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14/08/2006
-
21h08
KÁTIA BRASIL
da Agência Folha, em Manaus
Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, mostram o coronel Vitor Augustos de Fellipes --que há três meses era o gerente da Diretoria de Subsistência do Comando do Exército, em Brasília, responsável pela liberação do pagamento de fornecedores-- combinando com um empresário a antecipação de um pagamento.
O coronel foi um dos presos na última sexta-feira durante a Operação Saúva, da PF, que desmontou um esquema de fraudes em licitações públicas no Amazonas para a venda superfaturada de alimentos para merenda escolar, quartéis do Exército e famílias carentes.
Entre os 32 presos pela PF, havia 11 militares, sendo oito oficiais. No trecho da gravação a que a Folha teve acesso, ele conversa sobre a antecipação de um pagamento empenhado (agendado) de valor R$ 900 mil para o empresário João Leitão Limeira, cujas empresas ganharam R$ 11 milhões em licitações, feitas em 2005, para fornecer alimentos ao 12º Batalhão de Suprimentos do Amazonas.
A conversa entre o coronel e o empresário foi gravada no dia 17 de novembro do ano passado.
O coronel diz que não quer antecipar o pagamento de R$ 900 mil para não levantar suspeitas: "Eu não estou querendo forçar muita onda para esses 900 paus, porque eu até aceito que vocês metam desagendado o próximo. Porque tudo bem, eu seguro, porque eu não quero abrir muito, senão eu vou ter que acabar pagando o Brasil, sou perante o Ministério do Planejamento o gerente da atividade... Quem assina pela gerência da atividade sou eu, Leitão, não é o Nilton [tenente-coronel Francisco Nilton de Souza Júnior, que também foi preso]".
Mas, na mesma conversa, o coronel acaba cedendo à pressão do empresário: "Então eu acho o seguinte, se o Nilton topar desagendar novamente, dizer que foi um engano, qualquer coisa assim, ótimo, eu finjo que não sei e vamos tocar em frente".
Segundo a investigação da PF, os militares recebiam propina de 2% (oficiais) ou 1% (praças) para facilitar as licitações no 12º Batalhão de Suprimento. A quadrilha obtinha informações privilegiadas das concorrências e agilizava os pagamentos. Em determinados pregões, violavam os envelopes dos concorrentes para inabilitá-los e desviavam de dentro dos quartéis parte dos alimentos e os revendiam a particulares.
Com o apoio do Comando Militar da Amazônia, segundo um oficial que participou das investigações, a PF filmou e fotografou a quadrilha desviando diversos alimentos dos quartéis.
Hoje, o comando informou que abriu um IPM (Inquérito Policial Militar) para investigar os militares.
Na casa do coronel Vitor Augusto Fellipes, em Natal, agentes federais encontraram US$ 16,5 mil, 21 mil euros, R$ 11,5 mil e R$ 30 mil em cheque emitidos por uma empresa fornecedora de frangos de São Paulo. Hoje o coronel está aposentado.
Hoje, dois militares que haviam sido presos ganharam liberdade por contribuírem com a investigação, segundo o coordenador da Operação Saúva, delegado Jocenildo Cavalcante. Continuam presas 30 pessoas, entre eles o capitão Ilídio José Quintas Fernandes, que chegou ontem das férias na França, em Manaus.
Outro lado
A Folha não localizou o advogados dos militares e do empresário. "O meu cliente se sente surpreso com as acusações, ele é um ordenador de despesas e não tem qualquer influência em nenhum fato, não existem provas", disse o advogado José Carlos Cavalcante Júnior, que defende Francisco Nilton de Souza Júnior.
Leia mais
Erramos: Gravação mostra coronel do Exército combinando pagamento com empresário
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a Operação Saúva
Gravação mostra coronel do Exército combinando pagamento com empresário
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da Agência Folha, em Manaus
Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, mostram o coronel Vitor Augustos de Fellipes --que há três meses era o gerente da Diretoria de Subsistência do Comando do Exército, em Brasília, responsável pela liberação do pagamento de fornecedores-- combinando com um empresário a antecipação de um pagamento.
O coronel foi um dos presos na última sexta-feira durante a Operação Saúva, da PF, que desmontou um esquema de fraudes em licitações públicas no Amazonas para a venda superfaturada de alimentos para merenda escolar, quartéis do Exército e famílias carentes.
Entre os 32 presos pela PF, havia 11 militares, sendo oito oficiais. No trecho da gravação a que a Folha teve acesso, ele conversa sobre a antecipação de um pagamento empenhado (agendado) de valor R$ 900 mil para o empresário João Leitão Limeira, cujas empresas ganharam R$ 11 milhões em licitações, feitas em 2005, para fornecer alimentos ao 12º Batalhão de Suprimentos do Amazonas.
A conversa entre o coronel e o empresário foi gravada no dia 17 de novembro do ano passado.
O coronel diz que não quer antecipar o pagamento de R$ 900 mil para não levantar suspeitas: "Eu não estou querendo forçar muita onda para esses 900 paus, porque eu até aceito que vocês metam desagendado o próximo. Porque tudo bem, eu seguro, porque eu não quero abrir muito, senão eu vou ter que acabar pagando o Brasil, sou perante o Ministério do Planejamento o gerente da atividade... Quem assina pela gerência da atividade sou eu, Leitão, não é o Nilton [tenente-coronel Francisco Nilton de Souza Júnior, que também foi preso]".
Mas, na mesma conversa, o coronel acaba cedendo à pressão do empresário: "Então eu acho o seguinte, se o Nilton topar desagendar novamente, dizer que foi um engano, qualquer coisa assim, ótimo, eu finjo que não sei e vamos tocar em frente".
Segundo a investigação da PF, os militares recebiam propina de 2% (oficiais) ou 1% (praças) para facilitar as licitações no 12º Batalhão de Suprimento. A quadrilha obtinha informações privilegiadas das concorrências e agilizava os pagamentos. Em determinados pregões, violavam os envelopes dos concorrentes para inabilitá-los e desviavam de dentro dos quartéis parte dos alimentos e os revendiam a particulares.
Com o apoio do Comando Militar da Amazônia, segundo um oficial que participou das investigações, a PF filmou e fotografou a quadrilha desviando diversos alimentos dos quartéis.
Hoje, o comando informou que abriu um IPM (Inquérito Policial Militar) para investigar os militares.
Na casa do coronel Vitor Augusto Fellipes, em Natal, agentes federais encontraram US$ 16,5 mil, 21 mil euros, R$ 11,5 mil e R$ 30 mil em cheque emitidos por uma empresa fornecedora de frangos de São Paulo. Hoje o coronel está aposentado.
Hoje, dois militares que haviam sido presos ganharam liberdade por contribuírem com a investigação, segundo o coordenador da Operação Saúva, delegado Jocenildo Cavalcante. Continuam presas 30 pessoas, entre eles o capitão Ilídio José Quintas Fernandes, que chegou ontem das férias na França, em Manaus.
Outro lado
A Folha não localizou o advogados dos militares e do empresário. "O meu cliente se sente surpreso com as acusações, ele é um ordenador de despesas e não tem qualquer influência em nenhum fato, não existem provas", disse o advogado José Carlos Cavalcante Júnior, que defende Francisco Nilton de Souza Júnior.
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