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23/11/2006 - 18h50

Mercadante depõe à PF sobre dossiegate e nega envolvimento no caso

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GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) prestou depoimento esta manhã à Polícia Federal para esclarecer detalhes sobre o envolvimento de seu ex-assessor Hamilton Lacerda na compra do dossiê contra candidatos tucanos. Ele disse ao delegado Diógenes Curado que não soube do envolvimento de Lacerda com os outros petistas que articularam a compra do material com o empresário Luiz Antonio Vedoin, sócio da Planam.

Segundo disse à PF, Mercadante tomou conhecimento da compra do dossiê somente depois que o episódio se tornou público. "Ele [Hamilton Lacerda] nunca tratou desse assunto comigo. Quando eu soube que ele ia à revista Istoé [negociar a divulgação das informações contra os tucanos], foi uma quebra de confiança. Eu não venceria [a campanha ao governo de São Paulo] caminhando por ataques pessoais, e o José Serra não estava fazendo ataques pessoais à minha campanha", afirmou.

Mercadante disse que, depois de descobrir o envolvimento de Lacerda no dossiegate, não conversou mais com o ex-assessor --nem com Jorge Lorenzetti, ex-analista de risco e mídia da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição. "Eu nunca mais falei com nenhuma dessas pessoas. Qualquer movimento poderia ser interpretado como tentativa de obstruir as investigações", disse.

O envolvimento de Hamilton Lacerda no dossiegate foi revelado dias depois da prisão de Gedimar Passos e Valdebran Padilha com o dinheiro que seria utilizado para comprar o material. Mercadante disse que, nesse período, pode ter conversado por telefone com Lacerda por não saber do envolvimento de seu ex-auxiliar na operação antitucana. "Pode ser que eu tenha falado com ele nesse período, mas sobre esse assunto eu nunca falei", enfatizou.

Lacerda foi acusado de articular a publicação da reportagem à "Istoé" contra o então candidato ao governo de São Paulo, José Serra (PSDB), sobre o suposto envolvimento do tucano na máfia das ambulâncias.

Mercadante acabou envolvido no episódio como um dos supostos responsáveis pela compra do material, já que estava atrás de Serra nas pesquisas de intenção de voto para o governo de São Paulo. O senador negou, no entanto, que tivesse interesse em divulgar o conteúdo do dossiê. "Eu não tinha o menor interesse em enveredar por esse caminho. Eu sempre disse que não usaria esse tipo de denúncia", afirmou.

Reunião

Mercadante confirmou ao delegado Curado que se reuniu em seu gabinete no Senado com Expedito Veloso, ex-diretor do Banco do Brasil, e Osvaldo Bargas, ex-assessor da campanha de Lula à reeleição, no dia 4 de setembro deste ano --dez dias antes da prisão de Gedimar e Valdebran. Os dois estão envolvidos na compra do dossiê.

Na reunião, da qual também participou a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), Bargas e Expedito pediram que a bancada petista no Senado estivesse presente em massa no depoimento do empresário Luiz Antonio Vedoin no Conselho de Ética do Senado, no dia 05 de setembro, pois o sócio da Planam poderia revelar detalhes sobre a máfia das ambulâncias que comprometeriam políticos tucanos.

Mercadante negou, no entanto, que Expedito e Bargas tenham revelado as negociações sobre a compra do dossiê. "O Expedito estava mais informado sobre tudo e deu o relato. Eles achavam que a delação premiada era importante para o Vedoin, por isso poderia dizer tudo o que sabia para a bancada atuar nesse assunto", afirmou.

O relato do senador contradiz as afirmações de Bargas à CPI dos Sanguessugas, nesta quarta-feira, quando disse que não sabia das informações contra os tucanos. O ex-assessor da campanha de Lula disse à comissão que teria viajado a Cuiabá somente para comprovar se Vedoin concederia a entrevista negociada com a revista "IstoÉ".

O depoimento ao delegado Curado ocorreu no próprio gabinete de Mercadante, que no dia 13 de outubro se colocou à disposição da PF para esclarecer as denúncias do dossiegate. Por ter foro privilegiado como senador, Mercadante não precisou ir à PF prestar depoimento.

Especial
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