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07/05/2006
-
10h33
da Folha de S.Paulo
Os jornais venezuelanos se recuperam lentamente de uma séria crise de credibilidade. Em 1998, com a eleição de Hugo Chávez, a mídia se converteu em ator político, ocupando o vazio deixado pela desestruturação dos partidos.
O diagnóstico é de Boris Muñoz, ex-chefe de redação da revista "Nueva", ex-correspondente em Nova York do "El Nacional", de Caracas, e atualmente professor da Universidade Central da Venezuela. Muñoz fará uma palestra sobre a dificuldade de fazer jornalismo numa guerra midiática no Fórum Folha de Jornalismo, que acontece nos dias 10 e 11.
Os primeiros ataques verbais na guerra midiática partiram de Chávez, diz Muñoz. Ele quis atingir os grupos econômicos aos quais os grandes jornais estavam ligados. Estes, por sua vez, se partidarizaram ao extremo e passaram a atacar o governo como se fossem um simples apêndice da oposição.
O confronto atingiu o clímax entre 2002, ano da frustrada tentativa de golpe contra Chávez, e o plebiscito de 2004, que o manteve no poder. Chávez não abandonou a forma agressiva pela qual se refere a alguns jornais e jornalistas. Seu estilo, que privilegia o confronto, é uma das fontes de sua elevada popularidade.
Os jornais sofreram prejuízos em sua imagem e na circulação, o que reflete uma crise de credibilidade, avalia Muñoz. Tentam agora atuar com um perfil mais profissional, menos engajado, mas nem sempre o conseguem.
"El Nacional" e "El Universal" fizeram oposição ao presidente. Outro grande jornal venezuelano, o "Últimas Notícias"", manteve-se eqüidistante, mas em posição sutilmente favorável ao presidente.
Muñoz diz que "El Nacional", lido basicamente pela classe média, perdeu muitos leitores, que migraram para o "Últimas Notícias". "El Universal", voltado para a classe média alta, também teve queda de circulação, mas menor. Para tentar superar a crise e recuperar seus leitores, "El Nacional" optou pela despolitização e privilegia reportagens e textos de primeira página em que a política está bem pouco presente: "É um erro, porque uma coisa é se despartidarizar, e outra, se despolitizar".
Num balanço provisório da guerra, Muñoz crê que os dois lados cometeram erros numerosos e graves. Os jornais, por terem abandonado seu papel de informar a sociedade; Chávez, por eleger a mídia como alvo de ataques.
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Mídia venezuelana tenta superar crise de credibilidade pós-Chávez
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Os jornais venezuelanos se recuperam lentamente de uma séria crise de credibilidade. Em 1998, com a eleição de Hugo Chávez, a mídia se converteu em ator político, ocupando o vazio deixado pela desestruturação dos partidos.
O diagnóstico é de Boris Muñoz, ex-chefe de redação da revista "Nueva", ex-correspondente em Nova York do "El Nacional", de Caracas, e atualmente professor da Universidade Central da Venezuela. Muñoz fará uma palestra sobre a dificuldade de fazer jornalismo numa guerra midiática no Fórum Folha de Jornalismo, que acontece nos dias 10 e 11.
Os primeiros ataques verbais na guerra midiática partiram de Chávez, diz Muñoz. Ele quis atingir os grupos econômicos aos quais os grandes jornais estavam ligados. Estes, por sua vez, se partidarizaram ao extremo e passaram a atacar o governo como se fossem um simples apêndice da oposição.
O confronto atingiu o clímax entre 2002, ano da frustrada tentativa de golpe contra Chávez, e o plebiscito de 2004, que o manteve no poder. Chávez não abandonou a forma agressiva pela qual se refere a alguns jornais e jornalistas. Seu estilo, que privilegia o confronto, é uma das fontes de sua elevada popularidade.
Os jornais sofreram prejuízos em sua imagem e na circulação, o que reflete uma crise de credibilidade, avalia Muñoz. Tentam agora atuar com um perfil mais profissional, menos engajado, mas nem sempre o conseguem.
"El Nacional" e "El Universal" fizeram oposição ao presidente. Outro grande jornal venezuelano, o "Últimas Notícias"", manteve-se eqüidistante, mas em posição sutilmente favorável ao presidente.
Muñoz diz que "El Nacional", lido basicamente pela classe média, perdeu muitos leitores, que migraram para o "Últimas Notícias". "El Universal", voltado para a classe média alta, também teve queda de circulação, mas menor. Para tentar superar a crise e recuperar seus leitores, "El Nacional" optou pela despolitização e privilegia reportagens e textos de primeira página em que a política está bem pouco presente: "É um erro, porque uma coisa é se despartidarizar, e outra, se despolitizar".
Num balanço provisório da guerra, Muñoz crê que os dois lados cometeram erros numerosos e graves. Os jornais, por terem abandonado seu papel de informar a sociedade; Chávez, por eleger a mídia como alvo de ataques.
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