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10/07/2006 - 09h15

PT e PSDB dividem apoio de mensaleiros em 23 Estados

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FERNANDO RODRIGUES
SILVIO NAVARRO
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Numa campanha presidencial em que um dos eixos principais será quem é mais ou menos ligado a casos de corrupção, o PT e o PSDB fizeram coligações com partidos chamados de "mensaleiros" --PP, PL e PTB-- em 23 Estados e no Distrito Federal. Quando se inclui PFL na conta, apenas o Rio de Janeiro fica de fora.

PP, PL e PTB são chamados de mensaleiros por terem parlamentares envolvidos no esquema de remuneração financeira ilegal em troca de apoio ao governo, conforme denunciou a Procuradoria Geral da República. O próprio PT também se enquadra nessa categoria, e o PSDB foi envolvido indiretamente no escândalo --o senador Eduardo Azeredo, que presidiu o partido, foi acusado de receber recursos do publicitário Marcos Valério em 1998, quando concorreu à reeleição.

O número de apoios que parte das siglas mensaleiras dá a coligações petistas e tucanas é idêntico: 15 a cada. Em alguns locais, a trinca se divide entre o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o do tucano Geraldo Alckmin.

Em seis Estados, tanto PT quanto PSDB recebem apoios de mensaleiros: Amapá, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Sergipe. Os tucanos conseguiram apoio da trinca mensaleira completa em Goiás, Minas Gerais, Roraima e Tocantins. O PT não atraiu o grupo completo em nenhuma unidade da Federação.

Partido que mais critica o escândalo do mensalão na TV, o PFL tem atitude bem mais leniente quando o assunto são alianças locais. Há coligações de pefelistas com siglas mensaleiras em 15 Estados e no Distrito Federal. Em três localidades, a trinca completa se uniu com o PFL.

A configuração completa das coligações nos Estados só será conhecida em alguns dias --há casos contestados na Justiça. As próprias direções nacionais dos partidos ainda não tinham noção exata de quais seriam seus aliados pelo interior do país. O levantamento foi realizado pela Folha na sexta-feira.

Com a queda da regra da verticalização para alianças partidárias entre siglas sem candidato a presidente, não há combinação política igual em dois Estados. As coligações são as mais variadas, pois o Brasil tem 29 partidos e 27 unidades federativas --e quase tudo ficou permitido, pois só há sete candidatos a presidente já confirmados.

Força das alianças

Quando se observa só a qualidade do potencial eleitoral das alianças locais e como elas podem, em tese, ajudar os candidatos a presidente, o PSDB e Alckmin levam alguma vantagem em relação a Lula e ao PT.

O PSDB e o PFL, juntos na chapa presidencial, também aparecem coligados em 14 Estados para as disputas locais. Tucanos e pefelistas tiveram 27,7% dos votos para deputado federal no país em 2002.

Já o PT e seu parceiro preferencial, o PC do B, conseguiram união completa nos 26 Estados e no Distrito Federal. Juntos, petistas e comunistas registraram 20,6% dos votos para a Câmara em 2002. Outra forma de medir a competitividade eleitoral de Lula e de Alckmin é verificar em quantos Estados seus partidos recebem apoio formal do PMDB. Nessa conta, petistas se saem um pouco melhor do que os tucanos.

O PSDB está junto com os peemedebistas em oito disputas estaduais: Alagoas, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Rondônia e Santa Catarina --eleitorado equivalente a 20,3% do país. O PT coligou-se a peemedebistas na Bahia, no Ceará, em Minas Gerais, na Paraíba e em Sergipe-- 25,4% dos eleitores brasileiros.

Seria incorreto, entretanto, considerar só alianças formais para avaliar o potencial eleitoral de cada partido. O acerto formal rende aos associados a soma dos seus tempos de TV na propaganda garantida por lei --dois terços dos minutos destinados a esse fim são calculados com base no tamanho das bancadas de deputados federais de cada agremiação.

Mas há muitas coligações informais pelos Estados. O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, concorre ao governo do Rio e admite apoio informal dos pedetistas a tucanos no Maranhão, Minas Gerais, Pará e Paraíba. A sigla tem Cristovam Buarque candidato à Presidência. "É necessário respeitar os acordos regionais", diz.

O coordenador da campanha tucana à Presidência, senador Sérgio Guerra (PE), se esquiva quando o assunto é aliança com siglas envolvidas no mensalão. "Alguns partidos do mensalão podem até nos apoiar em certas áreas, mas os mensaleiros nunca nos apoiariam."

O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), recusa a "estigmatização" de legendas devido à crise do mensalão. "Sempre rejeitamos a tese de que os partidos estão comprometidos. Não se pode estigmatizar. O PT também teve problemas, não vai fugir, dizer que não enfrentou o mesmo processo", afirmou.

Especial
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