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12/12/2006 - 20h27

PF investiga convênios do ministério com prefeituras assinados por Barjas

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HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Cuiabá

A Polícia Federal informou nesta terça-feira que investiga convênios do Ministério da Saúde com sete prefeituras de Mato Grosso nos quais aparece a assinatura do ex-ministro Barjas Negri, atual prefeito de Piracicaba (SP) pelo PSDB, junto com a do empresário Darci Vedoin, um dos chefes da máfia dos sanguessugas.

Nos convênios, em que o ministério repassou dinheiro aos municípios para compra de ambulâncias, Darci assina como procurador das sete prefeituras. Depois da assinatura do convênio, foi uma empresa da família Vedoin, a Klass Comércio Representações Ltda., que venceu a concorrência para vender os veículos e receber o dinheiro.

Somados, os convênios envolvem recursos de R$ 705,5 mil e foram todos publicados no "Diário Oficial" no dia 24 de dezembro de 2002, sete dias antes de Barjas deixar o cargo. O dinheiro, porém, foi liberado a partir de 2003, já no governo Lula.

O delegado da PF Diógenes Curado Filho anexou as cópias dos convênios no inquérito que apurava o envolvimento do empresário de Piracicaba (SP) Abel Pereira com a máfia dos sanguessugas. O material foi enviado ao delegado pela CGU (Controladoria Geral da União).

Ao consultar a Justiça Federal, o delegado decidiu que a investigação dos convênios será feita no inquérito sobre Abel --e não no processo judicial, iniciado em maio deste ano, que apura toda a máfia dos sanguessugas.

Curado questionou na segunda-feira Luiz Antonio Vedoin, filho de Darci e também chefe da máfia dos sanguessugas, sobre os convênios.

No depoimento ao delegado, Vedoin afirmou que Abel recebia propina de 6,5% sobre verba liberada no ministério durante a gestão de Barjas. Conforme o líder dos sanguessugas, Abel disse que conseguia liberar o dinheiro por ser ligado a Barjas.

Vedoin afirmou ainda ao delegado que Darci poderá explicar como foram assinados os convênios e qual foi a intermediação de Abel. Curado marcou o depoimento de Darci para o início da próxima semana.

Um advogado de defesa da família Vedoin informou que Darci dirá no depoimento se assinou o convênio junto com Barjas ou se o documento foi levado por Abel a ele, já assinado pelo ex-ministro.

Curado disse que o objetivo da investigação é saber como foram assinados os convênios. As prefeituras envolvidas são as dos municípios de Cláudia (R$ 130 mil), Nobres (R$ 90 mil), Campos de Júlio (R$ 130 mil), Água Boa (R$ 90 mil), Nortelândia (R$ 90 mil), Barra do Bugres (R$ 90 mil) e Tapurah (R$ 85,5 mil).

Na segunda, Curado enviou ofício ao ministro da Saúde, Agenor Álvares, pedindo informações sobre convênios, para compra de ambulâncias, assinados na gestão de Barjas em 2002. Curado também pediu a agenda do ex-ministro.

Vedoin afirmou ao delegado que, além dos sete convênios, seu pai Darci pode ter atuado como procurador de outros municípios.

O líder dos sanguessugas afirmou, porém, que nunca teve contato direto com o ex-ministro.

As acusações de Vedoin contra Abel foram entregues à Justiça Federal no dia 15 de setembro. Neste dia ocorria a negociação de petistas com Vedoin para compra de um dossiê contra tucanos.

Outro lado

A assessoria do prefeito de Piracicaba (SP) e ex-ministro da Saúde, Barjas Negri (PSDB), informou que ele estava acompanhando o governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), em visita à cidade e não pôde falar sobre a investigação da Polícia Federal.

Barjas Negri depôs na CPI dos Sanguessugas no início de novembro. Questionado se assinou convênios quais Darci Vedoin era procurador, afirmou não saber. Na época, porém, a PF não investigava os convênios. O questionamento na CPI foi da senadora Ideli Salvatti (PT-SC).

"Que eu saiba, não. Se a prefeitura dava procurações ou para um parlamentar ou para uma outra pessoa, isso não era do meu conhecimento", afirmou Barjas.

"Em geral, para ganhar tempo, eu assinava em primeiro lugar. Assinava os convênios e já remetia ao Fundo Nacional de Saúde", acrescentou.

Salvatti perguntou, então, se tal procedimento era normal. "Veja só, o prefeito poderia dar procuração para um assessor, para um parlamentar, para quem quer que seja. Mas isso não passava evidentemente na minha mão. Eu assinava 2.000 a 3.000 convênios por ano. Eu não ficava olhando quem era o procurador", afirmou o ex-ministro.

"Se o sr. Vedoin assinou alguma dessa procuração, isso nunca foi do meu conhecimento. Nunca tive nada com isso", completou.

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