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25/10/2006 - 19h04

Lula anuncia medidas para catadores de papel e nega motivação eleitoral

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ANDREZA MATAIS
da Folha Online, em Brasília

A quatro dias das eleições, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu no Palácio do Planalto catadores de papel para anunciar medidas para estes trabalhadores. Em entrevista após a solenidade, o presidente negou que a ação tenha sido eleitoreira. "As coisas vão amadurecendo. Faz três anos que todo dia 23 de dezembro eu vou passar o Natal com eles. Vou agora outra vez. As reivindicações são infinitas", afirmou.

Ao ser questionado se a medida pode ajudar a render votos para o presidente, o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome) reconheceu: "Claro, mas esse não é o objetivo. Agora, se as pessoas reconhecem o trabalho, reconhecem o esforço que estamos fazendo isso é uma outra questão. Mas hoje aqui ninguém falou em campanha ou pediu votos", disse. Dados do governo indicam que o país tem um milhão de catadores de papel.

O Palácio do Planalto se preocupou em evitar que os catadores de papel transformassem a solenidade num comício. Por quatro vezes, o cerimonial avisou aos convidados que "de acordo com a legislação eleitoral não são permitidas manifestações eleitorais". O recado foi ignorado algumas vezes.

O presidente da Associação dos Catadores de Material Reciclável, Luiz Henrique da Silva, encerrou seu discurso com o bordão da campanha do presidente. "Deixa o homem trabalhar, gente", disse ele para desespero dos assessores do Planalto que gesticulavam para conter as tentativas dos presentes de puxar um coro em favor do presidente-candidato.

Hospedagem

No meio do evento surgiram rumores que o governo teria custeado as despesas com transporte e hospedagem dos catadores de lixo e moradores de rua. Vários do convidados disseram à imprensa que o governo pagou as despesas.

O Ministério do Desenvolvimento Social disse que não liberou recursos e apontou as entidades ligadas aos movimentos como financiadoras dos gastos, entre elas a Cáritas --ligada à Igreja Católica. A Folha Online procurou a Cáritas, mas não conseguiu localizar o responsável.

Discurso

O presidente disse que ao levar os catadores de papel e moradores de rua para o Palácio do Planalto, seu governo ajudou a consolidar a democracia no país. "Quantas pessoas já passaram por este Palácio? Certamente muitos empresários, banqueiros, governantes, reis, rainhas, primeiros-ministros, muitas personalidades. Mas a democracia não seria completa se não passassem outras personalidades que têm trabalho muito mais importante", disse.

Lula também se vangloriou da oportunidade que deu para que os catadores estivessem no Planalto. "Em que momento da história um catador de papel, um morador de rua pôde usar a palavra no Palácio em qualquer país do mundo? O preconceito não pode se revelar, tem que ser exterminado", afirmou.

O presidente encerrou o discurso afirmando que "este país não tem um dono, mas vários, os 190 milhões de brasileiros" e que não existem pessoas inferiores ou superiores. "Vocês são tão ou mais brasileiros do que muitos que pensam que vocês não são nada", disse.

Medidas

Entre as medidas anunciadas está um decreto que estabelece a coleta seletiva em órgãos públicos e a destinação de materiais recicláveis para associações e cooperativas de catadores desses materiais. O governo distribuiu 17 mil caixas para os ministérios recolherem o material.

Estima-se que 80% do lixo produzido na Esplanada são de papel de boa qualidade para o processo de reciclagem. O BNDES também irá disponibilizar recursos do Fundo Social, formado a partir do lucro da empresa, para as cooperativas.

Especial
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