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20/07/2006
-
10h16
MALU DELGADO
MARCELA CAMPOS
da Folha de S.Paulo
Especialistas e políticos consultados pela Folha consideram que o crescimento da candidata do PSOL à Presidência, senadora Heloísa Helena, revelado pelo Datafolha, se explica porque ela simboliza uma "saída" para os seguintes tipos de voto: o de protesto e descontentamento com a crise política que abalou o governo petista, o ideológico de esquerda, de quem se recusa a repetir votos no PT, e o "folclórico debochado", dos descrentes.
Esses aspectos justificariam o melhor desempenho da senadora nas capitais, entre o eleitorado feminino, de curso superior, na faixa etária entre 16 a 34 anos e com renda de cinco a 10 salários mínimos. Foram nesses segmentos que Heloísa Helena mais cresceu, aponta pesquisa Datafolha.
"Heloísa Helena é vista como uma espécie de outsider, alguém que vem de fora do "establishment" político", analisa o cientista político Carlos Melo, do Ibmec-SP.
Segundo ele, há "parte do eleitorado que vota nela mais ou menos como votava no Enéas [Carneiro, do Prona], apesar de ambos estarem em lados opostos do espectro político". "É o voto folclórico", diz.
Marcus Figueiredo, do Iuperj, afirma que, além de Lula ter a maior rejeição entre as mulheres, grande parte do voto branco e nulo é feminino. Segundo ele, as mulheres estariam mais descontentes com o sistema político e isso pode ter favorecido a senadora.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sustentam políticos do PT e PSDB, conseguiu consolidar seus votos no Nordeste e entre camadas de menor renda, que dependem de programas como o Bolsa Família. Já na classe média urbana descontentamento e críticas ao governo são maiores.
O fato de ter tido maior crescimento na região Sul explica-se por ser um tradicional reduto petista à esquerda. Já a alta rejeição no Nordeste (30%) teria ligação com a quase inabalável popularidade de Lula na região. Carlos Melo observa que no Nordeste Heloísa é mais conhecida e, portanto, sujeita a maior desaprovação.
Com o início da campanha, a exposição na TV levou a senadora a ter maior visibilidade, o que também justificaria o crescimento de quatro pontos percentuais (de 6% para 10%). Figueiredo salienta em especial a exposição no Jornal Nacional.
A senadora teria ainda a vantagem de se mostrar simpática no vídeo, apesar de seu discurso radical. Para o cientista político Bolívar Lamounier é a imagem de "combativa" e "aguerrida" que atrai votos.
A dúvida é sobre o limite de votos da senadora e sua sustentabilidade. "Os 10% dela são muito fluidos. Em 2002, o Ciro [Gomes] subiu e desceu, assim como a Roseana [Sarney]. Não é um processo delineado ainda. Só em setembro vamos ter algo mais concreto", afirma Melo.
Para o professor Yan de Souza Carreirão, doutor em Ciência Política pela USP e professor da Universidade Federal de Santa Catarina, "o limite de votos de Heloísa Helena não é claro e nada indica que tal crescimento é duradouro". Segundo ele, o eleitor costuma ser bastante pragmático na reta final de uma campanha e opta por candidatos com chance real de vitória.
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Protesto, ideologia e deboche explicariam ascensão de Heloísa
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MARCELA CAMPOS
da Folha de S.Paulo
Especialistas e políticos consultados pela Folha consideram que o crescimento da candidata do PSOL à Presidência, senadora Heloísa Helena, revelado pelo Datafolha, se explica porque ela simboliza uma "saída" para os seguintes tipos de voto: o de protesto e descontentamento com a crise política que abalou o governo petista, o ideológico de esquerda, de quem se recusa a repetir votos no PT, e o "folclórico debochado", dos descrentes.
Esses aspectos justificariam o melhor desempenho da senadora nas capitais, entre o eleitorado feminino, de curso superior, na faixa etária entre 16 a 34 anos e com renda de cinco a 10 salários mínimos. Foram nesses segmentos que Heloísa Helena mais cresceu, aponta pesquisa Datafolha.
"Heloísa Helena é vista como uma espécie de outsider, alguém que vem de fora do "establishment" político", analisa o cientista político Carlos Melo, do Ibmec-SP.
Segundo ele, há "parte do eleitorado que vota nela mais ou menos como votava no Enéas [Carneiro, do Prona], apesar de ambos estarem em lados opostos do espectro político". "É o voto folclórico", diz.
Marcus Figueiredo, do Iuperj, afirma que, além de Lula ter a maior rejeição entre as mulheres, grande parte do voto branco e nulo é feminino. Segundo ele, as mulheres estariam mais descontentes com o sistema político e isso pode ter favorecido a senadora.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sustentam políticos do PT e PSDB, conseguiu consolidar seus votos no Nordeste e entre camadas de menor renda, que dependem de programas como o Bolsa Família. Já na classe média urbana descontentamento e críticas ao governo são maiores.
O fato de ter tido maior crescimento na região Sul explica-se por ser um tradicional reduto petista à esquerda. Já a alta rejeição no Nordeste (30%) teria ligação com a quase inabalável popularidade de Lula na região. Carlos Melo observa que no Nordeste Heloísa é mais conhecida e, portanto, sujeita a maior desaprovação.
Com o início da campanha, a exposição na TV levou a senadora a ter maior visibilidade, o que também justificaria o crescimento de quatro pontos percentuais (de 6% para 10%). Figueiredo salienta em especial a exposição no Jornal Nacional.
A senadora teria ainda a vantagem de se mostrar simpática no vídeo, apesar de seu discurso radical. Para o cientista político Bolívar Lamounier é a imagem de "combativa" e "aguerrida" que atrai votos.
A dúvida é sobre o limite de votos da senadora e sua sustentabilidade. "Os 10% dela são muito fluidos. Em 2002, o Ciro [Gomes] subiu e desceu, assim como a Roseana [Sarney]. Não é um processo delineado ainda. Só em setembro vamos ter algo mais concreto", afirma Melo.
Para o professor Yan de Souza Carreirão, doutor em Ciência Política pela USP e professor da Universidade Federal de Santa Catarina, "o limite de votos de Heloísa Helena não é claro e nada indica que tal crescimento é duradouro". Segundo ele, o eleitor costuma ser bastante pragmático na reta final de uma campanha e opta por candidatos com chance real de vitória.
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