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14/11/2000 - 14h02

Conferência de Haia se choca com controvérsia sobre florestas

da France Presse
em Haia (Holanda)

O papel das florestas na luta contra o aquecimento do planeta divide europeus e americanos e pode ser uma controvérsia nas negociações empreendidas a partir de ontem na Conferência sobre o Clima, em Haia.

Em seu momento de crescimento, árvores e plantas absorvem o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, mas emitem esse gás quando são queimadas ou apodrecem. O solo florestal ou agrícola também constitui uma importante reserva de carbono.

Dessa forma, os grandes países florestais como os Estados Unidos pedem que estes "poços ou sumidouros de carbono" sejam incluídos na contabilidade das emissões de gases causadores do Efeito Estufa (GEE).

O fato é que muitas ações florestais e agrícolas, como converter um bosque em uma grande floresta ou transformar um campo de cultivo em um prado, seriam menos onerosas e politicamente aceitáveis do que obrigar os industriais e cidadãos a reduzir seu consumo de energias poluentes.

Por sua parte, os europeus se opõem argumentando que a prioridade deve ser reduzir o consumo de energia e que a absorção de GEE pelos "sumidouros" pode ser enganosa, por não ser facilmente quantificável nem necessariamente duradoura.

Os ecologistas, observadores na conferência, afirmam que se trata somente de "escapatórias" para não aplicar medidas energéticas impopulares. As projeções da ONU ilustram a importância da controvérsia. Segundo esses dados, uma contabilidade máxima dos "sumidouros" representaria mais de 50% da redução de emissões de GEE que os Estados Unidos devem fazer para respeitar sua cota até 2010.

A conferência de Haia deve fixar as regras de aplicação do Protocolo de Kyoto (1997) para permitir a entrada em vigor desse documento, que impõe aos países desenvolvidos uma redução média de 5,2% de suas emissões de GEE entre 2008 e 2012 em relação ao nível de 1990.

Segundo o protocolo, para cumprir seus compromissos, um país poderá utilizar "as atividades humanas ligadas à mudança de destinação de terras e às atividades florestais limitadas ao plantio, replantio e corte de árvores desde 1990".

Na batalha, são também implicados os países em vias de desenvolvimento, não que estejam obrigados a reduzir suas emissões de GEE. É que os países ricos têm a possibilidade de ajudá-los a desenvolver-se utilizando energias não poluentes, conseguindo em troca um aumento de seu percentual de emissões no âmbito do "mecanismo de desenvolvimento limpo" (MDL).

Mas a inclusão dos "sumidouros ou poços" de carbono no MDL divide também os países em vias de desenvolvimento. Os países pobres estão a favor, enquanto os emergentes são resistentes e preferem que o MDL os sirva para importar alta tecnologia.
 

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