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19/05/2006 - 10h25

Críticas de Lembo agravam crise entre Alckmin e o PFL

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CATIA SEABRA
da Folha de S.Paulo

A candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência ardeu em fogo amigo ontem. Além de o PFL ter contrariado Alckmin na escolha do senador José Jorge para vice de sua chapa, o governador de São Paulo, Cláudio Lembo, traduziu, em entrevista à Folha, a turbulência no relacionamento do PSDB com seu aliado.

Incomodado com declarações de Alckmin sobre a crise de segurança no Estado, Lembo co-responsabilizou o antecessor ao afirmar que herdara a estrutura de segurança. Ele também foi irônico quando contou ter recebido dois telefonemas do tucano, porque "pulsos são tão caros".

"Essa conversa é pequena demais para o tamanho do fato. Agora, precisamos de união para enfrentar a crise. E quem fizer apropriação política disso vai se dar mal", reagiu o coordenador-geral da campanha de Alckmin, senador Sérgio Guerra (PE).

Guerra negou que Alckmin tenha defendido o uso de força federal no Estado, uma das causas da irritação de Lembo. Segundo ele, o candidato afirmou que, "em princípio", não descartaria o apoio. Alckmin, por sua vez, afirmou ter conversado com Lembo todos os dias. Mas alegou que não pretendia interferir em seu trabalho. A situação, porém, pode se agravar caso Lembo demita, como se cogita, o secretário de Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, herdado do PSDB.

Alto custo

Embora se esforçassem para minimizar a idéia de crise, tucanos se queixavam do alto custo imposto pelo PFL para a aliança, com exigências nos Estados. Em conversas informais, um deles declarava ódio à "pefelândia".

Enquanto, ao menos publicamente, os tucanos tentavam apagar o incêndio, os pefelistas manifestavam apoio ao governador.

Segundo o prefeito do Rio, Cesar Maia, Lembo contrariou a tradição de desaparecer em crises e "inovou, foi de peito aberto ao contato público": "Ele se mostrou um sucessor muito mais de Covas que de Alckmin", ironizou o prefeito. Líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), disse que o partido lembra a máxima do governo Fernando Henrique Cardoso, que "não recolhia os corpos de aliados abatidos no caminho".

Segundo pefelistas, Lembo se expôs ao rejeitar a ajuda federal, o que acabou preservando Alckmin da imagem de ineficiência no combate à criminalidade. O próprio Alckmin teria descartado a necessidade de envio de tropas. Mas, após se reunir com o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) --um crítico de Lembo--, Alckmin disse que não descartaria o apoio. Lembo estrilou: "Foi um desabafo", disse o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

A eleição de José Jorge em detrimento do líder do PFL no Senado e preferido de Alckmin, José Agripino Maia (RN), também produziu desconforto. Questionado por um tucano sobre a escolha do pior vice, um pefelista respondeu que o PSDB também optara pelo pior candidato à Presidência.

A entrevista de Lembo também respingou na candidatura do tucano José Serra ao governo do Estado. O governador disse à Folha que não recebeu um único telefonema do ex-prefeito desde a explosão da crise. Serra passa uma semana ao lado do filho na Itália.

Segundo Kassab e o secretário de governo de São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira, Serra telefonou diariamente para dar sugestões para o enfrentamento da crise. "Serra é solidário à atitude do governador. Mas o que adiantaria telefonar a Lembo? Quem quer tirar casquinha da situação é o [Aloizio] Mercadante", disse Nunes Ferreira, chamando de factóide a oferta de ajuda federal.

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