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14/11/2003
-
06h57
da Folha de S.Paulo
Nos últimos anos, as evidências de que Marte um dia foi entrecortado por vastas correntes de água só fizeram aumentar. Agora, um grupo de pesquisadores identificou uma região em que isso aconteceu várias vezes em sequência.
A recorrência nos fluxos líquidos é o traço mais marcante de um terreno a norte da cratera Holden, na região Erythraeum, no hemisfério Sul do chamado planeta vermelho. Lá, estima-se que a água tenha moldado o terreno em múltiplas ocasiões.
Pela quantidade de crateras, apesar da imprecisão inerente, os cientistas imaginam que a ação tenha acontecido há mais de 3,5 bilhões de anos, na primeira das grandes eras marcianas, a Noachiana (pronuncia-se "noaquiana"). A nomenclatura vem da região de Noachis, considerada um modelo para estudos dessa época da história de Marte. Estima-se que o planeta, nesse período, tenha sido mais quente e úmido.
Segundo os pesquisadores Michael Malin e Kenneth Edgett, da Malin Space Science Systems, a região agora identificada parece "saída de um livro didático" para explicar a formação de processos sedimentares e formadores de canais naturais.
A dupla divulgou seus resultados eletronicamente na revista americana "Science" (www. sciencexpress.org), que deve publicar o estudo numa futura edição impressa. A pesquisa só foi possível com a combinação de esforços dos sistemas de imagens da Mars Global Surveyor e da Mars Odyssey, as duas sondas orbitadoras da Nasa atualmente no planeta vermelho.
A elas deve fazer companhia brevemente a sonda européia Mars Express. A nave fez seu último ajuste de trajetória antes da chegada ao planeta vermelho. O módulo de pouso que viaja junto dela, o Beagle-2, construído pelos britânicos, deve fazer a descida à superfície de Marte no próximo dia 25 de dezembro.
A missão européia em solo marciano deve buscar sinais de química orgânica (indicativos de vida), mas não está particularmente preocupada em estudar locais com evidência de água --diferentemente dos jipes da Nasa (agência espacial americana) que também estão prestes a chegar à superfície do planeta vermelho.
Considerados como geólogos robóticos móveis, os jipes Spirit e Opportunity devem pousar, em janeiro, em regiões de Marte onde há sinais anteriores de água. Será uma tentativa de aprofundar o conhecimento obtido com as sondas orbitadoras e confirmar as conclusões sobre a natureza aquosa dos recortes na superfície.
"Eles foram projetados para testar as idéias que formamos com nossos orbitadores e nos dar experiência na busca do histórico da água líquida no planeta", explica James Garvin, cientista-chefe do programa de exploração de Marte na Nasa. "Vamos precisar disso antes que voltemos a procurar indícios, mesmo indiretos, de vida."
Até agora, as evidências de vida em Marte são majoritariamente baseadas no estudo de um meteorito.
Água deixa várias marcas no solo marciano
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Nos últimos anos, as evidências de que Marte um dia foi entrecortado por vastas correntes de água só fizeram aumentar. Agora, um grupo de pesquisadores identificou uma região em que isso aconteceu várias vezes em sequência.
A recorrência nos fluxos líquidos é o traço mais marcante de um terreno a norte da cratera Holden, na região Erythraeum, no hemisfério Sul do chamado planeta vermelho. Lá, estima-se que a água tenha moldado o terreno em múltiplas ocasiões.
Pela quantidade de crateras, apesar da imprecisão inerente, os cientistas imaginam que a ação tenha acontecido há mais de 3,5 bilhões de anos, na primeira das grandes eras marcianas, a Noachiana (pronuncia-se "noaquiana"). A nomenclatura vem da região de Noachis, considerada um modelo para estudos dessa época da história de Marte. Estima-se que o planeta, nesse período, tenha sido mais quente e úmido.
Segundo os pesquisadores Michael Malin e Kenneth Edgett, da Malin Space Science Systems, a região agora identificada parece "saída de um livro didático" para explicar a formação de processos sedimentares e formadores de canais naturais.
A dupla divulgou seus resultados eletronicamente na revista americana "Science" (www. sciencexpress.org), que deve publicar o estudo numa futura edição impressa. A pesquisa só foi possível com a combinação de esforços dos sistemas de imagens da Mars Global Surveyor e da Mars Odyssey, as duas sondas orbitadoras da Nasa atualmente no planeta vermelho.
A elas deve fazer companhia brevemente a sonda européia Mars Express. A nave fez seu último ajuste de trajetória antes da chegada ao planeta vermelho. O módulo de pouso que viaja junto dela, o Beagle-2, construído pelos britânicos, deve fazer a descida à superfície de Marte no próximo dia 25 de dezembro.
A missão européia em solo marciano deve buscar sinais de química orgânica (indicativos de vida), mas não está particularmente preocupada em estudar locais com evidência de água --diferentemente dos jipes da Nasa (agência espacial americana) que também estão prestes a chegar à superfície do planeta vermelho.
Considerados como geólogos robóticos móveis, os jipes Spirit e Opportunity devem pousar, em janeiro, em regiões de Marte onde há sinais anteriores de água. Será uma tentativa de aprofundar o conhecimento obtido com as sondas orbitadoras e confirmar as conclusões sobre a natureza aquosa dos recortes na superfície.
"Eles foram projetados para testar as idéias que formamos com nossos orbitadores e nos dar experiência na busca do histórico da água líquida no planeta", explica James Garvin, cientista-chefe do programa de exploração de Marte na Nasa. "Vamos precisar disso antes que voltemos a procurar indícios, mesmo indiretos, de vida."
Até agora, as evidências de vida em Marte são majoritariamente baseadas no estudo de um meteorito.
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