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25/08/2006 - 09h39

Classe artística repercute e reprova desprezo à ética de lulistas

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DÉBORA YURI
da Folha de S.Paulo

O reconhecimento do músico Wagner Tiso e do ator Paulo Betti, segundo quem a política se faz sujando as mãos e a ética deve ser minimizada no exercício do poder, provocou mais reações, principalmente de reprovação, por parte da classe artística.

Apoiadores de Lula, os dois afirmaram não se importar com o mensalão e desprezaram a ética na política. Ontem, Betti enviou carta à Folha, na qual diz afirmar que apenas fez uma constatação, sem dar aval a nenhuma prática.

O novelista Aguinaldo Silva, tucano e autor de "Senhora do Destino", foi crítico. "O Paulo Betti e o Wagner Tiso estão falando besteira. Eles estão se envolvendo com a merda e, quando você se envolve com a merda, você acaba sujo", afirmou. "Mas não sei se contesto o Paulo Betti. Esses artistas acham que são obrigados a ter uma posição política."

O certo é que a desilusão com o jogo político não se espalhou apenas entre os petistas --alguns tucanos também falam em desencanto. Diz Aguinaldo: "Eu sempre votei no PSDB, até descobrir que as pessoas do PSDB estão pairando acima do próprio país que elas querem governar. Não interessa se é PSDB, PT. Todos eles estão na sua trip pessoal de poder".

"Mais tucana que petista", a atriz Nívea Maria enveredou pela mesma linha: "Em todos os partidos há pessoas que prestam e que não prestam, com caráter e sem caráter. Nunca fui petista, mas torci para que o governo do Lula desse certo". Ela condenou Betti. "Eu me surpreendi porque o Betti tinha dito que nunca mais falaria de política. Isso é sinal de que ele realmente optou por se afastar da arte", disse.

O ator Ney Latorraca, "tucano sempre", retrucou a declaração de Betti de que "não dá para fazer [política] sem botar a mão na merda". "Essa gente lutou tanto pela democracia... Não sou conivente com a afirmação dele, existem políticos e políticos, mãos e mãos. Isso vai estar na biografia dele, mas não quero julgar o meu colega, como não quero que o meu colega me julgue", disse.

Mesmo o bloco dos "apolíticos" reagiu. "A gente vive num país hipócrita, todo mundo está acostumado a fazer coisas erradas. Cada povo tem os políticos que merece. Nós precisamos ter um pouco mais de ética, e eles também", disse a apresentadora Maria Paula, 35, do "Casseta e Planeta".

Casada com o músico João Suplicy, filho da ex-prefeita Marta e do senador Eduardo, ela evitou criticar Betti e Tiso. "Cada um tem a sua ética, cada um faz o que dá pra fazer. Faço trabalho social na Rocinha. Sou apolítica, nunca fui ligada ao PT, mas tenho orgulho de fazer parte dessa família. A Marta nunca foi acusada durante os escândalos, e o Eduardo é o cara mais ético do mundo."

A atriz Elke Maravilha, que se diz anarquista, ficou indignada com as declarações da dupla de artistas lulistas. "Meu Deus, que horror! Eu tenho 61 anos, mas sou romântica, quero consertar o mundo. Levei um susto, conheço o Betti e ele fala uma coisa dessas. E o Wagner Tiso? Meus conterrâneos estão mal. Gente jovem ser burra tudo bem, mas velho ficar burro?"

Elke fez um discurso em defesa da ética. "Nunca fui petista, nunca brinquei disso. Sei que não devo explorar ninguém, não devo puxar o tapete de ninguém. Não preciso segurar uma bandeira. Todos os "ismos" nunca funcionaram".

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