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27/08/2006
-
10h23
LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Folha de S.Paulo
A cinco semanas da eleição, deputados estaduais de São Paulo desapareceram da Assembléia Legislativa e transformaram seus gabinetes em verdadeiros comitês eleitorais, com direito a cartazes nas paredes, santinhos espalhados nas mesas e funcionários públicos trabalhando na campanha.
A situação é considerada grave pelo procurador regional eleitoral, Mário Luiz Bonsaglia, responsável por fiscalizar esta eleição no Estado de São Paulo.
"Se fosse apenas um cartaz, a situação poderia ser tolerada. Mas estocar santinhos não pode. O gabinete não é comitê eleitoral. E usar funcionários públicos é uma situação gravíssima, que leva à cassação da candidatura em poucos dias", afirmou Bonsaglia.
A Folha percorreu durante duas semanas os gabinetes. Além das irregularidades apontadas, constatou que é raro encontrar deputados na Casa neste período eleitoral.
Na última quarta-feira, por exemplo, de 22 parlamentares procurados pela reportagem, 17 não estavam na Assembléia. "O deputado nem vem mais para a Casa, todos os dias está em campanha", afirmou uma funcionária do deputado Conte Lopes (PTB), cujo gabinete estava abarrotado de santinhos.
Há quase um mês, nada é votado na Assembléia.
Infrações
Na última quarta-feira, às 14h50, cinco funcionárias do deputado Antonio Salim Curiati (PP), pagas pela Assembléia, se debruçavam sobre uma mesa e separavam milhares de santinhos do candidato. Contavam um por um e os separavam em blocos com clipes.
Em cada folheto havia um pequeno pingente folhado a ouro em formato de cruz, apesar de os brindes terem sido vetados pela legislação eleitoral.
Segundo Bonsaglia, apesar de a nova norma não prever punição para a distribuição de brindes, a prática pode ser enquadrada como abuso de poder, com possível cancelamento do registro da candidatura. Curiati é deputado estadual desde 1967 e que vai tentar sua oitava legislatura neste ano.
Outros candidatos, que também disputam a reeleição, usam seus escritórios na Assembléia para armazenar material de campanha.
Nos gabinetes de Donizete Braga (PT), Conte Lopes (PTB), Arthur Alves Pinto (PL) e de Afanásio Jazadji (PFL), por exemplo, basta entrar para ver lotes de folhetos, santinhos e adesivos espalhados pelas mesas dos assessores, dentro de armários e de gavetas.
Alguns afixaram cartazes de campanha nos corredores que levam aos gabinetes, como Pedro Tobias (PSDB), Vanderlei Siraque (PT) e Afanásio Jazadji.
Funcionários
A reeleição dos deputados tem afetado a rotina dos funcionários que trabalham com eles na Assembléia. Numa quinta-feira, por volta das 15h, Alves Pinto, segurando vários santinhos, conversava em seu gabinete com uma advogada que queria ajudá-lo na campanha.
Enquanto isso, sua recepcionista anotava os dados de um homem que se oferecia para ser cabo eleitoral no bairro da Lapa, zona oeste.
Quando a reportagem entrou, a primeira pergunta foi: "De que região você é?"
Num andar acima, entre gritinhos e palmas, funcionários de Valdomiro Lopes (PSB), segundo vice-presidente da Assembléia, se amontoavam para ouvir o parlamentar no horário eleitoral pelo rádio.
Especial
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da Folha de S.Paulo
A cinco semanas da eleição, deputados estaduais de São Paulo desapareceram da Assembléia Legislativa e transformaram seus gabinetes em verdadeiros comitês eleitorais, com direito a cartazes nas paredes, santinhos espalhados nas mesas e funcionários públicos trabalhando na campanha.
A situação é considerada grave pelo procurador regional eleitoral, Mário Luiz Bonsaglia, responsável por fiscalizar esta eleição no Estado de São Paulo.
"Se fosse apenas um cartaz, a situação poderia ser tolerada. Mas estocar santinhos não pode. O gabinete não é comitê eleitoral. E usar funcionários públicos é uma situação gravíssima, que leva à cassação da candidatura em poucos dias", afirmou Bonsaglia.
A Folha percorreu durante duas semanas os gabinetes. Além das irregularidades apontadas, constatou que é raro encontrar deputados na Casa neste período eleitoral.
Na última quarta-feira, por exemplo, de 22 parlamentares procurados pela reportagem, 17 não estavam na Assembléia. "O deputado nem vem mais para a Casa, todos os dias está em campanha", afirmou uma funcionária do deputado Conte Lopes (PTB), cujo gabinete estava abarrotado de santinhos.
Há quase um mês, nada é votado na Assembléia.
Infrações
Na última quarta-feira, às 14h50, cinco funcionárias do deputado Antonio Salim Curiati (PP), pagas pela Assembléia, se debruçavam sobre uma mesa e separavam milhares de santinhos do candidato. Contavam um por um e os separavam em blocos com clipes.
Em cada folheto havia um pequeno pingente folhado a ouro em formato de cruz, apesar de os brindes terem sido vetados pela legislação eleitoral.
Segundo Bonsaglia, apesar de a nova norma não prever punição para a distribuição de brindes, a prática pode ser enquadrada como abuso de poder, com possível cancelamento do registro da candidatura. Curiati é deputado estadual desde 1967 e que vai tentar sua oitava legislatura neste ano.
Outros candidatos, que também disputam a reeleição, usam seus escritórios na Assembléia para armazenar material de campanha.
Nos gabinetes de Donizete Braga (PT), Conte Lopes (PTB), Arthur Alves Pinto (PL) e de Afanásio Jazadji (PFL), por exemplo, basta entrar para ver lotes de folhetos, santinhos e adesivos espalhados pelas mesas dos assessores, dentro de armários e de gavetas.
Alguns afixaram cartazes de campanha nos corredores que levam aos gabinetes, como Pedro Tobias (PSDB), Vanderlei Siraque (PT) e Afanásio Jazadji.
Funcionários
A reeleição dos deputados tem afetado a rotina dos funcionários que trabalham com eles na Assembléia. Numa quinta-feira, por volta das 15h, Alves Pinto, segurando vários santinhos, conversava em seu gabinete com uma advogada que queria ajudá-lo na campanha.
Enquanto isso, sua recepcionista anotava os dados de um homem que se oferecia para ser cabo eleitoral no bairro da Lapa, zona oeste.
Quando a reportagem entrou, a primeira pergunta foi: "De que região você é?"
Num andar acima, entre gritinhos e palmas, funcionários de Valdomiro Lopes (PSB), segundo vice-presidente da Assembléia, se amontoavam para ouvir o parlamentar no horário eleitoral pelo rádio.
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