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23/10/2006
-
09h48
MARI TORTATO
da Agência Folha, em Curitiba
O candidato do PDT ao governo do Paraná, Osmar Dias, 54, critica governos anteriores dos quais fez parte --de Alvaro Dias (PSDB), seu irmão, do próprio rival, Roberto Requião (PMDB), e de quem o apóia agora, Jaime Lerner (ex-PFL, hoje PSB)-- para justificar a necessidade de ampliação de programas assistencialistas.
Osmar diz que as políticas públicas dos governadores dos últimos 20 anos fracassaram e que o estilo precisa mudar. Na gestão do irmão, o senador reeleito Alvaro Dias, ele foi presidente de uma empresa estadual de fomento. No primeiro governo Requião, foi secretário da Agricultura. Osmar diz que modernizou a agricultura do Paraná quando foi secretário de Requião, mas que não era o governador para colocar em prática programas sociais. Leia os principais trechos da entrevista:
FOLHA - Seu rival diz que o sr. não tem programa de governo. Que marca pretende deixar, se vencer?
OSMAR DIAS - Quem fala que não tenho projeto deixou o Estado sofrer uma queda de 3% na indústria em 12 meses. Proponho um projeto claro de desenvolvimento para a agricultura, a agroindústria e para atrair investimentos. O Estado tem que abrir o diálogo com os investidores, ser parceiro, e não espantar investidores.
FOLHA - Quanto vale hoje sua fazenda de 8.335 hectares em Formoso do Araguaia, no Tocantins, que o sr. declarou por R$ 2,5 milhões?
OSMAR - Comprei por R$ 2,5 milhões, em 2003. Não sei, não fiz avaliação, mas é só pegar as áreas que estão sendo vendidas perto dela. Tem uma oferta de área de 25 mil alqueires, perto dela, por R$ 40 mil. Fiz um bom negócio, paguei com meu dinheiro, limpo.
FOLHA - Como o sr. pretende se relacionar com o MST, se eleito governador? Pelas terras que herdou e comprou, o sr. é um latifundiário.
OSMAR - Depende do conceito. Para o Tocantins, a fazenda é uma propriedade média. Meu relacionamento com os movimentos sociais será de acordo com a Constituição e a lei e o que elas preceituam: propriedade improdutiva deve ser desapropriada; a que tem projeto em execução é produtiva e a que esteja produzindo não pode ser invadida.
FOLHA - O sr. diz que não sabia das ações por suspeita de improbidade administrativa e fraude em licitações que seu vice [ex-prefeito de Toledo Derli Donin] responde na Justiça e que pediu levantamento à assessoria jurídica. Pensa em trocá-lo?
OSMAR - Não. Isso seria a atitude extrema. Os processos do vice foram impetrados por adversários políticos. Confio que todas as respostas dele serão positivas para a falta de fundamento das denúncias. São processos não julgados e que o candidato à reeleição [Requião] tem mais de 200 iguais.
FOLHA - Caso Lula se reeleja e o sr. se eleja, como será a relação com o presidente que não apoiou?
OSMAR - Em janeiro de 2003, o [Leonel] Brizola avisou que estávamos nos afastando porque ele não concordava com a linha que o governo adotava. Então o PDT foi oposição do primeiro mês até hoje. Votamos matérias a favor quando achamos que era importante. Mas foi um partido de oposição. Nem por isso deixei de ter entendimento com o presidente. Fui chamado várias vezes para opinar sobre agricultura, ajudei a fazer o projeto do biodiesel. Pretendo enriquecer esse diálogo juntando a bancada do Estado.
FOLHA - Se eleito, pretende manter algum programa do atual governo?
OSMAR - O de [isenção] de micro e pequenas empresas, vamos melhorar e ampliar faixas. Esses assistencialistas [de distribuição de leite para crianças e subsídio nas contas de luz e água a famílias pobres], vamos ampliar. Essa é a maior prova de que o Paraná precisa mudar o estilo de governo. De 1990 a 2006, lá se foram 16 anos, e só teve dois governadores [Lerner e Requião]. E esses dois governadores deixaram 280 municípios com IDH abaixo da média nacional. Todos os indicadores são piores que dos Estados vizinhos. Isso revela o fracasso das políticas públicas dos últimos governos. E, se voltarmos a 1986, serão três, em 20 anos: do Alvaro, do Lerner e do Requião.
Folha - O sr. integrou as equipes de Alvaro e Requião. É co-responsável...
OSMAR - Não. Se você voltar no passado, vai ver que a agricultura do Paraná foi a mais moderna do país. Foi com ela que o Paraná pôde se manter até hoje. Os governos fracassaram com as políticas sociais. Fui um secretário da Agricultura, não um governador para colocar em prática projetos de educação, saneamento e segurança.
Folha - O sr. define Requião como um governante autoritário. Mas há quem aponte semelhança no perfil do senhor. O sr. é autoritário?
OSMAR - De jeito nenhum, eu dialogo muito. A minha convivência com ele por oito anos no Senado fez com que eu aprendesse a fazer o contrário do que ele faz. Foi bom exemplo para que eu não seguisse. Eu não censuro jornalista.
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da Agência Folha, em Curitiba
O candidato do PDT ao governo do Paraná, Osmar Dias, 54, critica governos anteriores dos quais fez parte --de Alvaro Dias (PSDB), seu irmão, do próprio rival, Roberto Requião (PMDB), e de quem o apóia agora, Jaime Lerner (ex-PFL, hoje PSB)-- para justificar a necessidade de ampliação de programas assistencialistas.
Osmar diz que as políticas públicas dos governadores dos últimos 20 anos fracassaram e que o estilo precisa mudar. Na gestão do irmão, o senador reeleito Alvaro Dias, ele foi presidente de uma empresa estadual de fomento. No primeiro governo Requião, foi secretário da Agricultura. Osmar diz que modernizou a agricultura do Paraná quando foi secretário de Requião, mas que não era o governador para colocar em prática programas sociais. Leia os principais trechos da entrevista:
FOLHA - Seu rival diz que o sr. não tem programa de governo. Que marca pretende deixar, se vencer?
OSMAR DIAS - Quem fala que não tenho projeto deixou o Estado sofrer uma queda de 3% na indústria em 12 meses. Proponho um projeto claro de desenvolvimento para a agricultura, a agroindústria e para atrair investimentos. O Estado tem que abrir o diálogo com os investidores, ser parceiro, e não espantar investidores.
FOLHA - Quanto vale hoje sua fazenda de 8.335 hectares em Formoso do Araguaia, no Tocantins, que o sr. declarou por R$ 2,5 milhões?
OSMAR - Comprei por R$ 2,5 milhões, em 2003. Não sei, não fiz avaliação, mas é só pegar as áreas que estão sendo vendidas perto dela. Tem uma oferta de área de 25 mil alqueires, perto dela, por R$ 40 mil. Fiz um bom negócio, paguei com meu dinheiro, limpo.
FOLHA - Como o sr. pretende se relacionar com o MST, se eleito governador? Pelas terras que herdou e comprou, o sr. é um latifundiário.
OSMAR - Depende do conceito. Para o Tocantins, a fazenda é uma propriedade média. Meu relacionamento com os movimentos sociais será de acordo com a Constituição e a lei e o que elas preceituam: propriedade improdutiva deve ser desapropriada; a que tem projeto em execução é produtiva e a que esteja produzindo não pode ser invadida.
FOLHA - O sr. diz que não sabia das ações por suspeita de improbidade administrativa e fraude em licitações que seu vice [ex-prefeito de Toledo Derli Donin] responde na Justiça e que pediu levantamento à assessoria jurídica. Pensa em trocá-lo?
OSMAR - Não. Isso seria a atitude extrema. Os processos do vice foram impetrados por adversários políticos. Confio que todas as respostas dele serão positivas para a falta de fundamento das denúncias. São processos não julgados e que o candidato à reeleição [Requião] tem mais de 200 iguais.
FOLHA - Caso Lula se reeleja e o sr. se eleja, como será a relação com o presidente que não apoiou?
OSMAR - Em janeiro de 2003, o [Leonel] Brizola avisou que estávamos nos afastando porque ele não concordava com a linha que o governo adotava. Então o PDT foi oposição do primeiro mês até hoje. Votamos matérias a favor quando achamos que era importante. Mas foi um partido de oposição. Nem por isso deixei de ter entendimento com o presidente. Fui chamado várias vezes para opinar sobre agricultura, ajudei a fazer o projeto do biodiesel. Pretendo enriquecer esse diálogo juntando a bancada do Estado.
FOLHA - Se eleito, pretende manter algum programa do atual governo?
OSMAR - O de [isenção] de micro e pequenas empresas, vamos melhorar e ampliar faixas. Esses assistencialistas [de distribuição de leite para crianças e subsídio nas contas de luz e água a famílias pobres], vamos ampliar. Essa é a maior prova de que o Paraná precisa mudar o estilo de governo. De 1990 a 2006, lá se foram 16 anos, e só teve dois governadores [Lerner e Requião]. E esses dois governadores deixaram 280 municípios com IDH abaixo da média nacional. Todos os indicadores são piores que dos Estados vizinhos. Isso revela o fracasso das políticas públicas dos últimos governos. E, se voltarmos a 1986, serão três, em 20 anos: do Alvaro, do Lerner e do Requião.
Folha - O sr. integrou as equipes de Alvaro e Requião. É co-responsável...
OSMAR - Não. Se você voltar no passado, vai ver que a agricultura do Paraná foi a mais moderna do país. Foi com ela que o Paraná pôde se manter até hoje. Os governos fracassaram com as políticas sociais. Fui um secretário da Agricultura, não um governador para colocar em prática projetos de educação, saneamento e segurança.
Folha - O sr. define Requião como um governante autoritário. Mas há quem aponte semelhança no perfil do senhor. O sr. é autoritário?
OSMAR - De jeito nenhum, eu dialogo muito. A minha convivência com ele por oito anos no Senado fez com que eu aprendesse a fazer o contrário do que ele faz. Foi bom exemplo para que eu não seguisse. Eu não censuro jornalista.
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