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06/10/2006 - 22h05

Berzoini será ouvido sobre crise do dossiê

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HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Cuiabá
LEONARDO SOUZA
Enviado especial da Folha a Cuiabá

A Polícia Federal decidiu hoje que ouvirá o presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini, sobre o caso do dossiê contra tucanos. Não foi definida a data do depoimento. Deputado federal, Berzoini tem prerrogativa para decidir em que local será ouvido.

Berzoini se afastou hoje do cargo de presidente do partido. Em nota, negou envolvimento com o dossiê oferecido a petistas pelo empresário Luiz Antonio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas, preso em Cuiabá (MT) no dia 15 de setembro após negociar o material.

A reportagem deixou recado no celular e fez contato com o gabinete da Câmara para falar com Berzoini sobre a decisão da PF, mas não obteve retorno do deputado.

No inquérito aberto para apurar a montagem do dossiê, a PF suspeita de participação de Berzoini no episódio e analisa ligações telefônicas entre ele e envolvidos com a negociação de compra do material contra os tucanos.

Os principais envolvidos são Hamilton Lacerda, ex-coordenador de campanha do senador Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo, Oswaldo Bargas e Jorge Lorenzetti, que trabalhavam na campanha de reeleição de Lula, e Expedito Veloso, ex-diretor do Banco do Brasil.

A Executiva Nacional do PT decidiu hoje expulsar os quatro do partido.

Cinco dias após o início do escândalo, Berzoini admitiu que sabia que Bargas, um de seus subordinados na campanha de Lula, manteve contatos com a revista "Época". Conforme a revista, Bargas junto com Lorenzetti ofereceu a um repórter "denúncias fortes contra o PSDB".

Na tarde de hoje, a PF recebeu da operadora Claro, de telefonia celular, informações sobre a quebra de sigilos de quatro telefones celulares e relação com os nomes das pessoas que são donas de outros 13 telefones cujos números aparecem nas investigações.

O conjunto da quebra inclui o pedido dos extratos telefônicos de Hamilton.

Peça-chave na investigação, Hamilton foi flagrado pelo sistema interno de câmeras do hotel Ibis Congonhas, em São Paulo, no momento em que deixou no apartamento de Gedimar Passos uma mala preta, na qual estaria pelo menos parte do R$ 1,75 milhão que seriam usados para pagar o dossiê.

Dinheiro

A PF identificou a primeira ligação entre os emissários petistas envolvidos na compra do dossiê e as corretoras e casas de câmbio por meio das quais foi negociada parte dos dólares que seriam utilizados para obter o material.

A análise de sucessivas quebras de sigilo telefônico revelou a existência de uma chamada, originada de um orelhão público próximo a uma agência da corretora Confidence, em Florianópolis, para um dos investigados pela PF.

O principal alvo da investigação da PF para rastrear o dono do dinheiro que financiaria a compra do dossiê são U$ 110 mil em cédulas seriadas, apreendidas por policiais em meio a um total de R$ 1,75 milhão, no hotel Ibis.

As notas chegaram ao Brasil como parte de uma operação de U$ 15 milhões, comprados pelo banco Sofisa, em 17 de agosto.

Por meio de 532 operações, o Sofisa vendeu o dinheiro estrangeiro para diversas corretoras, com agências em São Paulo, Campinas, Recife, Curitiba, Maringá e Joinville, além de Florianópolis.

Além da Confidence, as corretoras Action e Deboni, outras compradoras de parte do lote de dólares sob investigação, também têm agências em Florianópolis.

Hoje, o Banco Central encaminhou à PF um aprofundamento de dados financeiros também relacionados aos dólares suspeitos. Por determinação judicial, o BC forneceu aos investigadores os nomes das corretoras que compraram dólares de forma blocada, ou seja, em grupos de até 50 pessoas jurídicas.

Nesta modalidade de negociação, quando se faz o informe do contrato ao BC, o sistema registra a operação apenas com um número. Para saber o dono do negócio, é necessária uma nova análise de dados --o que foi pedido pela PF e hoje entregue pelo BC.

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