31/05/2006 - 15h02

Janene cancela depoimento; Conselho marca votação de processo para terça

ANDREZA MATAIS
da Folha Online, em Brasília

O deputado José Janene (PP-PR) encaminhou um ofício ao presidente do Conselho de Ética da Câmara, Ricardo Izar (PTB-SP), informando que não irá comparecer ao depoimento desta quarta-feira por problemas de saúde.

No comunicado, assinado pelos advogados Eduardo Ferrão e Marcelo Leal, Janene explica que foi submetido a um exame pelo Departamento Médico da Câmara, que avaliou que sua saúde continua debilitada, o que o incapacita de prestar depoimento.

"Visando preservar seu estado de saúde e diante da ausência de garantia quanto aos riscos envolvidos em caso de seu comparecimento, informa que não participará do ato designado", diz o ofício.

O deputado diz ainda que está disposto a prestar depoimento ao Conselho "tão logo tenha condições para fazê-lo".

Segundo Izar, Janene teve uma arritmia grave enquanto realizava os exames e os médicos da Câmara disseram que ele poderia depor, mas que haveria riscos. "Ele realmente está doente, mas por que ele se comprometeu a vir? Pode ter sido uma maneira de convencer as pessoas de que está doente."

O presidente do Conselho disse que o processo contra Janene já está pronto, tem os depoimentos prestados pelo deputado à Polícia Federal e à Corregedoria da Câmara, e marcou a leitura e votação do relatório do deputado Jairo Carneiro (PFL-BA) para terça-feira. "Não vamos esperar mais."

Segundo Izar, a votação só não ocorrerá hoje porque está marcado para amanhã os depoimentos de duas testemunhas do caso. No entanto, o presidente do Conselho já antecipou que as testemunhas, dois deputados, informaram que não irão comparecer.

José Linhares (PP-CE) argumentou que se Janene não depôs não teria motivo para ele prestar depoimento. Já Agnaldo Muniz (PP-RO) usou como justificava a morte de um parente para não depor.

Valerioduto

Janene aparece como beneficiário de R$ 4,1 milhões sacados pelo seu assessor, João Cláudio Genu, das contas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza.

Em sua defesa, o deputado afirma que o partido passava por problemas financeiros e que, com parte do dinheiro, o PP pagou um advogado que defenderia um integrante da bancada.

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