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27/12/2006
-
09h31
LEANDRO BEGUOCI
da Folha de S.Paulo
No Brasil, uma pessoa só é feita santa após cumprir três requisitos: ter fama de santidade, ter dois milagres reconhecidos pelo Vaticano e ter sido defendida perante a Santa Sé pela irmã Célia Cadorin, religiosa que advogou pelas causas de frei Galvão e de madre Paulina, os únicos santos brasileiros reconhecidos pelo Vaticano.
Irmã Célia nasceu em Nova Trento (SC), mesma cidade em que madre Paulina iniciou sua obra no Brasil --a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, à qual pertence. Postuladora de santos desde 1983, quando foi designada para o processo de madre Paulina, irmã Célia aprendeu que um santo tem mais chances de ser reconhecido com a presença constante do postulador na Congregação para os Santos, responsável por analisar o processo de santificação. Sem um bom "advogado", o santo fica apenas na veneração popular.
Irmã Célia não gosta de falar de si. Nem sua idade revela. "A história dos santos fala por eles. Eu só ajudo a igreja a conhecer a bonita história deles", diz ela, que, desde 2004, vive no colégio Pio Brasileiro, em Roma, para se dedicar à defesa do frei.
Para se tornar postulador de santos, é preciso fazer curso de direito canônico e de metodologia científica, conhecer idiomas e ser aprovado pelo Vaticano. Latim e italiano são obrigatórios, já que todo o processo de canonização tem de ser traduzido para esses idiomas.
Irmã Célia era secretária da CNBB em Santa Catarina e foi convocada para ajudar o postulador, um padre, no processo de madre Paulina por suas superioras na congregação. O padre pediu uma irmã jovem para ajudar no processo. Tanto a fama de incansável quanto de organizada ajudaram na escolha.
O processo de canonização é burocrático. Após passar por um tribunal eclesiástico na diocese de origem, o caso passa por uma comissão de médicos, teólogos e cardeais em que pode fazer diferença a presença do advogado para esclarecer um detalhe que, por ventura, foi omitido ou para providenciar um documento solicitado.
No caso de frei Galvão, seu processo ficou parado entre 1938 e 1986, quando o então arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, incumbiu a irmã de recomeçar o processo.
O processo de frei Galvão, que ainda não foi fechado, é volumoso --estimado em quase 10 mil páginas-- e contém o relato sintético de ao menos 8.057 graças alcançadas. Dele sai uma "biografia documentada", que visa também provar a fama de santidade da pessoa no seu país e se possuía as virtudes solicitadas pelo Vaticano.
No caso de frei Galvão, os custos do processo são estimados em 90 mil euros pelo Mosteiro da Luz, que pagou tudo (por meio de doações de fiéis), desde a reunião dos documentos até o pagamento da hospedagem de irmã Célia na Itália.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre frei Galvão
Irmã "advogada" defende canonização de brasileiros
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da Folha de S.Paulo
No Brasil, uma pessoa só é feita santa após cumprir três requisitos: ter fama de santidade, ter dois milagres reconhecidos pelo Vaticano e ter sido defendida perante a Santa Sé pela irmã Célia Cadorin, religiosa que advogou pelas causas de frei Galvão e de madre Paulina, os únicos santos brasileiros reconhecidos pelo Vaticano.
Irmã Célia nasceu em Nova Trento (SC), mesma cidade em que madre Paulina iniciou sua obra no Brasil --a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, à qual pertence. Postuladora de santos desde 1983, quando foi designada para o processo de madre Paulina, irmã Célia aprendeu que um santo tem mais chances de ser reconhecido com a presença constante do postulador na Congregação para os Santos, responsável por analisar o processo de santificação. Sem um bom "advogado", o santo fica apenas na veneração popular.
Irmã Célia não gosta de falar de si. Nem sua idade revela. "A história dos santos fala por eles. Eu só ajudo a igreja a conhecer a bonita história deles", diz ela, que, desde 2004, vive no colégio Pio Brasileiro, em Roma, para se dedicar à defesa do frei.
Para se tornar postulador de santos, é preciso fazer curso de direito canônico e de metodologia científica, conhecer idiomas e ser aprovado pelo Vaticano. Latim e italiano são obrigatórios, já que todo o processo de canonização tem de ser traduzido para esses idiomas.
Irmã Célia era secretária da CNBB em Santa Catarina e foi convocada para ajudar o postulador, um padre, no processo de madre Paulina por suas superioras na congregação. O padre pediu uma irmã jovem para ajudar no processo. Tanto a fama de incansável quanto de organizada ajudaram na escolha.
O processo de canonização é burocrático. Após passar por um tribunal eclesiástico na diocese de origem, o caso passa por uma comissão de médicos, teólogos e cardeais em que pode fazer diferença a presença do advogado para esclarecer um detalhe que, por ventura, foi omitido ou para providenciar um documento solicitado.
No caso de frei Galvão, seu processo ficou parado entre 1938 e 1986, quando o então arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, incumbiu a irmã de recomeçar o processo.
O processo de frei Galvão, que ainda não foi fechado, é volumoso --estimado em quase 10 mil páginas-- e contém o relato sintético de ao menos 8.057 graças alcançadas. Dele sai uma "biografia documentada", que visa também provar a fama de santidade da pessoa no seu país e se possuía as virtudes solicitadas pelo Vaticano.
No caso de frei Galvão, os custos do processo são estimados em 90 mil euros pelo Mosteiro da Luz, que pagou tudo (por meio de doações de fiéis), desde a reunião dos documentos até o pagamento da hospedagem de irmã Célia na Itália.
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