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01/10/2006 - 09h43

Licitação reforça indícios contra Barjas Negri

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MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha, em Campinas

Uma licitação da Prefeitura de Jaciara (MT) da qual apenas uma empresa participou reforça os indícios de um possível elo entre o empresário Abel Pereira, o ex-prefeito da cidade mato-grossense Valdizete Martins Nogueira (PPS) e o prefeito de Piracicaba (SP) e ex-ministro da Saúde, Barjas Negri (PSDB).

A Construtora e Pavimentadora Cicat Ltda., empresa de Abel com sede em Piracicaba, foi a única a participar da licitação para construir um hospital em Jaciara, de acordo com levantamento da atual administração da prefeitura da cidade.

A Cicat venceu a licitação para executar as obras do hospital, no dia 18 de dezembro de 2002, último mês de Barjas no ministério. O dinheiro foi liberado por Barjas por meio de um convênio com a prefeitura. Assinam o convênio Abel e Valdizete. Abel e sua família têm fazendas em Jaciara.

Valdizete foi citado por Darci e Luiz Antônio Vedoin, donos da Planam e líderes da máfia dos sanguessugas, como receptor de um cheque de Abel, fruto de propina para liberação de recursos durante a gestão Barjas no ministério, em 2002, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

A Polícia Federal, a CGU (Controladoria-Geral da União) e fiscais do Ministério da Saúde estiveram recentemente em Jaciara, segundo a prefeitura, e levaram cópias de todos os documentos. O Hospital Cristo Redentor foi inaugurado oficialmente em 2004, mas apresenta diversas irregularidades e continua fechado para o atendimento da população.

Após analisar a licitação, a prefeitura informou ainda que o mesmo convênio incluía a compra de diversos aparelhos hospitalares a uma valor total de R$ 147,3 mil. Neste caso, a vencedora foi a Manoel Vilela de Medeiros-ME --empresa considerada pela Polícia Federal uma das laranjas da Planam no esquema das sanguessugas.

Uma vistoria técnica realizada entre junho e julho deste ano por fiscais do Ministério da Saúde nas obras do hospital constatou que "o projeto de arquitetura executado apresenta-se totalmente em desacordo com o aprovado" e que "há incompatibilidade entre notas fiscais e boletins de medição".

Barjas confirmou ontem à Folha que Abel esteve uma vez no Ministério da Saúde, acompanhado de Valdizete, para tratar do convênio do hospital de Jaciara. No entanto, ele negou irregularidades no convênio.

A assessoria jurídica de Abel disse que a Cicat foi a única empresa a participar da licitação apenas porque nenhuma outra teria se candidatado. A assessoria disse ainda que a Cicat repassou as obras de ampliação do hospital para outra empresa, em 2003. De acordo com a assessoria jurídica, a Cicat tem um braço da empresa em Jaciara que atua no ramo de agropecuária e a família tem fazendas na cidade há cerca de 15 anos e, por isso, decidiu entrar na concorrência para executar as obras.

Abel e Barjas negaram envolvimento com o esquema das sanguessugas. Valdizete foi procurado ontem, mas não foi localizado. Em entrevista anterior, Valdizete confirmou que conhece Abel e os Vedoin, mas negou envolvimento com irregularidades.

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