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11/05/2006 - 09h46

Servidora presa em Operação Sanguessuga denuncia 81 parlamentares

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ANDRÉA MICHAEL
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Em depoimento ao Ministério Público e à Polícia Federal, em Cuiabá, a servidora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino apontou o nome de 81 dos cerca de 170 parlamentares que teriam, direta ou indiretamente, alguma relação com o esquema de desvio de recursos públicos destinados à compra de ambulâncias.

O único senador mencionado é Ney Suassuna (PMDB-PB). Ela afirma que o parlamentar recebeu "propina" do esquema, que estaria instalado no Congresso há pelo menos seis anos e teria girado mais de R$ 100 milhões em recursos públicos. Suassuna nega e diz que tomou providências em relação aos assessores envolvidos.

Maria da Penha, uma das 48 pessoas presas pela PF na Operação Sanguessuga, foi ouvida na noite de anteontem pelos procuradores Mário Lúcio Avelar e Paulo Gomes e pelo delegado federal Tardelli Boaventura.

Em seu depoimento, diante da lista de parlamentares do Congresso, ela grifou o nome de 80 deputados.

Depois, ela afirmou que o número total de políticos envolvidos chegaria a um terço da Câmara, cerca de 170 parlamentares. Disse não se lembrar do nome dos outros, mas que teria, em uma agenda e um CD-Rom, arquivos, reproduzidos da base de dados da Planam, capazes de identificá-los.

A agenda já teria sido apreendida pela PF. O CD seria encaminhado por seus advogados aos investigadores ainda ontem.

Dos nomes de 80 deputados e um senador apontados pela servidora anteontem, 42 são novos. Eles não constavam da lista elaborada pela Polícia Federal na semana passada, por ordem da Justiça, e encaminhada também à Corregedoria da Câmara e à Procuradoria Geral da República. É o caso do deputado José Thomaz Nonô (PFL-AL), 1º vice-presidente da Casa.

Outra análise revela que 27 nomes da lista elaborada pela PF não foram apontados por Maria da Penha. Alguns exemplos são os deputados Eduardo Paes (PSDB-RJ), Rodrigo Maia (PFL-RJ) e Denise Frossard (PPS-RJ).

Maria da Penha disse que seu papel era agilizar no Ministério da Saúde a tramitação dos processos burocráticos necessários à liberação das verbas. Desde agosto de 2005, Maria da Penha está lotada como assessora no gabinete do ministro Saraiva Felipe.

Ao detalhar a suposta participação de Suassuna no esquema, Maria da Penha afirmou que, em dezembro de 2005, a liberação de uma verba do ministério, a pedido do parlamentar, passou de R$ 1,6 milhão para R$ 3,5 milhões. Mesmo antes de ela tomar conhecimento da alteração do valor, o empresário Darci Vedoin teria ligado para o órgão em busca de informações sobre a liberação.

Vedoin é o dono da empresa Planam, pivô do esquema e na qual Maria da Penha trabalhou entre setembro de 2003 e março de 2005.

Ainda conforme o depoimento, a servidora afirmou que Suassuna, questionado sobre a mudança do valor, disse ter assinado sem ler o documento que sustentava a liberação da verba.

Sobre a suposta participação da deputada Elaine Costa (PTB-RJ) no caso sob investigação, a depoente disse que a parlamentar "está envolvida até o pescoço". O contato para os negócios seria um assessor chamado "Marquinho".

Hoje deve ser ouvida em Cuiabá Nívea Martins de Oliveira, assessora de Elaine Costa. Da mesma forma que Maria da Penha, ela negocia com o Ministério Público o benefício da delação premiada, pelo qual elas podem conseguir redução ou até isenção de pena.

Maria da Penha também disse aos procuradores e ao delegado que o deputado Reginaldo Germano, a quem chamou de "grosso como uma anta", teria dito a seguinte frase a uma assessora de seu gabinete: "Cadê o ladrão do Darci [Vedoin, da Planam], que não pagou o meu dinheiro".

Entre outros parlamentares cuja suposta participação no esquema dos sanguessugas é detalhada por Maria da Penha estão Gilberto Nascimento (PMDB-SP) e Jefferson Campos (PTB-SP).

Segundo ela, em 2004, o esquema teria liberado R$ 1,96 milhão em benefício de Nascimento e R$ 1,3 milhão para Campos. O destino do dinheiro foi a organização Movimento Alfa de Ação Comunitária de São Paulo, que teria sido usada para burlar "a Lei Eleitoral".

Especial
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