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07/09/2006 - 20h54

Excluídos pedem revisão da privatização da Vale do Rio Doce

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FÁBIO AMATO
da Agência Folha, em Aparecida

A 12ª edição do Grito dos Excluídos realizada em Aparecida (167 km de São Paulo) pregou a revisão da privatização da Companhia Vale do Rio Doce e a adoção pelo governo federal de plebiscitos e referendos para que a população possa decidir diretamente os rumos do país.

Um dos coordenadores nacionais do Grito dos Excluídos, Ary Alberti, disse que o modelo de democracia representativa, em que a população é representada pelos partidos políticos, fracassou porque não foi capaz de alcançar as mudanças econômicas e sociais reivindicadas pela maioria.

"A democracia representativa se esgotou como ferramenta de transformação. As barganhas necessárias para garantir a governabilidade impedem que uma mudança aconteça", disse Alberti durante o evento, que reuniu cerca de 5 mil pessoas em frente à basílica de Nossa Senhora Aparecida. A principal ausência no evento foi a do líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Pedro Stedile.

De acordo com Alberti, a partir de agora o movimento irá pressionar o governo federal para que a população seja chamada a opinar, através de plebiscitos e referendos, sobre os diversos projetos relacionados ao futuro do país. Uma consulta sobre a anulação da privatização da Vale do Rio Doce e outra pedindo uma auditoria na dívida pública, segundo o coordenador, serão as primeiras reivindicações do grupo.

Caso o governo não aceite, novos plebiscitos populares serão realizados, nos moldes daqueles organizados em 2000 e 2002, respectivamente sobre a dívida externa e a entrada do país na Alca (Área de Livre Comércio das Américas), e que contaram com a participação de cerca de 10 milhões de pessoas. "A privatização da Vale foi na verdade uma doação, que lesou a nossa pátria, e a população precisa saber disso", disse.

Para Alberti, o principal desafio do Grito será mobilizar a população em torno dessas propostas, já que, segundo ele, muitos estão apáticos diante dos escândalos envolvendo o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de quem "se esperava muito mais."

O coordenador também fez um balanço das conquistas do Grito dos Excluídos: "Doze anos é pouco tempo. O Brasil tem uma cultura de mais de 500 anos de submissão. Mas conseguimos dar alguns passos. Na primeira edição do Grito, tivemos manifestações em 170 lugares. Neste ano elas acontecerão em mais de mil pontos, em todos os Estados."

Missa

Na missa que se seguiu ao Grito dos Excluídos, realizada na basílica, o arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno, pediu para que os católicos exerçam o direito ao voto, escolhendo "candidatos honestos e comprometidos com o povo brasileiro".

"O cristão não deve desanimar diante dos insucessos, das dificuldades, da crise ética que estamos vivendo, da falta de paz nas cidades, dos atentados contra a vida, desde a sua concepção. Apoiado na graça de Deus, o cristão deve continuar lutando na busca de uma sociedade mais justa e humana, onde todos possam viver com dignidade e paz."

Especial
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