20/09/2006 - 08h17

Sede do Incra sofre atentado no Paraná

JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina

A sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Cascavel (PR) foi atingida ontem por três coquetéis molotov. Segundo o delegado da PF em Cascavel, Geraldo Conceição, o atentado visava incendiar o prédio, uma edificação de madeira.

"Não fosse o vigilante ter sido diligente, o prédio todo poderia ter sido queimado", disse Conceição. Ontem, peritos da PF isolaram o local e procuraram impressões digitais nos restos das garrafas pet usadas para preparação das bombas.

O superintendente do Incra no Paraná, Celso Lacerda, disse não ter dúvidas de que a ação foi criminosa. "Resta saber quem teria interesse no atentado", disse.

O delegado Conceição disse que os laudos da perícia técnica irão ajudar a elucidar o caso, mas não descartou nenhuma hipótese sobre os responsáveis pelo atentado.

"A região vive tenso clima de disputa agrária. Existe na região o MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra], o MLST [Movimento de Libertação dos Sem Terra] e ruralistas exaltados", disse.

Há uma semana, em protesto contra a falta de cumprimento, pelo governo do Paraná, de reintegrações de posse na região, ruralistas bloquearam a BR-277, nas proximidades de Cascavel. Há quatro meses, uma coordenadora do MLST foi morta em um acampamento às margens da BR-277, entre Corbélia e Cascavel.

Segundo o superintendente do Incra, se o atentado visava destruir documentos sobre disputas agrárias na região, os responsáveis iriam se "frustrar". Lacerda afirmou que todos os documentos do órgão em Cascavel foram microfilmados. "A gente sabia da fragilidade do prédio, que é de madeira. Por isso, toda documentação lá existente é microfilmada, por uma questão de segurança."

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