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01/09/2006
-
10h10
da Folha de S.Paulo
O diretor de Redação da Folha, Otavio Frias Filho, e o de "O Estado de S. Paulo", Sandro Vaia, reunidos ontem em São Paulo no debate de encerramento do 6º Congresso Brasileiro de Jornais, disseram que o jornalismo impresso vive um momento de crise.
Frias Filho falou das ameaças que o "jornalismo que se propõe de qualidade" sofre pela "superoferta de informação barata", advinda principalmente da internet. Sandro Vaia afirmou que a "crise de identidade" é provocada pelas "transformações tecnológicas e pelas mudanças comportamentais da sociedade".
Os dois discutiam "Para onde vai o Brasil? Qual é o papel dos jornais nessa trajetória?", tema do debate de que participaram ainda o antropólogo Roberto DaMatta e os diretores de Redação Marcelo Rech, do "Zero Hora", e Josemar Gimenez, dos diários "Correio Braziliense" e "O Estado de Minas".
Contradição social
DaMatta fez a exposição inicial, defendendo que a sociedade brasileira concilia a utopia moderna da igualdade de todos perante a lei com o desejo de manutenção de relações pessoais, aristocratizantes, que valorizam a distinção social. O trabalho de mediação entre esses desejos opostos, afirmou DaMatta, cabe ao jornalismo (tanto quanto ao Estado).
"O grande desafio do jornalismo e da sociedade brasileira está em como transitar de uma sociedade de viés pessoal e aristocrático para uma sociedade igualitária", declarou.
Os dois jornalistas a falar em seguida, Gimenez e Rech, defenderam a importância do jornalismo para o cumprimento dessa missão, manutenção das liberdades individuais, combate aos privilégios e à corrupção.
"Sobre o tema da corrupção, o país está vivendo um momento diferente, as instituições se posicionam de forma diferente, mas alguns atores ainda não entenderam isso muito bem", disse Gimenez.
Rech declarou que "crescer a circulação de jornais é fundamental para ajudar a mudar o país", idéia de alguma maneira retomada por Frias Filho ao dizer que a "principal contribuição" que os jornais podem dar para tentar superar os principais problemas do país "seria, antes de mais nada, sobreviverem, e sobreviverem bem".
Incerteza
O diretor de Redação da Folha afirmou que "há incerteza" sobre como o jornalismo de qualidade --aquele que tem compromisso com a verdade factual e preocupação com a dimensão pública das notícias-- pode sobreviver no meio eletrônico, já que é dispendioso e não se sabe se haverá receita publicitária suficiente na internet para bancá-lo.
Outro aspecto da crise vivida pelos jornais, disse Frias Filho, vem das "demandas contraditórias do próprio público". Segundo o diretor de Redação da Folha, os leitores pedem ao mesmo tempo um jornal mais acessível e fácil de ler, por um lado, e mais profundo, sério e analítico, por outro.
Ele criticou a idéia de que os jornais devem se resignar a um público menor. Disse que devem sair da "torre de marfim" e atender as novas demandas do leitor, mas sem perder sua "identidade pública". Citou a Índia, onde a circulação de jornais cresceu 33% nesta década.
Ainda de acordo com Frias Filho, os jornais têm vantagens comparativas: uma credibilidade que não é alcançada por nenhum outro meio de comunicação, capacidade de investigação maior que a das outras mídias e seguem sendo a "referência informativa" para o que aconteceu no dia anterior.
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Superoferta de informação é desafio para jornais, dizem diretores na ANJ
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O diretor de Redação da Folha, Otavio Frias Filho, e o de "O Estado de S. Paulo", Sandro Vaia, reunidos ontem em São Paulo no debate de encerramento do 6º Congresso Brasileiro de Jornais, disseram que o jornalismo impresso vive um momento de crise.
Frias Filho falou das ameaças que o "jornalismo que se propõe de qualidade" sofre pela "superoferta de informação barata", advinda principalmente da internet. Sandro Vaia afirmou que a "crise de identidade" é provocada pelas "transformações tecnológicas e pelas mudanças comportamentais da sociedade".
Os dois discutiam "Para onde vai o Brasil? Qual é o papel dos jornais nessa trajetória?", tema do debate de que participaram ainda o antropólogo Roberto DaMatta e os diretores de Redação Marcelo Rech, do "Zero Hora", e Josemar Gimenez, dos diários "Correio Braziliense" e "O Estado de Minas".
Contradição social
DaMatta fez a exposição inicial, defendendo que a sociedade brasileira concilia a utopia moderna da igualdade de todos perante a lei com o desejo de manutenção de relações pessoais, aristocratizantes, que valorizam a distinção social. O trabalho de mediação entre esses desejos opostos, afirmou DaMatta, cabe ao jornalismo (tanto quanto ao Estado).
"O grande desafio do jornalismo e da sociedade brasileira está em como transitar de uma sociedade de viés pessoal e aristocrático para uma sociedade igualitária", declarou.
Os dois jornalistas a falar em seguida, Gimenez e Rech, defenderam a importância do jornalismo para o cumprimento dessa missão, manutenção das liberdades individuais, combate aos privilégios e à corrupção.
"Sobre o tema da corrupção, o país está vivendo um momento diferente, as instituições se posicionam de forma diferente, mas alguns atores ainda não entenderam isso muito bem", disse Gimenez.
Rech declarou que "crescer a circulação de jornais é fundamental para ajudar a mudar o país", idéia de alguma maneira retomada por Frias Filho ao dizer que a "principal contribuição" que os jornais podem dar para tentar superar os principais problemas do país "seria, antes de mais nada, sobreviverem, e sobreviverem bem".
Incerteza
O diretor de Redação da Folha afirmou que "há incerteza" sobre como o jornalismo de qualidade --aquele que tem compromisso com a verdade factual e preocupação com a dimensão pública das notícias-- pode sobreviver no meio eletrônico, já que é dispendioso e não se sabe se haverá receita publicitária suficiente na internet para bancá-lo.
Outro aspecto da crise vivida pelos jornais, disse Frias Filho, vem das "demandas contraditórias do próprio público". Segundo o diretor de Redação da Folha, os leitores pedem ao mesmo tempo um jornal mais acessível e fácil de ler, por um lado, e mais profundo, sério e analítico, por outro.
Ele criticou a idéia de que os jornais devem se resignar a um público menor. Disse que devem sair da "torre de marfim" e atender as novas demandas do leitor, mas sem perder sua "identidade pública". Citou a Índia, onde a circulação de jornais cresceu 33% nesta década.
Ainda de acordo com Frias Filho, os jornais têm vantagens comparativas: uma credibilidade que não é alcançada por nenhum outro meio de comunicação, capacidade de investigação maior que a das outras mídias e seguem sendo a "referência informativa" para o que aconteceu no dia anterior.
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