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07/10/2000 - 03h35

Maluf perde apoio no setor de construção

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FREDERICO VASCONCELOS, da Folha de S.Paulo

As primeiras avaliações informais confirmam uma perda de espaço e de credibilidade de Paulo Maluf no setor da construção em São Paulo, área em que o candidato do PPB sempre circulou com bastante desenvoltura.

Marta Suplicy (PT) não é a candidata dos sonhos dos empreiteiros nem dos empresários da construção. Mas, em depoimentos abertos ou em confidências, confirma-se também nesse segmento o que o empresário Mario Amato chamou de "cansaço com os escândalos da corrupção".

"Eu voto por uma mudança. Eu votei no Geraldo Alckmin (PSDB) no primeiro turno. Vou votar como ele no segundo turno: vou votar na Marta", diz Artur Quaresma, presidente do Sinduscon (construção civil).

"Eu não voto na pessoa nem no partido. E enxergava uma grande mudança com o Geraldo (Alckmin). Acho que ainda temos chance de mudar. Vou jogar minhas fichas aí (em Marta Suplicy)", diz Quaresma.

O presidente do Sinduscon afirma que as propostas dos dois candidatos não são muito diferentes. "A diferença é como pretendem implementar essas propostas. O candidato que chamar a sociedade organizada terá mais chances de fazer as coisas", diz.

Paulo Godoy, presidente da Apeop (Associação Paulista dos Empresários de Obras Públicas), afirma que não há uma posição definida do setor da construção.

Pessoalmente, ele diz que não vê nenhum tipo de problema com uma administração do PT.

"O encontro entre Marta Suplicy e os empresários da construção foi muito bom. Com bastante equilíbrio", afirma Godoy.

"Maluf a gente já conhece. Respondeu a tudo com muita facilidade. Concordou com todas as colocações do setor", diz.

Godoy evita emitir opiniões pessoais. O mesmo comportamento tem Aluízio Guimarães Cupertino, presidente do Sinicesp (reúne empresas de pavimentação e construção de viadutos, avenidas e obras de saneamento).

"Não compete à classe ficar preocupada com eventuais resistências ao PT", afirma. "Estamos preocupados com o futuro. O setor está na expectativa de que, qualquer um que vença, consiga começar a investir, retomar áreas que foram paralisadas", diz.

Voto declarado

Empresários mais identificados com a chamada "base empresarial" declaram abertamente seu voto na petista Marta Suplicy.

"Eu perdi meu voto no primeiro turno, votei no Alckmin. Para o segundo, nenhum deles é o candidato dos meus sonhos. Mas não aguento mais a corrupção em São Paulo", diz Márcio Valente, primeiro coordenador do PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais).

Valente votará em Marta. "Não dá para compactuar com a indecência. Por mais que eu ache o PT um partido estreito e autoritário, do ponto de vista das contas públicas é um partido decente."

O PNBE está concluindo uma pesquisa de opinião com seus associados. No primeiro turno, 70% preferiam Alckmin (Marta e Erundina, 15% cada uma; Maluf não teve nenhum voto).

"Não acho o PT uma maravilha. Ele é responsável pela doença do corporativismo. Como o PT é radicalmente contra a corrupção, eu faria qualquer coisa para votar contra a corrupção", diz Valente.

Ricardo Young, presidente da Associação Brasileira de Franchising, também coordenador do PNBE, tem visão semelhante.

"O apoio à Marta é indiscutível. São Paulo tem que se unir numa cruzada contra o malufismo e todas as consequências deletérias", diz o empresário.

Se Mario Amato pregava, em 1989, que os empresários deixariam o país caso o PT chegasse ao Planalto, Young entende que o capital sairá ainda mais da cidade se Marta não chegar à prefeitura.

"São Paulo não terá uma segunda chance. Se não houver uma recuperação, vamos ter uma evasão de investimentos ainda maior", afirma Young.

"O apoio a Marta não é só voto antimalufista, mas um voto pela governabilidade", diz.

Lawrence Pih, um dos fundadores do PNBE (hoje afastado do movimento), diz que Mario Amato foi sincero e que sua manifestação reflete o que o grande empresariado está sentindo.

"Os empresários e os trabalhadores deram um salto qualitativo, é um avanço para uma social-democracia", afirma Pih.

"Os empresários estão mais dispostos a enfrentar a concorrência do mercado do que participar de uma relação incestuosa", diz.

"Acho que a ética do PT é diferente. Os empresários estão cansados da corrupção institucionalizada, o que ficou demonstrado na prefeitura."

Segundo ele, "os segmentos que têm negócios com a prefeitura vão começar a pensar diferente. A maioria do empresariado não gosta de corrupção.
Mas às vezes são obrigados a entrar no esquema ou não conseguem nada".

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