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08/08/2006
-
22h02
JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Porto Velho
O governador de Rondônia, Ivo Narciso Cassol (PPS), 47, criticou hoje o governo federal por não ter feito uma intervenção no Estado três anos atrás, quando ele tinha acabado de assumir o cargo. "Intervenção hoje não é necessário. Devia ter sido feita há três anos, quando assumi o governo e solicitei a intervenção."
Em 9 de fevereiro de 2003, Cassol disse que iria pedir ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, "intervenção federal" em Rondônia, sob a alegação de que estava sendo vítima de ameaças e extorsão por parte dos deputados estaduais. Mas, dois dias depois, após reunião com governadores do PSDB --então seu partido--, Cassol desistiu da idéia e disse que ia pedir apenas "ajuda".
Rondônia vive uma crise institucional depois de a Polícia Federal ter prendido, na semana passada, o presidente do Tribunal de Justiça e o presidente da Assembléia Legislativa, durante a operação Dominó. Na operação da PF, também foi preso o candidato a vice na chapa de Cassol à reeleição, Carlos Magno Ramos, ex-chefe da Casa Civil de seu governo, e outras 21 pessoas.
"Hoje, com as prisões, as instituições estão preservadas. Qualquer intervenção agora é um ato politiqueiro", disse Cassol.
A assessoria de imprensa do Ministério da Justiça informou que o ministro Thomaz Bastos não se pronunciaria sobre as declarações de Cassol e que, após a operação da PF, ainda não foi cogitada a intervenção no Estado.
A operação Dominó, deflagrada na última sexta-feira, prendeu 24 pessoas (22 em Rondônia, 1 em Goiás e 1 em Brasília), cumpriu 60 mandados de busca e apreensão e um de bloqueio total de bens. Entre os presos estão Carlão de Oliveira (PSL), presidente da Assembléia, o desembargador Sebastião Teixeira Chaves, presidente do TJ, e o ex-procurador-geral de Justiça José Carlos Vitachi.
Eles são suspeitos de liderar um organização criminosa que desviou R$ 70 milhões das contas públicas entre junho de 2004 e junho de 2005.
Carlos Magno Ramos enviou hoje à tarde uma carta a Cassol renunciando à sua candidatura. O PPS irá decidir ainda esta semana o nome do companheiro de chapa do governador para as eleições de outubro. "Envolvido que fui, de forma reflexa, na operação desencadeada pela Polícia Federal, [...] nada mais me resta a não ser apresentar-lhe, de modo irrevogável, o pedido de renúncia da minha candidatura ao cargo de vice-governador", diz a carta.
Cassol afirmou que quer "ouvir" Ramos antes de criticá-lo. "Não quero fazer com ele o que o PSDB fez comigo no ano passado, quando me julgou e condenou sem qualquer chance de defesa. Mas não irei poupar ninguém. Se ele errou, vai pagar. Cada um responde por seu CPF [Cadastro de Pessoa Física]."
O governador foi expulso do PSDB no ano passado, quando se levantou a suspeita de que fitas gravadas por ele --com conversas em que deputados pediam propina em troca de apoio político-- teriam sido montadas. "A Justiça foi feita, ficou provado que as minhas fitas eram reais. Tanto é que os líderes da quadrilha foram presos", disse Cassol.
O governador afirmou que, antes de divulgar as fitas na imprensa, procurou o Ministério Público de Rondônia. "Procurei ajuda do Vitachi [então procurador-geral de Justiça] e o que encontrei foi um procurador despachando dentro da Assembléia Legislativa", afirmou.
Cassol defendeu a criação de um tribunal de contas independente para fiscalizar as Assembléias Legislativas. "Só assim vamos acabar com a corrupção no Legislativo, que não é só aqui em Rondônia. É no país todo e no Congresso Nacional."
Cassol também respondeu ao governador do Acre, o petista Jorge Viana, que havia dito, em entrevista a uma rádio de Rio Branco, que o povo de Rondônia não merece dirigentes como os atuais. "O Viana tem que cuidar dos sanguessugas e do seu compadre [o presidente Lula] e não pode falar nada de Rondônia", disse Cassol.
O governador disse "estranhar" que tenham sido poucos os respingos no Executivo depois da operação Dominó. "Eu esperava mais, que viessem para cima do meu governo. Eu cutuquei o diabo, não com a vara curta, mas com o dedo e corro risco. Eu e minha família. Mas fico feliz que Rondônia vai ficar melhor", afirmou. Além da prisão do seu ex- chefe da Casa Civil, seu ex-secretário de Segurança Pública, deputado Paulo Moraes (PL), é acusado de receber dinheiro do esquema de folha de pagamento paralela.
"O gozado é que, agora que a onça está morta, todo mundo quer tirar fotografia ao lado dela", ironizou Cassol, ao criticar os senadores Amir Lando (PMDB) e Fátima Cleide (PT), seus concorrentes ao governo do Estado.
Segundo ele, Lando e Cleide não o apoiaram quando pediu intervenção federal no início de seu governo.
Colaboraram EDUARDO DE OLIVEIRA e SÍLVIA FREIRE, da Agência Folha
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a Operação Dominó
Cassol diz que intervenção federal deveria ter sido feita há três anos
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da Agência Folha, em Porto Velho
O governador de Rondônia, Ivo Narciso Cassol (PPS), 47, criticou hoje o governo federal por não ter feito uma intervenção no Estado três anos atrás, quando ele tinha acabado de assumir o cargo. "Intervenção hoje não é necessário. Devia ter sido feita há três anos, quando assumi o governo e solicitei a intervenção."
Em 9 de fevereiro de 2003, Cassol disse que iria pedir ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, "intervenção federal" em Rondônia, sob a alegação de que estava sendo vítima de ameaças e extorsão por parte dos deputados estaduais. Mas, dois dias depois, após reunião com governadores do PSDB --então seu partido--, Cassol desistiu da idéia e disse que ia pedir apenas "ajuda".
Rondônia vive uma crise institucional depois de a Polícia Federal ter prendido, na semana passada, o presidente do Tribunal de Justiça e o presidente da Assembléia Legislativa, durante a operação Dominó. Na operação da PF, também foi preso o candidato a vice na chapa de Cassol à reeleição, Carlos Magno Ramos, ex-chefe da Casa Civil de seu governo, e outras 21 pessoas.
"Hoje, com as prisões, as instituições estão preservadas. Qualquer intervenção agora é um ato politiqueiro", disse Cassol.
A assessoria de imprensa do Ministério da Justiça informou que o ministro Thomaz Bastos não se pronunciaria sobre as declarações de Cassol e que, após a operação da PF, ainda não foi cogitada a intervenção no Estado.
A operação Dominó, deflagrada na última sexta-feira, prendeu 24 pessoas (22 em Rondônia, 1 em Goiás e 1 em Brasília), cumpriu 60 mandados de busca e apreensão e um de bloqueio total de bens. Entre os presos estão Carlão de Oliveira (PSL), presidente da Assembléia, o desembargador Sebastião Teixeira Chaves, presidente do TJ, e o ex-procurador-geral de Justiça José Carlos Vitachi.
Eles são suspeitos de liderar um organização criminosa que desviou R$ 70 milhões das contas públicas entre junho de 2004 e junho de 2005.
Carlos Magno Ramos enviou hoje à tarde uma carta a Cassol renunciando à sua candidatura. O PPS irá decidir ainda esta semana o nome do companheiro de chapa do governador para as eleições de outubro. "Envolvido que fui, de forma reflexa, na operação desencadeada pela Polícia Federal, [...] nada mais me resta a não ser apresentar-lhe, de modo irrevogável, o pedido de renúncia da minha candidatura ao cargo de vice-governador", diz a carta.
Cassol afirmou que quer "ouvir" Ramos antes de criticá-lo. "Não quero fazer com ele o que o PSDB fez comigo no ano passado, quando me julgou e condenou sem qualquer chance de defesa. Mas não irei poupar ninguém. Se ele errou, vai pagar. Cada um responde por seu CPF [Cadastro de Pessoa Física]."
O governador foi expulso do PSDB no ano passado, quando se levantou a suspeita de que fitas gravadas por ele --com conversas em que deputados pediam propina em troca de apoio político-- teriam sido montadas. "A Justiça foi feita, ficou provado que as minhas fitas eram reais. Tanto é que os líderes da quadrilha foram presos", disse Cassol.
O governador afirmou que, antes de divulgar as fitas na imprensa, procurou o Ministério Público de Rondônia. "Procurei ajuda do Vitachi [então procurador-geral de Justiça] e o que encontrei foi um procurador despachando dentro da Assembléia Legislativa", afirmou.
Cassol defendeu a criação de um tribunal de contas independente para fiscalizar as Assembléias Legislativas. "Só assim vamos acabar com a corrupção no Legislativo, que não é só aqui em Rondônia. É no país todo e no Congresso Nacional."
Cassol também respondeu ao governador do Acre, o petista Jorge Viana, que havia dito, em entrevista a uma rádio de Rio Branco, que o povo de Rondônia não merece dirigentes como os atuais. "O Viana tem que cuidar dos sanguessugas e do seu compadre [o presidente Lula] e não pode falar nada de Rondônia", disse Cassol.
O governador disse "estranhar" que tenham sido poucos os respingos no Executivo depois da operação Dominó. "Eu esperava mais, que viessem para cima do meu governo. Eu cutuquei o diabo, não com a vara curta, mas com o dedo e corro risco. Eu e minha família. Mas fico feliz que Rondônia vai ficar melhor", afirmou. Além da prisão do seu ex- chefe da Casa Civil, seu ex-secretário de Segurança Pública, deputado Paulo Moraes (PL), é acusado de receber dinheiro do esquema de folha de pagamento paralela.
"O gozado é que, agora que a onça está morta, todo mundo quer tirar fotografia ao lado dela", ironizou Cassol, ao criticar os senadores Amir Lando (PMDB) e Fátima Cleide (PT), seus concorrentes ao governo do Estado.
Segundo ele, Lando e Cleide não o apoiaram quando pediu intervenção federal no início de seu governo.
Colaboraram EDUARDO DE OLIVEIRA e SÍLVIA FREIRE, da Agência Folha
Especial
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