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22/09/2006
-
08h17
FRANCISCO FIGUEIREDO
da Agência Folha
A "tradução para surdos" na propaganda eleitoral de TV ainda não tem cumprido o seu papel, segundo pessoas com deficiência auditiva entrevistadas pela Folha.
Uma resolução de junho do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) estabeleceu que, na propaganda eleitoral da TV, os partidos utilizem a Libras (Linguagem Brasileira de Sinais) ou legendas.
Para Anahi Guedes de Mello, 31, presidente do Centro de Vida Independente de Florianópolis, o tamanho das imagens, a velocidade com que os sinais são feitos, a falta de contraste com o fundo e até mesmo a pouca prática de alguns dos intérpretes fazem com que boa parte das propagandas continue incompreensível para esses eleitores.
"Os primeiros passos foram dados, o que já é um bom começo. Mas ainda falta bastante para uma eleição realmente acessível", disse ela, que foi entrevistada por e-mail.
Segundo Neivaldo Augusto Zovico, 40, diretor da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, a parte menos compreensível é aquela em que o intérprete tenta informar o nome e o número dos candidatos. Ao contrário de conceitos gerais, para os quais há sinais próprios feitos com a ajuda dos braços e da expressão, os nomes precisam ser "soletrados" manualmente.
No entanto, substituir a Libras pela legenda escrita não é considerada por eles uma solução. "O ideal é ter os dois, pois temos de respeitar todos", afirmou Zovico, também entrevistado por e-mail. Ele acha que os diretores dos programas resistem ao oferecimento simultâneo por avaliarem que isso poluiria a tela.
"É uma realidade que muitos surdos não lêem bem, ainda mais na velocidade em que aparecem as legendas no horário eleitoral", disse Ana Maria Barbosa, coordenadora da Rede Saci (Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação), que conhece a Libras apesar de não ter deficiência auditiva. A maioria também têm dificuldades para fazer leitura labial na TV. "Os partidos não tentam passar conteúdo, tentam só cumprir burocraticamente a norma", disse Barbosa.
Segundo o IBGE, 5,7 milhões de brasileiros têm alguma deficiência auditiva, segundo o senso de 2000. Com base nesse número, estima-se que 166.400 têm surdez total --de acordo com Mello, 30% deles são usuários da Libras.
Para o presidente do TSE, ministro Marco Aurélio Mello, a norma de junho vem sendo respeitada. "De qualquer forma, o aperfeiçoamento é constante. O que buscamos é proporcionar a eles uma forma de poderem escolher os candidatos. Vamos ver o que fazemos já para as eleições municipais de 2008", afirmou. Uma das idéias em discussão é obrigar também as emissoras que organizem debates a disponibilizar Libras e legendas na transmissão.
Especial
Leia cobertura completa das eleições 2006
Na TV, partidos descumprem regras, dizem surdos
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da Agência Folha
A "tradução para surdos" na propaganda eleitoral de TV ainda não tem cumprido o seu papel, segundo pessoas com deficiência auditiva entrevistadas pela Folha.
Uma resolução de junho do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) estabeleceu que, na propaganda eleitoral da TV, os partidos utilizem a Libras (Linguagem Brasileira de Sinais) ou legendas.
Para Anahi Guedes de Mello, 31, presidente do Centro de Vida Independente de Florianópolis, o tamanho das imagens, a velocidade com que os sinais são feitos, a falta de contraste com o fundo e até mesmo a pouca prática de alguns dos intérpretes fazem com que boa parte das propagandas continue incompreensível para esses eleitores.
"Os primeiros passos foram dados, o que já é um bom começo. Mas ainda falta bastante para uma eleição realmente acessível", disse ela, que foi entrevistada por e-mail.
Segundo Neivaldo Augusto Zovico, 40, diretor da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, a parte menos compreensível é aquela em que o intérprete tenta informar o nome e o número dos candidatos. Ao contrário de conceitos gerais, para os quais há sinais próprios feitos com a ajuda dos braços e da expressão, os nomes precisam ser "soletrados" manualmente.
No entanto, substituir a Libras pela legenda escrita não é considerada por eles uma solução. "O ideal é ter os dois, pois temos de respeitar todos", afirmou Zovico, também entrevistado por e-mail. Ele acha que os diretores dos programas resistem ao oferecimento simultâneo por avaliarem que isso poluiria a tela.
"É uma realidade que muitos surdos não lêem bem, ainda mais na velocidade em que aparecem as legendas no horário eleitoral", disse Ana Maria Barbosa, coordenadora da Rede Saci (Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação), que conhece a Libras apesar de não ter deficiência auditiva. A maioria também têm dificuldades para fazer leitura labial na TV. "Os partidos não tentam passar conteúdo, tentam só cumprir burocraticamente a norma", disse Barbosa.
Segundo o IBGE, 5,7 milhões de brasileiros têm alguma deficiência auditiva, segundo o senso de 2000. Com base nesse número, estima-se que 166.400 têm surdez total --de acordo com Mello, 30% deles são usuários da Libras.
Para o presidente do TSE, ministro Marco Aurélio Mello, a norma de junho vem sendo respeitada. "De qualquer forma, o aperfeiçoamento é constante. O que buscamos é proporcionar a eles uma forma de poderem escolher os candidatos. Vamos ver o que fazemos já para as eleições municipais de 2008", afirmou. Uma das idéias em discussão é obrigar também as emissoras que organizem debates a disponibilizar Libras e legendas na transmissão.
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