Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/09/2006 - 15h27

Mantega diz que identificação de origem de dinheiro não será feita às pressas

Publicidade

KAREN CAMACHO
da Folha Online

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta terça-feira que a suposta tentativa de compra de um dossiê por integrantes do PT para vincular o ex-ministro José Serra com a máfia das ambulâncias foi um "tiro no pé".

"Condeno essa atitude desastrosa", afirmou ele durante palestra para empresários em São Paulo. "Repudiamos esse comportamento, que consideramos infeliz, inapropriado e desnecessário para a vida democrática do país."

Mantega minimizou ainda as críticas que o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) vem recebendo da oposição sobre a demora para localizar a origem do dinheiro que compraria o dossiê.

"O Coaf tem milhares de operações acima de R$ 100 mil que são acompanhadas, que são as operações identificadas. É possível que as operações tenham sido feitas abaixo de R$ 100 mil. Ou pode ser que tenham sido feitas de contas legítimas, corretas. Não podemos exigir que esses órgãos tenham resposta imediata, de última hora, porque poderiam cometer erros."

Segundo ele, o Coaf dará as informações necessárias para os órgãos competentes. "O Coaf está trabalhando e quando tiver a resposta, e se tiver, porque há coisas que não é possível apurar, serão transmitidas para órgãos competentes."

Voto do empresariado

Durante o almoço, os empresários responderam uma pesquisa de intenção de voto e 95% disseram que vão votar no tucano Geraldo Alckmin e 5% no petista Luiz Inácio Lula da Silva. Para 57% dos presentes, Alckmin será eleito presidente.

Mantega considerou o resultado uma "contradição" porque, segundo ele, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, "a economia cresceu pouco, com aumento de impostos e deixou a economia desequilibrada".

Para ele, o resultado da pesquisa pode significar "que Alckmin é o candidato da elite e de uma classe bem restrita que é o cume da pirâmide social".

O caso do dossiê

A 15 dias das eleições, a Polícia Federal apreendeu vídeo, DVD e fotos que mostram o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, na entrega de ambulâncias da máfia dos sanguessugas.

O material contra Serra seria entregue pelo empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe dos sanguessugas e sócio da Planam, a Gedimar Pereira Passos, advogado e ex-policial federal, e Valdebran Padilha da Silva, filiado ao PT do Mato Grosso.

Gedimar e Valdebran foram presos, em São Paulo, com R$ 1,7 milhão. Eles estavam no hotel Ibis, e aguardavam por um emissário do empresário, que levaria o dossiê contra o tucano. O PT nega que o dinheiro seja do partido.

O emissário seria o tio do empresário, Paulo Roberto Dalcol Trevisan. A pedido de Vedoin, o tio entregaria em São Paulo o documento a Valdebran e Gedimar. Os quatro envolvidos foram presos pela Polícia Federal.

Em depoimento à PF, Gedimar disse que foi 'contratado pela Executiva Nacional do PT' para negociar com a família Vedoin a compra de um dossiê contra os tucanos, e que do pacote fazia parte entrevista acusando Serra de envolvimento na máfia.

Ele disse ainda que seu contato no PT era alguém de nome 'Froud ou Freud'. Após a denúncia, o assessor pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Freud Godoy, pediu afastamento do cargo. Ele nega as acusações.

Após o episódio, outros nomes ligados ao PT começaram a ser relacionados ao dossiê. Esse é o caso do ex-coordenador da campanha à reeleição de Lula, Ricardo Berzoini, presidente do PT. Seu ex-secretário no Ministério do Trabalho Oswaldo Bargas (coordenador de programa de governo da campanha) e Jorge Lorenzetti --analista de mídia e risco do PT e churrasqueiro do presidente-- procuraram a revista 'Época' para oferecer o dossiê.

Lorenzetti foi afastado do cargo e Berzoini deixou a coordenação da campanha de Lula, mas, por enquanto, permanece na presidência do partido.

O ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Afonso Veloso também foi afastado da instituição, após denúncia sobre seu suposto envolvimento com o dossiê. Valdebran disse que recebeu parte do dinheiro de uma pessoa chamada 'Expedito'. Ele teria participado da operação de montagem e divulgação do documento.

Em São Paulo, o candidato ao governo Aloizio Mercadante (PT) afastou o coordenador de comunicação da campanha Hamilton Lacerda, que teria articulado a publicação de uma reportagem na 'IstoÉ' contra Serra.



Leia mais
  • Entenda o caso do dossiê
  • Saiba mais sobre o dossiê
  • PF prende empresário sanguessuga e apreende R$ 1,7 mi com integrante do PT
  • Crise do dossiê derruba Berzoini e assessor de Mercadante em SP

    Especial
  • Leia cobertura completa das eleições 2006

  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página