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07/04/2007 - 09h29

Governo de Rondônia teme novo massacre em reserva

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JOÃO CARLOS MAGALHÃES
da Agência Folha

Três anos após índios terem matado 29 garimpeiros que extraíam ilegalmente diamantes na reserva indígena Roosevelt, a pedra ainda é explorada dentro da terra dos cintas-largas.

Ofício da Secretaria da Segurança Pública de Rondônia enviado à OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Estado afirma que existem 1.500 pessoas trabalhando irregularmente dentro da área.

O governo afirma que o fluxo de gente para a região aumentou nos últimos meses, o que eleva a "preocupação que tal fato [o massacre] venha a ocorrer novamente", diz o documento.

A Polícia Federal, responsável pela fiscalização da reserva, confirma a existência de invasores, mas afirma que, hoje, eles não passam de cem.

No dia 23 de março, quando foi feita a última varredura aérea da área, foram vistos ao menos 40 homens em diferentes clareiras, além de duas pás carregadeiras --máquinas usadas para remover grandes quantidades de terra.

"Desde o massacre, o número de pessoas lá dentro nunca passou de 300", disse Mauro Sposito, delegado da PF. Para ele, apesar da dificuldade de impedir a entrada de garimpeiros e do "risco latente" de conflitos entre não-índios e indígenas, a retirada de diamantes está "quase parada" se comparada com a época das mortes.

"Mas tirar todo mundo de lá é a mesma coisa que subir o morro da Rocinha e prender todos os traficantes", afirmou.

A reserva dos 1.300 cintas-largas tem 2,7 milhões de hectares, 18 vezes o tamanho da cidade de São Paulo.

O presidente da Funai (Fundação Nacional do índio), Márcio Meira, disse que a área é alvo de uma "pressão permanente" desde 2004 e que a função da entidade é "acalmar os índios". Ele considera que o número de 1.500 garimpeiros é "um certo exagero".

A reportagem não conseguiu localizar nenhuma liderança cinta-larga. Nacoça Pio Cinta Larga, um dos principais líderes da etnia e indiciado por participação nas 29 mortes de 7 de abril de 2004, foi preso no mês passado sob a acusação de levar para a aldeia, sem autorização, munição para arma de fogo.

O juiz, o promotor e o delegado de Espigão D'Oeste (RO), cidade mais próxima da reserva, confirmaram à Folha a presença de exploradores na área.

A informações vêm principalmente dos depoimentos de "rodados", nome dado aos homens que vão até a cidade tentando chegar ao garimpo e que, por não terem dinheiro para bancar a incursão na selva, vagam pelas ruas de Espigão. Para todas as autoridades ouvidas, o número de "rodados" cresceu nos últimos meses.

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