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30/08/2006
-
19h32
FELIPE NEVES
TATHIANA BARBAR
da Folha Online
O candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, tentou evitar nesta quarta-feira falar sobre doações ilegais ou não-contabilizadas --o chamado caixa dois-- para campanhas eleitorais. Ao ser questionado sobre o esquema coordenado pelo empresário Marcos Valério de Souza, ele disse que preferia apresentar suas propostas para o Estado.
"Eu falo todo dia com a Folha sobre esse assunto. Esse é o único assunto que eu falo. Eu queria falar dos outros assuntos que estão fazendo falta no debate", disse com certa irritação Mercadante durante sabatina da Folha de S. Paulo, quando o tema foi introduzido.
O petista, no entanto, se defendeu, dizendo que sua campanha para o Senado em 2002 não precisou do artifício para ser financiada. "Minha campanha saiu de graça", disse, mencionando os depoimentos de Duda Mendonça, marqueteiro do partido à época, às CPIs e à Polícia Federal.
Entrevistaram o candidato o secretário de Redação da Folha, Vaguinaldo Marinheiro, o editor de Brasil, Fernando de Barros e Silva, e os colunistas Mônica Bergamo e Gilberto Dimenstein.
Mercadante não quis emitir uma opinião sobre os envolvidos nas denúncias de corrupção no governo --mensalão, sanguessugas, entre outros-- e no PT. O candidato afirmou que a Justiça é que vai julgar se houve crime ou não. E o eleitor que decidirá se eles devem voltar à vida pública.
"É claro que houve erro do PT. É uma experiência que a gente aprende com os erros. O eleitor agora vai avaliar esse erro e a biografia de cada um", disse o senador.
Prêmio de consolação
Mercadante aproveitou a chance para cutucar seu principal adversário, José Serra (PSDB). Segundo o petista, ele só quis disputar a eleição para o governo de São Paulo como "prêmio de consolação".
O senador disse que Serra, na verdade, queria sair candidato à Presidência da República, que era o seu "projeto pessoal". Mas, como foi "barrado" pelo partido, decidiu tentar o Palácio dos Bandeirantes.
A declaração do petista é uma referência à promessa de Serra de permanecer à frente da Prefeitura de São Paulo até o final do mandato. Eleito em 2004, o tucano se licenciou do cargo neste ano para concorrer ao governo do Estado.
Apesar das pesquisas de intenções de voto, que mostram o tucano como favorito, Mercadante se mostrou confiante e disse que seu adversário não vai levar nem o prêmio de consolação. "[Serra] Não vai levar [a eleição] porque eu vou para o segundo turno e vou ganhar a eleição", afirmou, arrancando aplausos da platéia.
Elogios a Marta
O candidato petista não se contentou em apenas cutucar Serra. Ele fez elogios à antecessora do tucano na Prefeitura de São Paulo, a também petista Marta Suplicy.
Mercadante disse que, se eleito, o que ele mais queria era poder contar com Marta no comando da prefeitura da capital.
Segundo ele, ter alguém com a capacidade administrativa de sua colega de partido como aliada seria fundamental tanto para ele quanto para o presidente Lula, em um eventual segundo mandato.
"Ter na prefeitura uma pessoa como a Marta é tudo o que eu queria na vida. Imagina ela fazendo CEUs [Centro Educacional Unificado], mais bilhete único, eu no governo de São Paulo e o Lula na Presidência", afirmou Mercadante.
Segurança pública
Na entrevista, que durou cerca de duas horas, Mercadante defendeu o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) para isolar os líderes do crime organizado. Ele disse ainda que pretende promover parcerias com a iniciativa privada para que os detentos trabalhem dentro dos presídios.
Na opinião do senador, apesar de elogiar o RDD, que foi uma iniciativa do PSDB, a culpa pelo "colapso" do sistema prisional é a incompetência das últimas administrações tucanas no Estado.
Segundo ele, os presos deveriam ser divididos por nível de periculosidade e o Executivo deveria dar condições ao Judiciário para que este pudesse aplicar penas alternativas.
Mercadante criticou ainda o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, dizendo que ele jamais faria parte de sua equipe. "Esse que está aí nunca entraria em meu governo".
O senador disse que os critérios para escolher um secretário para a pasta, caso seja eleito, são "competência técnica" e "vivência na área".
Segundo o petista, existem boas opções. "Pode ter certeza de que farei uma bela escolha", afirmou.
Platéia barulhenta
A platéia da sabatina por diversas vezes interrompeu a entrevista com manifestações, aplausos, risos e comentários. A maioria era formada por apoiadores do candidato petista. Em alguns momentos, os entrevistadores precisaram pedir silêncio aos espectadores.
Após uma discussão, um homem se levantou e foi embora. Ele estava criticando Mercadante, mas foi "censurado" pelos militantes petistas da platéia. Algum tempo depois, o episódio motivo de piada do candidato do PT. "Tucano é bom de bico, mas não agüenta o tranco", brincou, arrancando risos.
Toda vez que Mercadante criticava a suposta perseguição que sofre da imprensa --incluindo a Folha--, Mercadante era aplaudido fervorosamente.
A ponto de ele até ter comentado que havia muitos militantes do PT no auditório do Teatro Folha, onde aconteceu a sabatina. "A militância é a alma do PT. Nunca nenhum partido vai ter isso", disse.
Especial
Leia cobertura completa das eleições 2006
Leia cobertura completa das sabatinas da Folha
Evitando tema, Mercadante reafirma que sua campanha em 2002 "saiu de graça"
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TATHIANA BARBAR
da Folha Online
O candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, tentou evitar nesta quarta-feira falar sobre doações ilegais ou não-contabilizadas --o chamado caixa dois-- para campanhas eleitorais. Ao ser questionado sobre o esquema coordenado pelo empresário Marcos Valério de Souza, ele disse que preferia apresentar suas propostas para o Estado.
"Eu falo todo dia com a Folha sobre esse assunto. Esse é o único assunto que eu falo. Eu queria falar dos outros assuntos que estão fazendo falta no debate", disse com certa irritação Mercadante durante sabatina da Folha de S. Paulo, quando o tema foi introduzido.
O petista, no entanto, se defendeu, dizendo que sua campanha para o Senado em 2002 não precisou do artifício para ser financiada. "Minha campanha saiu de graça", disse, mencionando os depoimentos de Duda Mendonça, marqueteiro do partido à época, às CPIs e à Polícia Federal.
Entrevistaram o candidato o secretário de Redação da Folha, Vaguinaldo Marinheiro, o editor de Brasil, Fernando de Barros e Silva, e os colunistas Mônica Bergamo e Gilberto Dimenstein.
Mercadante não quis emitir uma opinião sobre os envolvidos nas denúncias de corrupção no governo --mensalão, sanguessugas, entre outros-- e no PT. O candidato afirmou que a Justiça é que vai julgar se houve crime ou não. E o eleitor que decidirá se eles devem voltar à vida pública.
"É claro que houve erro do PT. É uma experiência que a gente aprende com os erros. O eleitor agora vai avaliar esse erro e a biografia de cada um", disse o senador.
Prêmio de consolação
Mercadante aproveitou a chance para cutucar seu principal adversário, José Serra (PSDB). Segundo o petista, ele só quis disputar a eleição para o governo de São Paulo como "prêmio de consolação".
O senador disse que Serra, na verdade, queria sair candidato à Presidência da República, que era o seu "projeto pessoal". Mas, como foi "barrado" pelo partido, decidiu tentar o Palácio dos Bandeirantes.
A declaração do petista é uma referência à promessa de Serra de permanecer à frente da Prefeitura de São Paulo até o final do mandato. Eleito em 2004, o tucano se licenciou do cargo neste ano para concorrer ao governo do Estado.
Apesar das pesquisas de intenções de voto, que mostram o tucano como favorito, Mercadante se mostrou confiante e disse que seu adversário não vai levar nem o prêmio de consolação. "[Serra] Não vai levar [a eleição] porque eu vou para o segundo turno e vou ganhar a eleição", afirmou, arrancando aplausos da platéia.
Elogios a Marta
O candidato petista não se contentou em apenas cutucar Serra. Ele fez elogios à antecessora do tucano na Prefeitura de São Paulo, a também petista Marta Suplicy.
Mercadante disse que, se eleito, o que ele mais queria era poder contar com Marta no comando da prefeitura da capital.
Segundo ele, ter alguém com a capacidade administrativa de sua colega de partido como aliada seria fundamental tanto para ele quanto para o presidente Lula, em um eventual segundo mandato.
"Ter na prefeitura uma pessoa como a Marta é tudo o que eu queria na vida. Imagina ela fazendo CEUs [Centro Educacional Unificado], mais bilhete único, eu no governo de São Paulo e o Lula na Presidência", afirmou Mercadante.
Segurança pública
Na entrevista, que durou cerca de duas horas, Mercadante defendeu o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) para isolar os líderes do crime organizado. Ele disse ainda que pretende promover parcerias com a iniciativa privada para que os detentos trabalhem dentro dos presídios.
Na opinião do senador, apesar de elogiar o RDD, que foi uma iniciativa do PSDB, a culpa pelo "colapso" do sistema prisional é a incompetência das últimas administrações tucanas no Estado.
Segundo ele, os presos deveriam ser divididos por nível de periculosidade e o Executivo deveria dar condições ao Judiciário para que este pudesse aplicar penas alternativas.
Mercadante criticou ainda o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, dizendo que ele jamais faria parte de sua equipe. "Esse que está aí nunca entraria em meu governo".
O senador disse que os critérios para escolher um secretário para a pasta, caso seja eleito, são "competência técnica" e "vivência na área".
Segundo o petista, existem boas opções. "Pode ter certeza de que farei uma bela escolha", afirmou.
Platéia barulhenta
A platéia da sabatina por diversas vezes interrompeu a entrevista com manifestações, aplausos, risos e comentários. A maioria era formada por apoiadores do candidato petista. Em alguns momentos, os entrevistadores precisaram pedir silêncio aos espectadores.
Após uma discussão, um homem se levantou e foi embora. Ele estava criticando Mercadante, mas foi "censurado" pelos militantes petistas da platéia. Algum tempo depois, o episódio motivo de piada do candidato do PT. "Tucano é bom de bico, mas não agüenta o tranco", brincou, arrancando risos.
Toda vez que Mercadante criticava a suposta perseguição que sofre da imprensa --incluindo a Folha--, Mercadante era aplaudido fervorosamente.
A ponto de ele até ter comentado que havia muitos militantes do PT no auditório do Teatro Folha, onde aconteceu a sabatina. "A militância é a alma do PT. Nunca nenhum partido vai ter isso", disse.
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