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01/10/2003
-
07h30
ELIANE MENDONÇA
da Folha de S. Paulo, em São José dos Campos
O CTA (Centro Técnico Aeroespacial) anunciou que vai transferir a tecnologia de todos os foguetes desenvolvidos no país, exceto o VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites), para a iniciativa privada, como forma de driblar a falta de recursos públicos para os projetos. Essa transferência deverá ocorrer até o final do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.
Segundo o major-brigadeiro-do-ar Tiago da Silva Ribeiro, diretor do CTA, o governo deverá continuar, no entanto, na gestão do Programa Espacial Brasileiro. "Mas vamos atuar apenas assessorando as empresas."
Procurado pela Folha, o Ministério da Defesa informou, por sua assessoria de imprensa, que não se pronunciaria sobre o assunto.
A transferência da produção não inclui o VLS-1, já que ainda não é possível uma produção em escala do veículo. O terceiro protótipo do foguete foi destruído em um incêndio que resultou na morte de 21 pessoas, no Centro de Lançamento de Alcântara (MA), no dia 22 de agosto. Segundo Ribeiro, a transferência não tem relação com o acidente, é uma proposta antiga para que o CTA possa se dedicar a outras pesquisas.
Encomenda alemã
"Nós já temos a tecnologia de fabricação de foguetes. Agora precisamos sair dessa área para que a pesquisa não fique estagnada." Segundo Ribeiro, a Alemanha já mostrou interesse em 15 foguetes VSB-30. "É gratificante saber que um foguete brasileiro é tão bom a ponto de provocar interesse em um outro país. Mas o CTA não tem pessoal suficiente para a fabricar em escala esses foguetes."
Com a medida, o programa espacial contará com maior participação da indústria. É o que ocorre nos EUA, em que a Nasa (agência espacial civil) contrata empresas para construir seus equipamentos, ou partes deles.
Segundo o CTA, isso vai beneficiar diretamente as empresas do setor aeroespacial. Em sua maioria, elas estão localizadas em São José dos Campos (96 km de São Paulo), cidade que é a sede do CTA e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
O primeiro passo nesse sentido foi dado no ano passado, quando o CTA submeteu à Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) um projeto para a transferência de tecnologia de foguetes de sondagem a empresas interessadas. Foi pleiteado um financiamento de US$ 3 milhões para a implementação da infra-estrutura necessária para a absorção da tecnologia e o início da produção dos foguetes.
Segundo Ribeiro, como o CTA também utiliza esses foguetes para as suas pesquisas, passaria a comprá-los da iniciativa privada.
A AEB (Agência Espacial Brasileira) já tentara transferir a produção de parte do VLS-1 para um consórcio de empresas do setor aeroespacial, a Espacial Sociedade Anônima, sem sucesso. Depois disso, decidiu-se iniciar o processo pelos foguetes de sondagem.
Segundo Ribeiro, muitas empresas já fabricam peças utilizadas nos foguetes. "Mas nenhuma delas tem a visão do todo. Cada uma só sabe fazer aquela peça específica. Precisamos transferir a idéia do todo para que as empresas tenham autonomia", afirmou.
Sempre houve participação da indústria nacional na produção de foguetes. O próprio Sonda-1, primeiro foguete a ser lançado no país, obrigou a uma mobilização do parque industrial brasileiro para a produção de tubos sem costura de ligas de alumínio de alta resistência.
Naquele momento, a Termomecânica São Paulo S.A. empenhou-se no projeto e passou a dominar essa tecnologia. Atualmente, a Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil, com sede em São José dos Campos, reúne mais de 40 empresas brasileiras que atendem a esse segmento.
"Só neste ano já promovemos duas ou três reuniões entre as empresas e a AEB para definir critérios", declarou o presidente da AEB, Luiz Bevilacqua.
Custo
De acordo com a AEB e com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), para que a torre usada para os lançamentos de foguetes seja reconstruída, serão necessários cerca de R$ 10 milhões. Quando ela foi construída, em 1995, foram gastos R$ 6,5 milhões.
Ainda segundo a AEB, foram gastos aproximadamente R$ 73 milhões com desenvolvimento, infra-estrutura e lançamento dos três protótipos do VLS-1.
CTA quer empresas construindo foguetes
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da Folha de S. Paulo, em São José dos Campos
O CTA (Centro Técnico Aeroespacial) anunciou que vai transferir a tecnologia de todos os foguetes desenvolvidos no país, exceto o VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites), para a iniciativa privada, como forma de driblar a falta de recursos públicos para os projetos. Essa transferência deverá ocorrer até o final do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.
Segundo o major-brigadeiro-do-ar Tiago da Silva Ribeiro, diretor do CTA, o governo deverá continuar, no entanto, na gestão do Programa Espacial Brasileiro. "Mas vamos atuar apenas assessorando as empresas."
Procurado pela Folha, o Ministério da Defesa informou, por sua assessoria de imprensa, que não se pronunciaria sobre o assunto.
A transferência da produção não inclui o VLS-1, já que ainda não é possível uma produção em escala do veículo. O terceiro protótipo do foguete foi destruído em um incêndio que resultou na morte de 21 pessoas, no Centro de Lançamento de Alcântara (MA), no dia 22 de agosto. Segundo Ribeiro, a transferência não tem relação com o acidente, é uma proposta antiga para que o CTA possa se dedicar a outras pesquisas.
Encomenda alemã
"Nós já temos a tecnologia de fabricação de foguetes. Agora precisamos sair dessa área para que a pesquisa não fique estagnada." Segundo Ribeiro, a Alemanha já mostrou interesse em 15 foguetes VSB-30. "É gratificante saber que um foguete brasileiro é tão bom a ponto de provocar interesse em um outro país. Mas o CTA não tem pessoal suficiente para a fabricar em escala esses foguetes."
Com a medida, o programa espacial contará com maior participação da indústria. É o que ocorre nos EUA, em que a Nasa (agência espacial civil) contrata empresas para construir seus equipamentos, ou partes deles.
Segundo o CTA, isso vai beneficiar diretamente as empresas do setor aeroespacial. Em sua maioria, elas estão localizadas em São José dos Campos (96 km de São Paulo), cidade que é a sede do CTA e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
O primeiro passo nesse sentido foi dado no ano passado, quando o CTA submeteu à Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) um projeto para a transferência de tecnologia de foguetes de sondagem a empresas interessadas. Foi pleiteado um financiamento de US$ 3 milhões para a implementação da infra-estrutura necessária para a absorção da tecnologia e o início da produção dos foguetes.
Segundo Ribeiro, como o CTA também utiliza esses foguetes para as suas pesquisas, passaria a comprá-los da iniciativa privada.
A AEB (Agência Espacial Brasileira) já tentara transferir a produção de parte do VLS-1 para um consórcio de empresas do setor aeroespacial, a Espacial Sociedade Anônima, sem sucesso. Depois disso, decidiu-se iniciar o processo pelos foguetes de sondagem.
Segundo Ribeiro, muitas empresas já fabricam peças utilizadas nos foguetes. "Mas nenhuma delas tem a visão do todo. Cada uma só sabe fazer aquela peça específica. Precisamos transferir a idéia do todo para que as empresas tenham autonomia", afirmou.
Sempre houve participação da indústria nacional na produção de foguetes. O próprio Sonda-1, primeiro foguete a ser lançado no país, obrigou a uma mobilização do parque industrial brasileiro para a produção de tubos sem costura de ligas de alumínio de alta resistência.
Naquele momento, a Termomecânica São Paulo S.A. empenhou-se no projeto e passou a dominar essa tecnologia. Atualmente, a Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil, com sede em São José dos Campos, reúne mais de 40 empresas brasileiras que atendem a esse segmento.
"Só neste ano já promovemos duas ou três reuniões entre as empresas e a AEB para definir critérios", declarou o presidente da AEB, Luiz Bevilacqua.
Custo
De acordo com a AEB e com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), para que a torre usada para os lançamentos de foguetes seja reconstruída, serão necessários cerca de R$ 10 milhões. Quando ela foi construída, em 1995, foram gastos R$ 6,5 milhões.
Ainda segundo a AEB, foram gastos aproximadamente R$ 73 milhões com desenvolvimento, infra-estrutura e lançamento dos três protótipos do VLS-1.
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