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08/06/2006
-
09h25
LETÍCIA SANDER
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Algemado no corredor da 2ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal, Bruno Maranhão, o principal líder do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), procurou ontem se descolar da confusão protagonizada na véspera pelo movimento no Congresso Nacional.
Em entrevista à Folha, pela manhã, Maranhão alegou "não ser um preso comum, mas um preso político". Também disse não ter participado de nenhum ato de depredação e admitiu que seus companheiros agiram como "hooligans" [torcedores ingleses de futebol conhecidos pelo seu comportamento violento e atos de vandalismo].
Ele afirmou, no entanto, que culpar o MLST pela confusão é "elitismo da direita brasileira".
Natural de Pernambuco, Bruno Costa de Albuquerque Maranhão é filho de usineiros, mas militou nas Ligas Camponesas ao lado de Francisco Julião.
Formado em engenharia mecânica pela Universidade Federal de Pernambuco, foi um dos fundadores, em 1968, do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), tendo participado de assaltos a bancos durante a ditadura militar.
Depois da decretação do AI-5, Maranhão passou a viver na clandestinidade. Exilou-se no Chile e na França. Em 1980, ajudou a fundar o PT. Dirigiu o partido em Pernambuco de 1983 a 1985. Já disputou uma vaga ao Senado, em 1982, e à Prefeitura de Recife, em 1985.
Em 1997, ele foi um dos criadores do MLST, que comparou ao Movimento Zapatista, do México: "Somos os zapatistas brasileiros".
FOLHA - Como o senhor passou a noite?
BRUNO MARANHÃO - Prestando depoimento. Está havendo um processo sumário para mim. Estou algemado aqui, passei a noite sentado, estou com problema de coluna. É bom que se saiba, quero condições dignas. Se eu for preso, sou preso político. Não sou preso comum. E estou ilegalmente, ilegitimamente preso. Eu não participei de nenhum ato de depredação. Podem passar todas as filmagens, não vão me encontrar num ato de vandalismo.
FOLHA - A situação escapou do seu controle?
MARANHÃO - Eu não controlo nada.
FOLHA - Mas o senhor era o líder.
MARANHÃO - Eu tinha um planejamento de entrar lá por várias entradas, pacificamente. Mas mudou de rumo a manifestação. Era para ser pacífica, mas se transformou em um grande choque, com grandes prejuízos físicos, materiais. Agora, não pode chegar e dizer que o MLST, porque somos sem-terra, somos culpados. Isso é elitismo da direita brasileira. Ocorreu um processo, que eu chamo de incidente, na entrada. Vi na TV um processo de embate que era batalha campal, no estacionamento. Não se esperava isso. Em vez de [os integrantes do MLST] serem recebidos registrando cartãozinho, foram recebidos com pancadaria. Aí o pau comeu também. Aí perderam o controle e viraram uma espécie de hooligans, e saíram quebrando tudo. Tem filmagem, eu vi que eles fizeram isso. O que eu quero é saber por quê. Não tinha por que quebrar vidraça, nada disso.
FOLHA - Quem custeou as despesas da vinda de vocês?
MARANHÃO - Um assentamento é assim mesmo. Lá a gente discute, você busca contribuições, junta mantimentos. Mas eu quero uma CPI sobre esse negócio do Congresso. Eu quero enfrentar isso na política. O que estão fazendo aí, querem me matar politicamente, mas não me matam politicamente não. Eu sei o que eu fiz.
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
Algemado no corredor da 2ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal, Bruno Maranhão, o principal líder do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), procurou ontem se descolar da confusão protagonizada na véspera pelo movimento no Congresso Nacional.
Em entrevista à Folha, pela manhã, Maranhão alegou "não ser um preso comum, mas um preso político". Também disse não ter participado de nenhum ato de depredação e admitiu que seus companheiros agiram como "hooligans" [torcedores ingleses de futebol conhecidos pelo seu comportamento violento e atos de vandalismo].
Ele afirmou, no entanto, que culpar o MLST pela confusão é "elitismo da direita brasileira".
Natural de Pernambuco, Bruno Costa de Albuquerque Maranhão é filho de usineiros, mas militou nas Ligas Camponesas ao lado de Francisco Julião.
Formado em engenharia mecânica pela Universidade Federal de Pernambuco, foi um dos fundadores, em 1968, do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), tendo participado de assaltos a bancos durante a ditadura militar.
Depois da decretação do AI-5, Maranhão passou a viver na clandestinidade. Exilou-se no Chile e na França. Em 1980, ajudou a fundar o PT. Dirigiu o partido em Pernambuco de 1983 a 1985. Já disputou uma vaga ao Senado, em 1982, e à Prefeitura de Recife, em 1985.
Em 1997, ele foi um dos criadores do MLST, que comparou ao Movimento Zapatista, do México: "Somos os zapatistas brasileiros".
FOLHA - Como o senhor passou a noite?
BRUNO MARANHÃO - Prestando depoimento. Está havendo um processo sumário para mim. Estou algemado aqui, passei a noite sentado, estou com problema de coluna. É bom que se saiba, quero condições dignas. Se eu for preso, sou preso político. Não sou preso comum. E estou ilegalmente, ilegitimamente preso. Eu não participei de nenhum ato de depredação. Podem passar todas as filmagens, não vão me encontrar num ato de vandalismo.
FOLHA - A situação escapou do seu controle?
MARANHÃO - Eu não controlo nada.
FOLHA - Mas o senhor era o líder.
MARANHÃO - Eu tinha um planejamento de entrar lá por várias entradas, pacificamente. Mas mudou de rumo a manifestação. Era para ser pacífica, mas se transformou em um grande choque, com grandes prejuízos físicos, materiais. Agora, não pode chegar e dizer que o MLST, porque somos sem-terra, somos culpados. Isso é elitismo da direita brasileira. Ocorreu um processo, que eu chamo de incidente, na entrada. Vi na TV um processo de embate que era batalha campal, no estacionamento. Não se esperava isso. Em vez de [os integrantes do MLST] serem recebidos registrando cartãozinho, foram recebidos com pancadaria. Aí o pau comeu também. Aí perderam o controle e viraram uma espécie de hooligans, e saíram quebrando tudo. Tem filmagem, eu vi que eles fizeram isso. O que eu quero é saber por quê. Não tinha por que quebrar vidraça, nada disso.
FOLHA - Quem custeou as despesas da vinda de vocês?
MARANHÃO - Um assentamento é assim mesmo. Lá a gente discute, você busca contribuições, junta mantimentos. Mas eu quero uma CPI sobre esse negócio do Congresso. Eu quero enfrentar isso na política. O que estão fazendo aí, querem me matar politicamente, mas não me matam politicamente não. Eu sei o que eu fiz.
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