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20/10/2000 - 03h40

Tumor de Covas tem 2 cm de diâmetro

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da Folha de S.Paulo

A equipe médica responsável pelo tratamento do governador Mário Covas (PSDB), 70, confirmou ontem a existência de um tumor maligno de cerca de dois centímetros de diâmetro, localizado na região pélvica, entre a nova bexiga e o reto (porção final do intestino).

De acordo com os médicos, a lesão ""aparentemente" já invadiu o intestino de fora para dentro. Outros órgãos estariam por enquanto preservados.

"Temos a impressão de que é um tumor pequeno e circunscrito. Mas os exames têm suas limitações. Hoje a lesão conhecida é essa. Se existe uma célula (cancerígena) solta, é impossível dizer", afirmou o cirurgião de aparelho digestivo Raul Cutait.

A dificuldade de identificação de células eventualmente comprometidas, dizem os médicos, ocorre pelo fato de que os exames atuais não permitem a detecção de lesões com menos de três milímetros. No corpo humano, afirmam, há cerca de 3 milhões de células com esse tamanho.

De grau de agressividade três, o segundo mais grave em uma escala que varia até quatro, o novo tumor, localizado na mesma região do primeiro câncer de Covas, foi detectado na semana passada por intermédio de um exame que permite a visão interna do intestino (endoscopia).

Especialistas ouvidos pela Folha declaram que, para que possa ter sido identificado a partir do intestino, o tumor deve estar exercendo uma compressão do lado de dentro do órgão.

As formas de tratamento da doença serão definidas apenas dentro de quatro ou cinco dias, depois de reuniões por teleconferência entre as equipes brasileira e norte-americana que assistem o governador.

"Depois disso, as possibilidades e suas chances de sucesso serão apresentadas ao paciente e à família. O governador é quem vai decidir o que fazer", afirmou o infectologista e médico particular de Covas, David Uip.

A situação clínica do paciente, que já tem duas pontes de safena e uma mamária, também será levada em consideração. Conforme o cardiologista Whady Hueb, as condições circulatórias de Covas hoje são ""adequadas".

O urologista Sami Arap disse que, pela gravidade do primeiro tumor de Covas -segundo ele, superior à da média dos pacientes-, eram de 70% as chances de reincidência da doença.

"Mas não havia sinais de disseminação. As tomografias que fizemos há dois meses e na semana passada não detectaram nada e, depois de dois anos, nossa esperança era de que ele estivesse curado", disse o urologista.

A equipe, que ainda conta com o oncologista Ricardo Brentani, evitou fazer prognósticos sobre as possibilidades de cura e sobre os riscos à vida do governador. Na avaliação dos médicos, é ""difícil quantificar as chances de recuperação".

"E essa previsão (quanto à sobrevida de Covas) não é feita nesse tipo de tumor. Mas acho que o governador vai ganhar de novo. Todos vão morrer, e Deus é quem decide isso. Médicos não evitam a morte. Adiam", afirmou Uip.
Conforme os médicos, os únicos sintomas provocados pela doença no paciente são desconforto intestinal e digestivo.

Tratamento

O caso de Covas é o que os especialistas classificam como uma recidiva local, ou seja, a volta de um tumor em uma área anteriormente já afetada pelo problema.

Em dezembro de 98, o governador foi submetido a uma cirurgia para a retirada da bexiga, em cuja parede lateral esquerda foi detectado um tumor maligno. O câncer foi identificado em uma operação para a extração de um tumor benigno de próstata. Com a extração do órgão, uma nova bexiga foi construída com partes do intestino (neobexiga).

Segundo os médicos, a reincidência do tumor foi causada por células cancerígenas, que, impossíveis de serem identificadas por seu tamanho microscópico, permaneceram no corpo de Covas.

Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que, provavelmente, o tratamento mais adequado seria a combinação de quimioterapia com uma cirurgia para a remoção da neobexiga e do reto, o que levaria à necessidade de criação de novas formas para que o governador possa urinar e defecar. Médicos da Escola Paulista de Medicina, entretanto, defendem a cirurgia apenas caso o tumor não desapareça com as drogas.

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