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08/06/2006 - 10h02

PT pune de forma mais dura líder dos sem terra do que "mensaleiros"

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FÁBIO ZANINI
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Preocupado com os efeitos eleitorais da invasão da Câmara, o PT começou ontem mesmo a punir seu dirigente Bruno Maranhão, dando a ele tratamento mais duro do que foi reservado aos protagonistas do escândalo do mensalão.

Maranhão, 66, que acumulava cargo na cúpula petista com o de coordenador do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), foi sumariamente afastado da Executiva e perdeu o posto de secretário nacional de Movimentos Populares.

Também será investigado pela Comissão de Ética do PT, o que nem o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) nem os deputados que confessaram saque no "valerioduto" tiveram.

Segundo um membro da coordenação de campanha petista, que pediu reserva de seu nome, a invasão na Câmara tem potencial de desgaste para o partido maior até do que o escândalo do mensalão. O medo é o ressurgimento de um velho fantasma: a suposta relação do PT com a "baderna".

Esse cálculo permeou as conversas do presidente do PT, Ricardo Berzoini, que resultaram no afastamento de Maranhão.

O único petista envolvido no mensalão a ser submetido a um processo disciplinar pelo partido foi o ex-tesoureiro Delúbio Soares, que acabou expulso. Mesmo assim, ele só foi afastado um mês após o surgimento das denúncias. Já o afastamento de Maranhão foi oficializado em uma curta nota divulgada pelo PT quase 24 horas após a invasão da Câmara.

"Sem controle"

Ontem, alguns petistas mais exaltados já pediam sua expulsão, caso do deputado Antônio Carlos Biscaia (RJ). Mas uma punição mais branda, como suspensão, é mais provável.

Maranhão deverá ter alguns atenuantes. Por uma questão de isonomia, ficaria difícil expulsá-lo quando nenhum mensaleiro foi sequer investigado pelo PT. A biografia de militante histórico da reforma agrária e guerrilheiro contra o regime militar também deve contar.

Se, como se espera, o dirigente pedir desculpas à Executiva ou disser que perdeu o domínio sobre os sem-terra, estará sacramentado o caminho para que fique no partido.

"Eu tenho a impressão de que ele [Maranhão] perdeu o controle sobre os eventos, em vez de ter dado a ordem", disse Humberto Costa, candidato do PT ao governo de Pernambuco.

Mesmo o tesoureiro petista, Paulo Ferreira, que anteontem havia sugerido a ida de Maranhão para o PSOL, moderou. "Tem que haver punição, mas após processo de investigação."

Desde a manhã, Berzoini manteve contato telefônico com os colegas da Executiva para tentar uma posição de consenso. Conseguiu. A nota, redigida pelo secretário de Relações Internacionais, Valter Pomar, foi aceita sem ressalvas.

"O envio do Maranhão para a comissão de ética não teve polêmica", disse Joaquim Soriano, subsecretário-geral do PT. "No caso do chamado mensalão, isso deveria ter ocorrido com todos os envolvidos, mas infelizmente a maioria interna decidiu agir de outra forma."

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