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06/05/2006
-
09h40
SERGIO TORRES
da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
Pela primeira vez desde que, no ano passado, lançou-se em campanha pela indicação à Presidência da República pelo PMDB, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho admitiu em público considerar ter pouca chance de disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A declaração foi feita por Garotinho, em greve de fome desde domingo na sede do PMDB do Rio, durante entrevista concedida ontem, pela manhã, à rádio carioca Tupi AM. "Não tenho mais ilusão, não. Minha candidatura, agora, só [por] um milagre. Não tenho mais ilusão, não."
À tarde, em entrevista coletiva, Garotinho voltou a abordar a questão. "Tenho fé, mas só um milagre pode salvar nossa candidatura. Creio em milagres, por isso vou até o fim", disse.
O pré-candidato afirma ter parado de comer em protesto contra o que chama de perseguição política orquestrada por inimigos na política e na imprensa.
Ontem, Garotinho voltou a indicar quem considera inimigo: as Organizações Globo, a revista "Veja", os bancos, o presidente Lula e até "gente de dentro do PMDB". Entre os peemedebistas, citou o senador e ex-presidente José Sarney (AP), o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o senador Ney Suassuna (PB).
"Eles não querem me deixar ser candidato. Eu não estou pedindo para votar em mim, não. Me deixa só ser candidato", implorou.
Garotinho afirmou que a suposta campanha foi deflagrada agora por causa das pesquisas eleitorais.
"Eles calcularam: "bom, Garotinho está muito forte na pesquisa, cresceu na pesquisa, vamos agora antecipar a convenção e bombardear ele. Vamos encher ele de denúncia. Depois não prova nada, mas não tem problema, já passou a convenção, ele não é mais candidato, não vai atrapalhar a gente."
Ainda na entrevista, o pré-candidato disse que os inimigos conseguiram derrubá-lo.
"Só um milagre [para disputar a eleição à Presidência] porque eles atingiram o objetivo deles, me pegaram na hora em que eu estava subindo na pesquisa, encheram de denúncia, atacaram, para depois não provar nada."
Greve de fome
Com voz fraca, mas em tom dramático, Garotinho voltou a dizer que não desistirá da greve de fome, embora sua equipe estivesse preparada para levá-lo ao hospital Quinta D'Or (zona norte do Rio) ontem à noite, após o "Jornal Nacional".
"Vou continuar, vou até o fim, quero que a minha honra seja restabelecida. A minha honra vale mais do que qualquer coisa. Cada um sabe o valor da sua honra. Se eles não têm honra para defender, eu tenho a minha. O que vale mais para um homem, a honra ou a vida? Eles estão me matando vivo."
A respeito do presidente Lula, o pré-candidato disse que ele "traiu o povo brasileiro".
"O Lula não quer minha candidatura porque ele sabe que se eu for candidato ele não ganha. Aí anteciparam a convenção e, antecipando a convenção, eles vão dizer: "olha aqui, o senhor caiu na pesquisa, o senhor não pode ser candidato". Isso tudo foi montado. Isso é o dedo de Lula. Lula é um homem mau."
Na entrevista, Garotinho destacou aqueles que disse amar.
"Eu amo a minha esposa [a governadora Rosinha Matheus], amo meus eleitores, amo meus filhos. Eles querem que eu tenha uma honra limpa. Eles não querem ter vergonha do pai, eles querem ter o pai de cabeça erguida. Sempre fui um pai zeloso, dedicado. Eu me fiz político, mas antes de tudo sempre fui um pai e radialista. Estou lutando pelo direito de ser contra os poderosos, de enfrentar esse sistema perverso."
O médico de Garotinho Abdu Neme disse à tarde que o cliente já perdeu 3,9 kg desde o início da greve de fome. Estava com queda de pressão e arritmia cardíaca.
"Se ele continuar assim vamos consultar a família, porque teremos que interná-lo o mais rapidamente possível", anunciou.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Anthony Garotinho
Leia o que já foi publicado sobre as eleições 2006
Para Garotinho, só milagre pode salvar a sua candidatura
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da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
Pela primeira vez desde que, no ano passado, lançou-se em campanha pela indicação à Presidência da República pelo PMDB, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho admitiu em público considerar ter pouca chance de disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A declaração foi feita por Garotinho, em greve de fome desde domingo na sede do PMDB do Rio, durante entrevista concedida ontem, pela manhã, à rádio carioca Tupi AM. "Não tenho mais ilusão, não. Minha candidatura, agora, só [por] um milagre. Não tenho mais ilusão, não."
À tarde, em entrevista coletiva, Garotinho voltou a abordar a questão. "Tenho fé, mas só um milagre pode salvar nossa candidatura. Creio em milagres, por isso vou até o fim", disse.
O pré-candidato afirma ter parado de comer em protesto contra o que chama de perseguição política orquestrada por inimigos na política e na imprensa.
Ontem, Garotinho voltou a indicar quem considera inimigo: as Organizações Globo, a revista "Veja", os bancos, o presidente Lula e até "gente de dentro do PMDB". Entre os peemedebistas, citou o senador e ex-presidente José Sarney (AP), o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o senador Ney Suassuna (PB).
"Eles não querem me deixar ser candidato. Eu não estou pedindo para votar em mim, não. Me deixa só ser candidato", implorou.
Garotinho afirmou que a suposta campanha foi deflagrada agora por causa das pesquisas eleitorais.
"Eles calcularam: "bom, Garotinho está muito forte na pesquisa, cresceu na pesquisa, vamos agora antecipar a convenção e bombardear ele. Vamos encher ele de denúncia. Depois não prova nada, mas não tem problema, já passou a convenção, ele não é mais candidato, não vai atrapalhar a gente."
Ainda na entrevista, o pré-candidato disse que os inimigos conseguiram derrubá-lo.
"Só um milagre [para disputar a eleição à Presidência] porque eles atingiram o objetivo deles, me pegaram na hora em que eu estava subindo na pesquisa, encheram de denúncia, atacaram, para depois não provar nada."
Greve de fome
Com voz fraca, mas em tom dramático, Garotinho voltou a dizer que não desistirá da greve de fome, embora sua equipe estivesse preparada para levá-lo ao hospital Quinta D'Or (zona norte do Rio) ontem à noite, após o "Jornal Nacional".
"Vou continuar, vou até o fim, quero que a minha honra seja restabelecida. A minha honra vale mais do que qualquer coisa. Cada um sabe o valor da sua honra. Se eles não têm honra para defender, eu tenho a minha. O que vale mais para um homem, a honra ou a vida? Eles estão me matando vivo."
A respeito do presidente Lula, o pré-candidato disse que ele "traiu o povo brasileiro".
"O Lula não quer minha candidatura porque ele sabe que se eu for candidato ele não ganha. Aí anteciparam a convenção e, antecipando a convenção, eles vão dizer: "olha aqui, o senhor caiu na pesquisa, o senhor não pode ser candidato". Isso tudo foi montado. Isso é o dedo de Lula. Lula é um homem mau."
Na entrevista, Garotinho destacou aqueles que disse amar.
"Eu amo a minha esposa [a governadora Rosinha Matheus], amo meus eleitores, amo meus filhos. Eles querem que eu tenha uma honra limpa. Eles não querem ter vergonha do pai, eles querem ter o pai de cabeça erguida. Sempre fui um pai zeloso, dedicado. Eu me fiz político, mas antes de tudo sempre fui um pai e radialista. Estou lutando pelo direito de ser contra os poderosos, de enfrentar esse sistema perverso."
O médico de Garotinho Abdu Neme disse à tarde que o cliente já perdeu 3,9 kg desde o início da greve de fome. Estava com queda de pressão e arritmia cardíaca.
"Se ele continuar assim vamos consultar a família, porque teremos que interná-lo o mais rapidamente possível", anunciou.
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