Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
20/09/2006 - 09h49

"República de sindicalistas" de Lula forjou laços na CUT

Publicidade

CLAUDIA ROLLI
da Folha de S.Paulo

Antes de chegarem ao poder, os dirigentes sindicais que ocuparam (ou ainda ocupam) cargos na "república de sindicalistas", comandada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já mantinham relações de amizade na CUT (Central Única dos Trabalhadores), maior central da América Latina.

Ao menos 44 ex-sindicalistas chegaram a integrar em 2004 os vários escalões do Executivo, como ministros, assessores, secretários, presidentes de estatais e dirigentes de entidades ligadas ao governo federal.

A troca de experiências no movimento sindical, em cargos que permitiam ter acesso a informações sobre recursos públicos e como obtê-los, foi fundamental para que os cutistas transferissem esse "know-how" para as campanhas de Lula à Presidência, segundo a Folha apurou com dirigentes que fundaram a central sindical.

Jorge Lorenzetti, apontado como intermediário da negociação do dossiê contra os tucanos, foi secretário de formação política da CUT anos 90. Teve contatos com sindicatos internacionais, com os quais teria conseguido financiamentos para programas da CUT.

Também nessa época, Delúbio Soares ocupou o cargo de tesoureiro da CUT e chegou a representar a entidade no Conselho Deliberativo do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), órgão que administra os recursos do fundo.

Ex-tesoureiro do PT, Soares é um dos envolvidos no esquema ilegal de repasse de dinheiro intermediado pelo publicitário Marcos Valério.

Lorenzetti ainda é apontado por ser o responsável pela aproximação da CUT e José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil. Dirceu nega o elo com Lorenzetti --licenciado desde março de uma diretoria do Banco do Estado de Santa Catarina para cuidar da campanha presidencial de Lula.

"[As ligações] são uma mesquinha manipulação jornalística para tentar me associar aos acontecimentos. Coisas da oposição", afirmou Dirceu ontem em seu blog.

Soares e Dirceu integram a lista dos 40 denunciados pela Procuradoria-Geral da República de envolvimento no escândalo do mensalão.

Ex-diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (hoje, do ABC) e ex-chefe de gabinete do ministro Luiz Marinho (Trabalho), Oswaldo Bargas também teve seu nome associado a oferta de dossiês. Ele teria oferecido os documentos à revista "Época".

É a segunda vez que o nome de Bargas aparece associado a dossiês. Em 2003, foi apontado pela revista "Veja" como integrante de um suposto grupo de "blindagem eleitoral" que preparava dossiês contra adversários do então candidato Lula nas eleições de 2002. Ele nega.

Carlos Alberto Grana, ex-diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que na ocasião da campanha e hoje presidente da CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos) da CUT, é citado na mesma reportagem como o responsável pela parte "logística" do grupo. Na ocasião, Grana negou existir a equipe de "blindagem". A Folha não o localizou ontem.

Esse grupo, cujo QG seria em São Paulo, teria levantado documentos que ligavam Paulo Pereira da Silva, hoje presidente licenciado da Força Sindical e então candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes, a supostas irregularidades no uso do FAT. Após a notícia, Pereira da Silva deixou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o "Conselhão" e rompeu com o governo Lula.

Leia mais
  • Entenda o caso do dossiê contra os tucanos

    Especial
  • Leia cobertura completa das eleições 2006
  • Leia cobertura completa da máfia das sanguessugas
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página