Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
21/10/2003 - 10h11

Cientistas dizem ter descoberto cura para sintomas da gripe

Publicidade

da Folha Online

Cientistas britânicos desenvolveram um tratamento capaz de diminuir os sintomas das gripes mais fortes e ajudar na cura de infecções respiratórias graves, como a própria Sars (sigla em inglês para síndrome respiratória aguda grave).

Em experimentos com ratos, a equipe de cientistas do Centro de Microbiologia Molecular do Imperial College de Londres descobriu que uma nova tecnologia pode regular a resposta do sistema imunológico à gripe. Assim como outros distúrbios pulmonares, a gripe pode ser fatal. Isso porque, segundo os cientistas, muitos dos seus sintomas têm como causa a hiperatividade do sistema imunológico.

"Durante a infecção da gripe, o sistema imunológico arregaça as mangas para lutar contra o vírus, mas essa é a causa da maioria dos problemas", disse a pesquisadora Tracy Hussell. "Basicamente, uma quantidade imensa de células obstrui as vias respiratórias e impedem a transferência adequada de oxigênio para a corrente sanguínea", explicou.

No estudo, publicado no "Journal of Experimental Medicine", Hussell e sua equipe fizeram vários testes em ratos que estavam infectados com o vírus da gripe do tipo "influenza A". Ele foi o responsável pela gripe espanhola que, em 1919, matou 20 milhões de pessoas em todo o mundo. Muitos especialistas acreditam que é uma questão de tempo até que uma nova epidemia ocorra. Se isso realmente acontecer, é mais provável que isso aconteça a partir de uma mutação desse vírus.

Resposta imunológica

Quando a gripe se instala, o sistema imunológico reage de duas formas: as células-T, que vigiam o corpo contra invasores, caçam as células infectadas pelo vírus da gripe e tentam destruí-las; a outra forma acontece quando as células-B são ativadas e produzem anticorpos para que o corpo fique invulnerável ao vírus.

Para regular a resposta do sistema imunológico, os cientistas prestaram atenção a uma molécula presente na resposta do corpo às infecções, chamada OX40.

Normalmente, quando os pulmões sofrem o ataque de um vírus, são ativadas unidades de defesa do corpo chamadas células T. Elas migram para a região pulmonar para "bombardear" o vírus, mas também iniciam um outro processo de defesa, chamado "tempestade de citocina".

Congestionamento

"Depois de um ou dois dias, as células-T aumentam a produção de OX40", afirma Hussell. Essa molécula dá à célula-T um sinal para que ela continue combatendo o vírus. Mas novas células de defesa continuam chegando ao local da infecção, explica Ian Humphreys, que conduziu a equipe londrina. Isso "congestiona" o campo de batalha.

Primeiro, os cientista tentaram lidar com o problema interrompendo a produção de células-T. Mas isso debilita a resposta imunológica, impede que o corpo se livre do vírus e ainda deixa o paciente suscetível a outras infecções.

Agora a equipe de Humphreys desenvolveu uma forma de controlar essas células. Eles descobriram que, ao bloquear a molécula OX40, as células-T se deslocam com mais velocidade. Consequentemente, as vias aéreas não ficam bloqueadas. "O objetivo é liberar logo os pulmões das células-T, deixando apenas o suficiente para reforçar o sistema imunológico contra a infecção. Mas sua presença prolongada não se faz necessária", explica Humphreys.

Testes com ratos

Nos testes do Imperial College, ratos que receberam uma droga comum de controle perderam 25% do peso, ficaram abatidos e perderam o apetite seis dias depois da infecção.

Mas cobaias que receberam a droga OX40:Ig --desenvolvida pelos pesquisadores-- não apresentaram os mesmos sintomas. Além disso, sua capacidade de resposta a uma segunda infecção não foi prejudicada. A grande vantagem do tratamento é que, mesmo com a mutação do vírus, a droga continua tratando os piores sintomas da doença.

Hussell acredita que a droga poderia tratar qualquer doença com uma resposta inflamatória excessiva, inclusive a asma e a própria Sars. Os pesquisadores já começaram a testar a droga contra asma em ratos, e esperam usá-la em testes com humanos a partir de 2004.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página