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06/08/2006 - 09h36

Ambulância sai de garagem apenas duas vezes por mês

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ELVIRA LOBATO
da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro

Além de superfaturamento, há ociosidade na utilização das ambulâncias adquiridas por entidades filantrópicas. O Reencontro Obras Sociais, de Niterói, comprou três ônibus equipados para tratamento médico e odontológico e três ambulâncias com dinheiro repassado pelo Ministério da Saúde, mas a frota só sai da garagem duas vezes por mês.

"Não temos dinheiro para contratar médicos e dentistas", afirma o presidente da instituição, Samuel Fiúza. Ele diz que assumiu a direção no ano passado e encontrou os veículos lá. A entidade recebeu R$ 809,9 mil do Fundo Nacional de Saúde de 2002 a 2004.

No depoimento que deu à Justiça Federal, Luiz Antonio Vedoin, proprietário da Planam, empresa que fornecia as ambulâncias superfaturadas, disse que pagou comissão de R$ 12 mil ao presidente da Reencontro, no começo de 2005, e que o dinheiro foi entregue, em mãos, pelo representante da empresa no Estado do Rio, Nylton Simões.

Segundo Samuel Fiuza, o presidente da entidade, na época, era o pastor batista Nilson do Amaral Fanini. O conhecido pastor teve um canal de TV no Rio de Janeiro, que hoje pertencente à Rede Record.

O advogado do pastor Nilson do Amaral Fanini, Silva Neto, negou a acusação de Vedoin de que seu cliente teria recebido R$ 12 mil na compra de ambulâncias. Segundo o advogado, Fanini estava em tratamento médico nos Estados Unidos no período apontado pelo empresário.

Condenação do TCU

Outra entidade filantrópica do Rio de Janeiro acusada por Vedoin de receber comissão na compra de ambulâncias é o Sase --Serviço de Assistência Social ao Evangélico, dirigido pelo pastor presbiteriano Isaias de Souza Maciel.

Essa entidade foi condenada pelo TCU, em 1999, por desvio de dinheiro recebido do extinto Ministério da Ação Social. No processo,consta que ela recebeu o equivalente a US$ 348,54 mil, mas não comprovou a aplicação de um quarto dos recursos. O processo está em fase de execução de cobrança, segundo o TCU.

Nos últimos dois anos, o Sase recebeu do Fundo Nacional de Saúde R$ 1 milhão para compra de ambulâncias e R$ 400 mil para equipamentos hospitalares. Em depoimento, Vedoin citou nominalmente o pastor Isaias como tendo recebido R$ 12 mil de comissão.

O pastor marcou entrevista com a Folha no escritório da Ordem dos Ministros Evangélicos do Brasil, no centro do Rio, mas não compareceu ao encontro.

O assessor executivo do Sase, pastor Carlos Cortes, negou que a acusação de Vedoin contra o presidente da entidade tenha fundamento. Ele disse que várias empresas disputaram as licitações das ambulâncias e que o Sase é uma entidade com tradição na área médica, com cerca de 4.000 atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) por dia.

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