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23/10/2006 - 10h10

Lula nega dividir o país e diz que rico não precisa do Estado

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MALU DELGADO
da Folha de S.Paulo

Na reta final de campanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou ontem que, durante o processo eleitoral, tenha dividido o país entre "ricos e pobres". Porém, entre elogios ao Estado de São Paulo e afirmações de que governa e governará para 190 milhões de brasileiros, o presidente também alegou que "rico não precisa do Estado brasileiro" e que seus adversários têm um projeto político "para atender apenas aos interesses da elite".

"Aí eles inventaram: o Lula quer dividir o Brasil entre pobres e ricos. Eu não quero dividir coisa nenhuma. Eu já nasci pobre. (...) Eu não dividi não. Eles é que dividiram. (...) Se dependesse de mim, só tinha rico", disse em comício na Cidade Tiradentes, região da periferia na zona leste de São Paulo.

O presidente estava ligeiramente abatido. Segundo aliados, Lula ficou bastante irritado com a publicação da foto do filho, Fábio Silva, na capa da revista "Veja". O presidente considera que a campanha passou a expor sua família. Lula evitou a imprensa ontem.

Sobre o caso dossiê, o presidente e a coordenação de campanha avaliaram, em conversas reservadas, que o relatório da Polícia Federal não trouxe revelações capazes de alterar a perspectiva de vitória no segundo turno. Foram descobertas ligações telefônicas do ex-ministro José Dirceu e do chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, a Jorge Lorenzetti, considerado o "mentor" da compra do dossiê. Lorenzetti integrou a campanha de Lula.

Em comício de aproximadamente 20 minutos, Lula mostrou preocupação em enfatizar que não trata São Paulo com preconceito, apesar de seus aliados já terem feito reiteradas críticas à "elite paulistana", a quem se referiram como golpista. Geraldo Alckmin (PSDB) teve ampla vantagem sobre Lula em São Paulo, com 54% a 37% dos votos válidos.

"Tenho consciência do que São Paulo representa na economia nacional. Tenho consciência de que o presidente da República precisa governar o Brasil para 190 milhões de habitantes. (...) E tenho clareza (...) que a gente precisa estar cuidando sempre dos mais necessitados. Porque o rico não precisa do Estado brasileiro. Quem precisa do Estado brasileiro é o povo pobre deste país", afirmou.

O petista passou a fazer promessas nos comícios. Disse que num segundo mandato vai criar 300 mil vagas nos ProUni (bolsas para universitários carentes). Prometeu criar postos da Caixa Econômica Federal em todos os Estados do país para atender os prefeitos e garantiu que "nenhuma empresa será privatizada no país".

Pobres e banqueiros

Segundo Lula, "a verdade nua e crua é que no programa político da elite (...) o pobre não está incluído". "Pobre só tem importância em época eleitoral. Em época eleitoral, pobre vale mais do que banqueiro."

O tom messiânico é mantido nos comícios. Para Lula, "foi Deus que garantiu o segundo turno", o que permitiu uma comparação para "o povo entender" a diferença entre os dois projetos. "De um lado, o projeto que só tem como interesse atender a elite. De outro lado, o projeto que quer governar para todos, mas sabe que quem merece atenção especial é o povo pobre", afirmou.

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), também fez um rápido discurso antes do comício de Lula. Afirmou que Alckmin parece "personagem da propaganda daquele Itaú Personalité". "O público dele é do torneio de tênis na Costa do Sauípe", ironizou.

Em seguida, Lula concordou com o aliado: "Esse é um país de todos. Não é o país de jogadores de tênis apenas".

Ao final do comício, Lula disse que os adversários deveriam "rezar" para que ele vença a eleição, porque ele deixaria "o Brasil muito melhor".

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