mantém numa sala de 15 metros quadrados na sede regional do partido, no centro do Rio. Dispõe de um pequeno banheiro com chuveiro e de um frigobar, onde há apenas água.
No espetáculo que se tornou a greve, o momento de maior dramaticidade foi quando Rosinha chegou acompanhada de seis dos nove filhos do casal, ao meio-dia.
Deitado com a luz apagada, Garotinho não se levantou para recebê-los. Em vez disso, todos se ajoelharam ao lado do sofá e rezaram. A filha Clara, 11, chorou muito. Depois, levantaram-se e abraçaram Garotinho. Ficaram na sala por cerca de 30 minutos.
Às 10h, Garotinho foi submetido a exame médico. Fez ecocardiograma, mediu a pressão, colheu sangue e se pesou. Constatou que já tinha perdido 700 gramas.
A entrada no escritório de pessoas com alimentos foi proibida. No entanto, o controle da entrada não era rígido. Na sala de seus assessores, com acesso à sala em que ele permanece, diversas pessoas entraram com sacolas e bolsas de todos os tamanhos.
O economista Carlos Lessa, responsável pelo programa econômico do PMDB, chegou às 11h15 e defendeu o protesto.
O presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Maurício Azedo, concordou com as críticas de Garotinho aos meios de comunicação e disse que o instrumento escolhido pelo pré-candidato para protestar "é muito doloroso".
As condições de Garotinho para abandonar a greve são o acompanhamento do processo de eleição por organismos internacionais --ontem ele afirmou ter enviado a solicitação à OEA (Organização do Estados Americanos)-- e que os veículos de comunicação, especialmente a revista "Veja" e o jornal "O Globo", cedam a ele o mesmo espaço das denúncias.
Por volta das 18h, ele leu um comunicado em que novamente criticou a imprensa e agradeceu às manifestações de apoio.
Ironia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou a greve de fome anunciada pelo ex-governador Anthony Garotinho (PMDB), que entrou em jejum exigindo supervisão internacional das eleições e direito de reposta às denúncias publicadas contra ele.
"Se entrasse em greve de fome cada vez que a imprensa falasse mal de mim, eu seria natimorto. As pessoas precisam aprender a conviver democraticamente", afirmou Lula ontem, em São Bernardo do Campo, onde participou da Missa do Trabalhador.
Lula disse que, às vezes, fica "chateado" e reclama de notícias divulgadas. "Mas entendo que, quanto mais livre a imprensa for, mais forte é a democracia."
O protesto de Garotinho foi criticado pelo presidente do seu partido, o deputado Michel Temer.
"Não me parece muito adequada essa greve de fome. Ele se coloca na posição de grevista dessa natureza para obter espaço na imprensa", disse em entrevista à CBN.
Já o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), culpou Lula pela greve de fome de Garotinho. Segundo Tasso, Lula "usa a máquina do poder para interferir no PMDB" por meio da "oferta de cargos, vantagens e benesses".
"Isso é antidemocrático, imoral e antiético. Entendo a reação do Garotinho, mas não a aprovo."
Questionado sobre a opinião de Tasso, o pré-candidato Geraldo Alckmin, respondeu: "É possível, é possível. Vejo que o governo age de forma autoritária".
Colaborou a Agência Folha, em Araripina
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