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06/11/2006
-
10h15
da Folha de S.Paulo
O ex-deputado Roberto Jefferson, autor das denúncias sobre o mensalão, retoma a rotina política depois de cassado. Ele volta a presidir o PTB e não quer o partido no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O PTB pode apoiar a governabilidade, mas não tem que estar na base." Ainda assim, disse que não vai implodir o partido, porque "o ministro Walfrido Mares Guia (Turismo) e o líder José Múcio Monteiro são governistas". Ele levanta dúvidas sobre um novo comportamento político do governo Lula com o Congresso a partir de 2007: "O prefácio do novo governo está igualzinho ao do passado".
FOLHA - Como ficará a relação do PTB com o governo?
ROBERTO JEFFERSON - Entendo que o PTB pode apoiar a governabilidade, mas não tem que estar na base do governo. Governabilidade é compromisso nosso com a maioria do povo.
FOLHA - Mas farão isso sem compor o governo?
JEFFERSON - Não tem que indicar cargos. Deve ajudar a governar o Brasil, mas sem participar da base, efetivamente.
FOLHA - E quem será o interlocutor do PTB com o presidente Lula?
JEFFERSON - Vai ser o José Múcio, o líder na Câmara. O presidente Lula inclusive já o chamou para uma conversa.
FOLHA - E se a maioria do PTB quiser ser da base e reivindicar cargos?
JEFFERSON - Pelo que eu consultei, não há a vontade de participar. Temos três princípios que votamos na última convenção nacional: aumento de impostos, não, reforma da CLT ou aprofundamento da reforma previdenciária, só com plebiscito. Primeiro, perguntem ao povo. Depois pode até discutir.
FOLHA - Posso entender então que o PTB será oposição?
JEFFERSON - Não, não vai ser oposição. Se você disser: Roberto, você levaria o partido para a oposição? Eu criaria um brutal conflito com o líder e com o ministro Walfrido, que são governo. Para que eu vou implodir o partido? Vamos andando. O Múcio apoia a governabilidade e não coloca o PTB dentro do governo. Eu não quero o PTB dentro do governo.
FOLHA - O PTB já está no governo.
JEFFERSON - O Walfrido não é ministro do PTB. Ele é ministro do Lula. E tem a gentileza de dizer isso. Diz: "o meu PTB é o Partido do Turismo Brasileiro". Ele não fala pelo PTB.
FOLHA - Se o PTB ficar fora da base, entregará os cargos que tem hoje?
JEFFERSON - Não tem nenhum. Tem o Walfrido, que é ministro do Lula, não do PTB. E tem aquele vice-presidente da Caixa, que foi ele que nomeou, não o PTB. Todos os cargos que tínhamos entregamos em 2005: Eletrobrás, Correios, Delegacia do Trabalho, Eletronuclear.
FOLHA - O PTB tem consenso sobre a reforma política?
JEFFERSON - Alguns. Fidelidade partidária é fundamental. A maioria do partido é a favor da lista com financiamento público. O partido admite o voto distrital, ou distrital misto.
FOLHA - Se o presidente Lula chamar dirigentes partidários para discutir a reforma política, o interlocutor no PTB será o José Múcio?
JEFFERSON - O Lula não vai discutir isso. Não é problema dele. O problema é da sociedade.
FOLHA - O presidente Lula disse que conduzirá pessoalmente a articulação política. O sr. acha que mudará a relação com o Congresso?
JEFFERSON - Não. Penso que vai ser a mesma coisa do governo passado.
FOLHA - Pode haver risco de novo mensalão?
JEFFERSON - Não sei. Eu não quero julgar de forma negativa um governo ungido pelo mandato popular. Vamos aguardar.
FOLHA - Mas o sr. vê chances de mudanças?
JEFFERSON - Estou vendo é que começou com um discurso de conciliação intolerante com a imprensa. Se você quer conciliar, não pode pregar intolerância. Você veja: já está com aquela luta interna de ministros dizendo que acabou a era Palocci. O prefácio do novo governo está igualzinho ao do passado. Vamos ver o desdobramento.
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"O PTB não tem que estar na base do governo", diz Jefferson
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O ex-deputado Roberto Jefferson, autor das denúncias sobre o mensalão, retoma a rotina política depois de cassado. Ele volta a presidir o PTB e não quer o partido no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O PTB pode apoiar a governabilidade, mas não tem que estar na base." Ainda assim, disse que não vai implodir o partido, porque "o ministro Walfrido Mares Guia (Turismo) e o líder José Múcio Monteiro são governistas". Ele levanta dúvidas sobre um novo comportamento político do governo Lula com o Congresso a partir de 2007: "O prefácio do novo governo está igualzinho ao do passado".
FOLHA - Como ficará a relação do PTB com o governo?
ROBERTO JEFFERSON - Entendo que o PTB pode apoiar a governabilidade, mas não tem que estar na base do governo. Governabilidade é compromisso nosso com a maioria do povo.
FOLHA - Mas farão isso sem compor o governo?
JEFFERSON - Não tem que indicar cargos. Deve ajudar a governar o Brasil, mas sem participar da base, efetivamente.
FOLHA - E quem será o interlocutor do PTB com o presidente Lula?
JEFFERSON - Vai ser o José Múcio, o líder na Câmara. O presidente Lula inclusive já o chamou para uma conversa.
FOLHA - E se a maioria do PTB quiser ser da base e reivindicar cargos?
JEFFERSON - Pelo que eu consultei, não há a vontade de participar. Temos três princípios que votamos na última convenção nacional: aumento de impostos, não, reforma da CLT ou aprofundamento da reforma previdenciária, só com plebiscito. Primeiro, perguntem ao povo. Depois pode até discutir.
FOLHA - Posso entender então que o PTB será oposição?
JEFFERSON - Não, não vai ser oposição. Se você disser: Roberto, você levaria o partido para a oposição? Eu criaria um brutal conflito com o líder e com o ministro Walfrido, que são governo. Para que eu vou implodir o partido? Vamos andando. O Múcio apoia a governabilidade e não coloca o PTB dentro do governo. Eu não quero o PTB dentro do governo.
FOLHA - O PTB já está no governo.
JEFFERSON - O Walfrido não é ministro do PTB. Ele é ministro do Lula. E tem a gentileza de dizer isso. Diz: "o meu PTB é o Partido do Turismo Brasileiro". Ele não fala pelo PTB.
FOLHA - Se o PTB ficar fora da base, entregará os cargos que tem hoje?
JEFFERSON - Não tem nenhum. Tem o Walfrido, que é ministro do Lula, não do PTB. E tem aquele vice-presidente da Caixa, que foi ele que nomeou, não o PTB. Todos os cargos que tínhamos entregamos em 2005: Eletrobrás, Correios, Delegacia do Trabalho, Eletronuclear.
FOLHA - O PTB tem consenso sobre a reforma política?
JEFFERSON - Alguns. Fidelidade partidária é fundamental. A maioria do partido é a favor da lista com financiamento público. O partido admite o voto distrital, ou distrital misto.
FOLHA - Se o presidente Lula chamar dirigentes partidários para discutir a reforma política, o interlocutor no PTB será o José Múcio?
JEFFERSON - O Lula não vai discutir isso. Não é problema dele. O problema é da sociedade.
FOLHA - O presidente Lula disse que conduzirá pessoalmente a articulação política. O sr. acha que mudará a relação com o Congresso?
JEFFERSON - Não. Penso que vai ser a mesma coisa do governo passado.
FOLHA - Pode haver risco de novo mensalão?
JEFFERSON - Não sei. Eu não quero julgar de forma negativa um governo ungido pelo mandato popular. Vamos aguardar.
FOLHA - Mas o sr. vê chances de mudanças?
JEFFERSON - Estou vendo é que começou com um discurso de conciliação intolerante com a imprensa. Se você quer conciliar, não pode pregar intolerância. Você veja: já está com aquela luta interna de ministros dizendo que acabou a era Palocci. O prefácio do novo governo está igualzinho ao do passado. Vamos ver o desdobramento.
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