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09/10/2006 - 09h55

Diferença é que PT pune desvios, diz Olívio Dutra

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LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre

A ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último debate do primeiro turno, na TV Globo, foi um dos motivos para a definição da eleição presidencial ter sido adiada para o segundo turno. A opinião é do candidato petista ao governo gaúcho, Olívio Dutra.

De acordo com Olívio, em entrevista concedida para a Folha entre um encontro com o ministro Waldir Pires (Defesa) e gravações do programa eleitoral, conspiraram contra Lula a ausência no debate, os escândalos envolvendo o PT e o desgaste natural de ser governo.

Olivio foi o segundo colocado no primeiro turno (27,39% dos votos). Tem agora 32% dos votos válidos, contra 68% de Yeda Crusius, segundo pesquisa Ibope feita na última semana.

O petista diz que os problemas éticos enfrentados pelo partido oferecem uma oportunidade de o partido enfrentá-los --o que, diz ele, não ocorre com as outras siglas.

O Estado reproduz a disputa nacional entre PT e PSDB, mas neste caso, Olívio, 65, enfrenta o favoritismo de Yeda Crusius e o antipetismo que deu a Lula no Rio Grande do Sul uma de suas piores derrotas no primeiro turno --teve 33,07% dos votos válidos contra 55,76% de Geraldo Alckmin--, como resistência a seu projeto de voltar a governar o Estado que comandou entre 1995 e 1998.

Olívio disse que é necessária uma participação maior da população nas decisões do governo, citando o orçamento participativo como instrumento para isso. "O Estado, em todas as suas instâncias, deve estar sob controle público", diz. Leia os principais trechos da entrevista do ex-ministro das Cidades.

Folha - Como o sr. avalia os escândalos envolvendo o PT, em especial a compra do dossiê, e o que deve ser feito a respeito pelo partido?

Olívio Dutra -
Infelizmente, temos no PT atitudes desrespeitadoras da cidadania e do patrimônio ético do próprio PT. Isso existe em todos os partidos. A diferença é que punimos. As bases já decidiram, no ano passado, trocar a direção. Isso ocorreu. Não queremos que o PT seja o sal da terra, mas que também não entre no toma-lá-dá-cá. O importante é que o Estado brasileiro tem de estar sob maior controle público, para que, nos Três Poderes, haja a visão republicana do controle público. Com o orçamento participativo [consulta direta à população que Olívio adotou em sua administração e pretende implementar novamente no Rio Grande do Sul], isso ocorre. A população tem protagonismo. O Estado, em todas as suas instâncias, deve estar sob controle público. E isso implica, também, em mais controle do público sobre o governo.

Folha - Como seria esse controle público, na prática?

Olívio -
Com o orçamento participativo, podemos eliminar algumas práticas pouco republicanas e democráticas no nascedouro. Luto para que o presidente Lula seja reeleito, e isso ocorrerá em condições menos adversas, para ele implementar medidas que nos levem a mudanças. Mesmo assim, a Polícia Federal nunca trabalhou tão bem, e o Ministério Público Federal nunca teve tanto espaço como tem no atual governo.

Folha - Como são essas condições menos adversas? Uma base parlamentar maior, com novos partidos e novos compromissos? O governo Lula vai adotar o orçamento participativo defendido pelo sr.?

Olívio -
Tenho convicção de que a situação será menos adversa porque há uma consciência cívica e cidadã maior país afora. Não é só nas instituições. Nada substitui o ato de votar, mas a democracia tem de ser no dia-a-dia, tem de ser radicalizada. Com o orçamento participativo, propiciamos isso. Vamos, aqui no Estado, dar protagonismo para a cidadania. Temos, também, em todo o país, de nos comprometer com a reforma política, para melhorarmos e aperfeiçoarmos as instituições. Muitas coisas podem ainda ser feitas para radicalizarmos a democracia. O Estado não pode estar a serviço do privado, mas cada vez mais a serviço do público.

Folha - O que fez o presidente Lula ter uma votação tão fraca no Rio Grande do Sul? O mensalão, a compra do dossiê, o desgaste de ser governo ou tudo junto?

Olívio -
Tudo junto, evidentemente. Há o ônus de governar, o que é sempre natural. Mas é claro que contaminou também o caso do dossiê, o fato de [Lula] não ter ido ao último debate... A eleição verdadeira é agora. Teremos a oportunidade de fortalecer o debate de idéias.

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