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04/10/2000 - 20h25

Madeireiros do Peru podem estar agindo em reserva indígena brasileira

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KÁTIA BRASIL
da Agência Folha, em Manaus

O Conselho Indígena do Vale do Javari (Civaja) denunciou, em carta encaminhada hoje ao Ministério da Justiça, a invasão de madeireiros peruanos e brasileiros à reserva onde vivem 12 etnias indígenas, incluindo os maiurunas, marubos, culinas e matis.

A reserva, de 8,5 milhões de hectares, está localizada em Atalaia do Norte (1.138 km a oeste de Manaus), na fronteira do Brasil com o Peru. Lá vivem cerca de 3.500 índios, incluindo os de recente contato, os corubos, e mais dois grupos ainda não identificados pela Funai.

Em 1997, a Polícia Federal destruiu na reserva uma pista clandestina usada por narcotraficantes. "A situação se agrava mais ainda devido ao conflito com o narcotráfico que ocorre na fronteira com a Colômbia", disse Manuel da Silva, assessor da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira.

No vale do rio Javari, os madeireiros já teriam extraído 280 toras de mogno e cedro para comercializar no Peru. A exploração acontece na região do rio Batã, próximo às comunidades dos índios maiurunas.

"Os invasores destruíram as placas de identificação da demarcação da área indígena. Nosso medo é de confronto com os índios", disse por telefone, à Agência Folha, o índio marubo Clóvis Rufino.

Para comercializar as toras no Peru, segundo Rufino, os madeireiros descem com as jangadas (comboio de toras) o rio Javari, cruzam as vilas brasileiras de Palmeiras e Estirão do Equador e chegam na cidade peruana de Angamo. "No Peru, eles legalizam a madeira", afirmou Rufino.

"A Funai não tem estrutura para fiscalizar, a Polícia Federal diz que não tem diárias para pagar os agentes. O Ibama daqui está envolvido com a política. O governo precisa fazer algo rápido", disse.

Hoje, a Funai e o Ibama não tinham conhecimento do caso. "A área é problemática, porque o difícil acesso impede que a fiscalização chegue lá", disse o chefe da Frente de Índios Isolados da Funai, Rieli Franciscato.

"Não chegou nada oficial com relação a esse assunto", afirmou o chefe de Fiscalização do Ibama do Amazonas, Adilson Cordeiro.

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