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06/10/2003
-
08h36
free-lance para a Folha de S.Paulo
O Brasil começará a produzir industrialmente urânio enriquecido para utilização nas usinas nucleares de Angra 1 e 2 a partir de 2004. O anúncio será feito hoje à tarde pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, no Rio de Janeiro.
Hoje em dia, o minério de urânio que sai de Caitité (BA) para ser utilizado nas usinas nucleares brasileiras é antes mandado para o Canadá e para a Europa, a fim de que possa ser enriquecido. Através da substituição de importações, técnicos da INB (Indústrias Nucleares do Brasil), empresa vinculada ao MCT que responde pela exploração e beneficiamento do urânio no país, estimam que o Brasil possa chegar a economizar cerca de US$ 19 milhões a cada 14 meses.
A tecnologia de ultracentrifugação, que permite o enriquecimento do urânio em escala industrial, foi desenvolvida pelo Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), em conjunto com o Centro Tecnológico da Marinha de São Paulo. Com isso, o Brasil passa a ser o sétimo país no mundo a dominar a técnica, ao lado de Rússia, China, Japão, Holanda, Alemanha e Inglaterra. Os EUA e a França utilizam outra técnica para enriquecer o minério, a difusão gasosa.
O Brasil já possuía uma tecnologia de enriquecimento de urânio desde a década de 80, mas ela não possibilitava a produção em quantidade suficiente para alimentar usinas nucleares.
"A energia nuclear é muito importante", disse o ministro à Folha. "O Brasil precisa de fontes de energia alternativas à hidrelétrica. Não podemos nos dar ao luxo de ignorar que temos uma das maiores reservas de urânio do mundo", afirmou Amaral.
Além da produção interna de energia, o ministro planeja explorar o mercado externo através da exportação do minério enriquecido. "Trata-se de um produto com grande valor agregado. Depois de abastecer nossas usinas, nosso plano é exportar para países como os EUA, que vêm aumentando seu interesse na energia nuclear", diz o ministro. Segundo o diretor da INB Samuel Faiad, o potencial de exportações deve atingir US$ 12,5 milhões ao ano.
O urânio será utilizado basicamente para a obtenção de energia, além de algumas outras aplicações previstas no programa nuclear, como a medicina nuclear e a irradiação de alimentos. A ultracentrifugação enriquece o urânio de 0,7% para 0,9%, o que é insuficiente para a confecção de uma bomba atômica, que precisa de metal enriquecido a mais de 90%.
O programa nuclear brasileiro, que foi criado em 1967 pelo então presidente Costa e Silva, já produziu duas usinas: Angra 1, em 1985, e Angra 2, em 2000. Segundo o ministro Amaral, as duas produzem hoje cerca de 57% da energia consumida pelo mercado do Rio de Janeiro.
O enriquecimento consiste em aumentar no urânio-238, não radioativo, a concentração de urânio-235, radioativo. Isso é necessário porque o núcleo do 238 não sofre a fissão (cisão) necessária à produção de energia, como ocorre com o 235. Enriquecimento não é reação química: consiste na separação física das variáveis do mesmo elemento, via aceleração. Na ultracentrifugação, isso se faz em uma máquina que gira a 70 mil rotações por minuto.
Brasil começa enriquecimento de urânio para usinas Angra 1 e 2
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O Brasil começará a produzir industrialmente urânio enriquecido para utilização nas usinas nucleares de Angra 1 e 2 a partir de 2004. O anúncio será feito hoje à tarde pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, no Rio de Janeiro.
Hoje em dia, o minério de urânio que sai de Caitité (BA) para ser utilizado nas usinas nucleares brasileiras é antes mandado para o Canadá e para a Europa, a fim de que possa ser enriquecido. Através da substituição de importações, técnicos da INB (Indústrias Nucleares do Brasil), empresa vinculada ao MCT que responde pela exploração e beneficiamento do urânio no país, estimam que o Brasil possa chegar a economizar cerca de US$ 19 milhões a cada 14 meses.
A tecnologia de ultracentrifugação, que permite o enriquecimento do urânio em escala industrial, foi desenvolvida pelo Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), em conjunto com o Centro Tecnológico da Marinha de São Paulo. Com isso, o Brasil passa a ser o sétimo país no mundo a dominar a técnica, ao lado de Rússia, China, Japão, Holanda, Alemanha e Inglaterra. Os EUA e a França utilizam outra técnica para enriquecer o minério, a difusão gasosa.
O Brasil já possuía uma tecnologia de enriquecimento de urânio desde a década de 80, mas ela não possibilitava a produção em quantidade suficiente para alimentar usinas nucleares.
"A energia nuclear é muito importante", disse o ministro à Folha. "O Brasil precisa de fontes de energia alternativas à hidrelétrica. Não podemos nos dar ao luxo de ignorar que temos uma das maiores reservas de urânio do mundo", afirmou Amaral.
Além da produção interna de energia, o ministro planeja explorar o mercado externo através da exportação do minério enriquecido. "Trata-se de um produto com grande valor agregado. Depois de abastecer nossas usinas, nosso plano é exportar para países como os EUA, que vêm aumentando seu interesse na energia nuclear", diz o ministro. Segundo o diretor da INB Samuel Faiad, o potencial de exportações deve atingir US$ 12,5 milhões ao ano.
O urânio será utilizado basicamente para a obtenção de energia, além de algumas outras aplicações previstas no programa nuclear, como a medicina nuclear e a irradiação de alimentos. A ultracentrifugação enriquece o urânio de 0,7% para 0,9%, o que é insuficiente para a confecção de uma bomba atômica, que precisa de metal enriquecido a mais de 90%.
O programa nuclear brasileiro, que foi criado em 1967 pelo então presidente Costa e Silva, já produziu duas usinas: Angra 1, em 1985, e Angra 2, em 2000. Segundo o ministro Amaral, as duas produzem hoje cerca de 57% da energia consumida pelo mercado do Rio de Janeiro.
O enriquecimento consiste em aumentar no urânio-238, não radioativo, a concentração de urânio-235, radioativo. Isso é necessário porque o núcleo do 238 não sofre a fissão (cisão) necessária à produção de energia, como ocorre com o 235. Enriquecimento não é reação química: consiste na separação física das variáveis do mesmo elemento, via aceleração. Na ultracentrifugação, isso se faz em uma máquina que gira a 70 mil rotações por minuto.
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