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06/10/2000
-
03h22
da Folha de S.Paulo
Intelectuais ligados ao PT, dirigentes petistas e políticos que apóiam a candidatura de Marta Suplicy (PT) criticam o encontro entre os senadores Eduardo Suplicy (PT) e Romeu Tuma (PFL), ocorrido na última segunda-feira. Segundo Suplicy, o objetivo da conversa era obter o reconhecimento de Tuma de que Marta "administrará a prefeitura dentro dos princípios éticos e no combate implacável à corrupção".
Tuma havia dito após o primeiro turno que apoiaria um candidato que defendesse essa linha.
O advogado Fábio Konder Comparato, professor da Faculdade de Direito da USP, disse que "há uma tendência muito forte no PT para deixar de ser um partido de transformação social para se transformar em um partido com capacidade de chegar ao poder pela via eleitoral".
Ele diz ter receio de que "os partidários dessa segunda posição sacrifiquem valores fundamentais do partido" e adverte: "Se o partido decidir jogar o jogo eleitoral em posição igual à dos outros partidos, não darei mais apoio".
Comparato classificou como "uma desculpa esfarrapada" a alegação de Marta, segundo a qual Tuma teria demonstrado preocupações éticas na campanha do primeiro turno.
Maria Victoria Benevides, professora de sociologia da Faculdade de Educação da USP, diz que "o PT tem um compromisso de princípio com a ética" e que isso "não pode ser mudado por questões eleitorais".
Ela afirma que "o erro" não vai abalar seu apoio à candidatura de Marta, mas diz que não vê diferenças ideológicas entre Tuma e o candidato Paulo Maluf (PPB).
A deputada federal Luiza Erundina (PSB), que perdeu as eleições municipais no primeiro turno e já declarou apoio a Marta, disse que Suplicy cometeu "um equívoco", que "descontenta importantes setores do partido e da sociedade".
"Não se pode querer a vitória a qualquer preço. Tuma é um cara que não tem identidade nenhuma conosco. A coerência deveria ser o maior patrimônio da esquerda."
Marco Aurélio Garcia, secretário de Relações Internacionais do PT, disse que o encontro "criou um constrangimento grande em amplos setores da sociedade". Ele classificou a reunião como "desnecessária".
Na Câmara Municipal, a questão é controversa. O vereador Ítalo Cardoso (PT) criticou a atitude de do senador Suplicy, mas José Mentor (PT) o apoiou.
"Foi uma precipitação. Uma coisa é Tuma dizer que vai votar na Marta, ninguém pode proibi-lo. Mas havia pessoas muito mais importantes para ele procurar, como os quadros do PSDB estadual", disse Ítalo.
"Talvez a forma e o momento não tenham sido os mais adequados, mas também não vejo esse Carnaval todo", disse Mentor.
Outro lado
Suplicy diz ter clareza das divergências entre Tuma e o PT, mas afirma que "é importante o reconhecimento pelo senador Tuma de que Marta Suplicy simboliza a ética, a justiça social e a transparência na administração".
Marta negou que o PT tenha pedido apoio de Tuma, mas reafirmou que "todo apoio será bem-vindo". "Ele (o senador Suplicy) não foi pedir apoio, foi agradecer", limitou-se a dizer, comentando o encontro dos dois senadores no início da semana.
Ontem, Marta, que vinha dizendo ter entendido como apoio declarações de Tuma em defesa da ética na cidade, disse não estar decepcionada com a decisão do PFL de neutralidade no segundo turno. "O PFL não é um partido relacionado ao PT. Estou interessada nas pessoas que votaram no PFL, e o voto não se transfere assim. Não basta o partido apoiar e pumba, vai todo o eleitorado. Mas todo apoio é bem vindo", disse.
Clique aqui para ler mais sobre política na Folha Online.
Petistas criticam ida de Suplicy a Tuma
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Intelectuais ligados ao PT, dirigentes petistas e políticos que apóiam a candidatura de Marta Suplicy (PT) criticam o encontro entre os senadores Eduardo Suplicy (PT) e Romeu Tuma (PFL), ocorrido na última segunda-feira. Segundo Suplicy, o objetivo da conversa era obter o reconhecimento de Tuma de que Marta "administrará a prefeitura dentro dos princípios éticos e no combate implacável à corrupção".
Tuma havia dito após o primeiro turno que apoiaria um candidato que defendesse essa linha.
O advogado Fábio Konder Comparato, professor da Faculdade de Direito da USP, disse que "há uma tendência muito forte no PT para deixar de ser um partido de transformação social para se transformar em um partido com capacidade de chegar ao poder pela via eleitoral".
Ele diz ter receio de que "os partidários dessa segunda posição sacrifiquem valores fundamentais do partido" e adverte: "Se o partido decidir jogar o jogo eleitoral em posição igual à dos outros partidos, não darei mais apoio".
Comparato classificou como "uma desculpa esfarrapada" a alegação de Marta, segundo a qual Tuma teria demonstrado preocupações éticas na campanha do primeiro turno.
Maria Victoria Benevides, professora de sociologia da Faculdade de Educação da USP, diz que "o PT tem um compromisso de princípio com a ética" e que isso "não pode ser mudado por questões eleitorais".
Ela afirma que "o erro" não vai abalar seu apoio à candidatura de Marta, mas diz que não vê diferenças ideológicas entre Tuma e o candidato Paulo Maluf (PPB).
A deputada federal Luiza Erundina (PSB), que perdeu as eleições municipais no primeiro turno e já declarou apoio a Marta, disse que Suplicy cometeu "um equívoco", que "descontenta importantes setores do partido e da sociedade".
"Não se pode querer a vitória a qualquer preço. Tuma é um cara que não tem identidade nenhuma conosco. A coerência deveria ser o maior patrimônio da esquerda."
Marco Aurélio Garcia, secretário de Relações Internacionais do PT, disse que o encontro "criou um constrangimento grande em amplos setores da sociedade". Ele classificou a reunião como "desnecessária".
Na Câmara Municipal, a questão é controversa. O vereador Ítalo Cardoso (PT) criticou a atitude de do senador Suplicy, mas José Mentor (PT) o apoiou.
"Foi uma precipitação. Uma coisa é Tuma dizer que vai votar na Marta, ninguém pode proibi-lo. Mas havia pessoas muito mais importantes para ele procurar, como os quadros do PSDB estadual", disse Ítalo.
"Talvez a forma e o momento não tenham sido os mais adequados, mas também não vejo esse Carnaval todo", disse Mentor.
Outro lado
Suplicy diz ter clareza das divergências entre Tuma e o PT, mas afirma que "é importante o reconhecimento pelo senador Tuma de que Marta Suplicy simboliza a ética, a justiça social e a transparência na administração".
Marta negou que o PT tenha pedido apoio de Tuma, mas reafirmou que "todo apoio será bem-vindo". "Ele (o senador Suplicy) não foi pedir apoio, foi agradecer", limitou-se a dizer, comentando o encontro dos dois senadores no início da semana.
Ontem, Marta, que vinha dizendo ter entendido como apoio declarações de Tuma em defesa da ética na cidade, disse não estar decepcionada com a decisão do PFL de neutralidade no segundo turno. "O PFL não é um partido relacionado ao PT. Estou interessada nas pessoas que votaram no PFL, e o voto não se transfere assim. Não basta o partido apoiar e pumba, vai todo o eleitorado. Mas todo apoio é bem vindo", disse.
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