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27/07/2006 - 11h16

Máfia atuou no Paraná com outras empresas de fachada

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MARI TORTATO
da Agência Folha, em Curitiba
HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande

A máfia dos sanguessugas atuou no Paraná por meio de empresas de fachada para legitimar concorrências de cartas marcadas, revela a documentação de licitações para a compra de duas ambulâncias pela Prefeitura de Piraquara (região metropolitana de Curitiba).

Luiz Antônio Vedoin, o filho do dono da Planam, também abriu empresa em endereços falsos em Curitiba, Fazenda Rio Grande e São José dos Pinhais, em nome dele, de familiares e de "laranjas".

A Klass Comércio e Representações Ltda., de Cuiabá (MT), vendeu à Prefeitura de Piraquara duas ambulâncias, depois de vencer licitações disputadas com empresas que faziam parte do mesmo grupo, em 3 de janeiro e 13 de fevereiro de 2003. O prefeito era João Guilherme Ribas Martins (PMDB). Segundo ele, Íris Simões (PTB-PR) foi o deputado federal que intermediou a verba no Ministério da Saúde.

Na primeira disputa, por carta convite, a Klass "eliminou" a Lealmaq, de Belo Horizonte, e a Vedovel Comércio de Representações Ltda., de Curitiba. Apresentou o melhor preço (R$ 75 mil) por uma ambulância equipada, contra R$ 75.870 e R$ 76.320 das concorrentes.

Voltou a vencer a disputa no mês seguinte, ao "eliminar", além da Lealmaq e a Vedovel, a Delta Construções e Veículos Especiais Ltda, com endereços em Fazenda Rio Grande e São José dos Pinhais, cidades da região metropolitana de Curitiba.

A investigação da Polícia Federal descobriu que a Klass funciona no mesmo endereço da Planam --a principal investigada pela Operação Sanguessuga-- em Cuiabá, e que tem donos "laranjas". O CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) registra abertura da Klass em 1998. Segundo levantamento da PF, a empresa teve faturamento zero em 2000 e em 2005 saltou para R$ 248 mil.

A Vedovel foi aberta por Luiz Antônio Trevisan Vedoin em 2001, num endereço falso do bairro Boqueirão, de Curitiba, e desativada em 2004. Na rua Cadete Reno Guido Longo Jr., 61, há duas casas simples de madeira, onde moram quatro famílias de baixa renda há 20 anos. Ninguém ali ouviu falar dos Vedoin.

No registro da Junta Comercial do Paraná, aparecem como sócias da Vedovel a irmã de Luiz Antônio, Alessandra Trevisan Vedoin, e a mulher dele, Helen Paula Duarte Cirineu Vedoin.

No endereço declarado em outubro de 2002 pela Delta ao CNPJ, em Fazenda Rio Grande, a Folha descobriu que o imóvel estava desocupado na época. Depois de consultar os arquivos, Lisiane Souza Leal, funcionária da AW Imóveis, informou que a sala 7 do edifício Star Center ficou vazia de agosto de 2002 a maio de 2003.

Os sócios da Delta, Adalberto Testa Netto e Muriel Rezende Camargo, declaram --segundo registro da Junta Comercial-- morar no mesmo endereço em Cuiabá. Seriam pai e filha que emprestaram o nome ao esquema para legitimar as licitações de ambulâncias, segundo a PF.

Testa estava entre os 54 presos da primeira leva da Operação Sanguessuga.

Da Lealmaq de Belo Horizonte, o que a PF sabe é que funciona no mesmo endereço que a Unividas, outra empresa investigada. As duas estão em nome de Aristóteles Gomes Leal Neto. A suspeita é que Leal também trabalhava para legitimar as disputas do esquema de cartas marcadas montado pelos donos da Planam.

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