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21/08/2006 - 23h02

Coordenador nacional do MST é preso após enterro de sem-terra assassinado

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FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Itaquitinga (PE)

O coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), Jaime Amorim, foi preso hoje em Itaquitinga (a 84 km de Recife, PE), após acompanhar o enterro do corpo de um dos dois dirigentes sem-terra mortos domingo em um acampamento controlado pelo movimento.

A prisão foi decretada pelo juiz da 5ª Vara Criminal de Recife, Joaquim Pereira Lafayete Neto. Segundo ele, se permanecer em liberdade, Amorim "poderá colocar em risco a paz e a segurança de cidadãos de bem".

A ordem judicial foi assinada no dia 4 de julho e não tem ligação com a morte dos líderes sem-terra. A base é o processo que apura a depredação do Consulado dos EUA em Recife, ocorrido em 5 de novembro de 2005. Na ação, Amorim é acusado de incitação ao crime, desobediência, agressão a um policial militar e dano qualificado.

O juiz levou ainda em consideração os antecedentes criminais do dirigente do MST e a possível dificuldade em localizá-lo na eventualidade de condenação, por "não ter endereço fixo".

Amorim passou por exames médicos no IML (Instituto de Medicina Legal) e foi levado em seguida ao Cotel (Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna), em Abreu e Lima (a 30 km de Recife).

Ele disse que sua prisão foi "arbitrária" e que estava sendo vítima de "repressão". Advogados do MST e de entidades ligadas aos direitos humanos tentavam obter um habeas corpus na Justiça Estadual. Até o fechamento desta edição, o líder sem-terra permanecia preso.

O dirigente passou a manhã no velório de Josias de Barros Ferreira, 28. Foi preso à tarde, quando viajava a Vitória de Santo Antão (60 km de Recife) para acompanhar o enterro do outro agricultor assassinado, Samuel Matias Barbosa, 33.

Ferreira e Barbosa foram mortos domingo, num acampamento às margens da BR-232, em Moreno (25 km de Recife). Eles tentavam controlar uma divisão interna na comunidade, aberta com o anúncio da construção de um gasoduto no local.

Parte dos acampados, supostamente incitados por um político local, defendia a cobrança de indenização pela desocupação da área. O MST era contra o recebimento do dinheiro e queriam terras para assentar.

Os lavradores foram assassinados a tiros de revólver quando tentavam evitar que os dissidentes retirassem do acampamento uma bandeira do movimento. Os criminosos, já identificados, estão foragidos.

O duplo homicídio levou Amorim a admitir a existência de armas entre os sem-terra. "Nós temos trabalhado muito essa idéia de que a arma leva à violência, mas, infelizmente, principalmente na Zona da Mata, tem uma cultura muito grande de o trabalhador usar uma faquinha na cintura", disse, antes de ser preso. "E quando ele tem um mínimo de condições, tem um revólver."

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