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16/11/2000
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07h37
especial para a Folha de S.Paulo
Os antigos egípcios podem ter usado a posição de duas estrelas no céu para alinhar a construção de suas pirâmides em relação aos pontos cardeais. A nova teoria foi proposta pela pesquisadora Kate Spence, da Universidade de Cambridge, Reino Unido.
O alinhamento vertical das estrelas de Kochab e Mizar, respectivamente das constelações Ursa Menor e Ursa Maior, apontaria para o pólo Norte celestial e serviria para os construtores posicionarem seus prumos.
A teoria permite datar com mais precisão a época da construção da maior pirâmide de todas, a de Quéops, localizada em Gizé, perto do Cairo. As estimativas atuais têm um grau de precisão da ordem de cem anos. Se a hipótese de Spence estiver correta, a grande pirâmide teria tido sua construção começada entre os anos 2485 a.C e 2475 a.C.
O pólo celestial é o ponto no céu diretamente sobre o pólo terrestre, em torno do qual as estrelas aparentam girar. Como o eixo de rotação do planeta não é fixo, mas gira lentamente _movimento chamado de "precessão"_, as posições dos pólos entre as estrelas mudam em ciclos com a duração de 26 mil anos.
Ao calcular a posição das estrelas no passado, Spence verificou que o alinhamento vertical de duas delas ao longo do tempo correspondia aos desvios em relação ao norte verdadeiro da posição das pirâmides e podia servir como "relógio" das dinastias.
"As pirâmides foram orientadas por um método que variava sua precisão ao longo do tempo, tornando-se cada vez mais preciso até o reino de Quéops e então perdendo precisão em um ritmo regular", escreveu ela em um artigo na edição de hoje da "Nature".
O início da construção de cada pirâmide era marcado por uma cerimônia de alinhamento. "Sabemos que cada faraó construía sua própria pirâmide e, dado o tamanho, é provável que elas tenham sido iniciadas no início dos reinados", disse Spence à Folha.
"As pirâmides de Gizé são realizações técnicas extraordinárias. Nós geralmente temos uma impressão ruim das habilidades do homem pré-moderno _ou possivelmente uma arrogância sobre nossa própria superioridade. As pessoas acham difícil de acreditar que elas possam ter sido construídas por pessoas comuns 4.500 anos atrás", afirma ela.
A pesquisadora não concorda que existam grandes mistérios envolvendo esses templos funerários e sua construção.
"Não sabemos tudo sobre as pirâmides, ainda, mas ao fazermos progressos se torna cada vez mais aparente que elas eram construídas por seres humanos com uma visão poderosa e grande habilidade técnica, mas que tinham um conhecimento falho de coisas como a astronomia. Como demonstra o fato de estarem usando um método de orientação que se tornava impreciso com o tempo."
Egípcios alinhavam as pirâmides com estrelas
RICARDO BONALUME NETOespecial para a Folha de S.Paulo
Os antigos egípcios podem ter usado a posição de duas estrelas no céu para alinhar a construção de suas pirâmides em relação aos pontos cardeais. A nova teoria foi proposta pela pesquisadora Kate Spence, da Universidade de Cambridge, Reino Unido.
O alinhamento vertical das estrelas de Kochab e Mizar, respectivamente das constelações Ursa Menor e Ursa Maior, apontaria para o pólo Norte celestial e serviria para os construtores posicionarem seus prumos.
A teoria permite datar com mais precisão a época da construção da maior pirâmide de todas, a de Quéops, localizada em Gizé, perto do Cairo. As estimativas atuais têm um grau de precisão da ordem de cem anos. Se a hipótese de Spence estiver correta, a grande pirâmide teria tido sua construção começada entre os anos 2485 a.C e 2475 a.C.
O pólo celestial é o ponto no céu diretamente sobre o pólo terrestre, em torno do qual as estrelas aparentam girar. Como o eixo de rotação do planeta não é fixo, mas gira lentamente _movimento chamado de "precessão"_, as posições dos pólos entre as estrelas mudam em ciclos com a duração de 26 mil anos.
Ao calcular a posição das estrelas no passado, Spence verificou que o alinhamento vertical de duas delas ao longo do tempo correspondia aos desvios em relação ao norte verdadeiro da posição das pirâmides e podia servir como "relógio" das dinastias.
"As pirâmides foram orientadas por um método que variava sua precisão ao longo do tempo, tornando-se cada vez mais preciso até o reino de Quéops e então perdendo precisão em um ritmo regular", escreveu ela em um artigo na edição de hoje da "Nature".
O início da construção de cada pirâmide era marcado por uma cerimônia de alinhamento. "Sabemos que cada faraó construía sua própria pirâmide e, dado o tamanho, é provável que elas tenham sido iniciadas no início dos reinados", disse Spence à Folha.
"As pirâmides de Gizé são realizações técnicas extraordinárias. Nós geralmente temos uma impressão ruim das habilidades do homem pré-moderno _ou possivelmente uma arrogância sobre nossa própria superioridade. As pessoas acham difícil de acreditar que elas possam ter sido construídas por pessoas comuns 4.500 anos atrás", afirma ela.
A pesquisadora não concorda que existam grandes mistérios envolvendo esses templos funerários e sua construção.
"Não sabemos tudo sobre as pirâmides, ainda, mas ao fazermos progressos se torna cada vez mais aparente que elas eram construídas por seres humanos com uma visão poderosa e grande habilidade técnica, mas que tinham um conhecimento falho de coisas como a astronomia. Como demonstra o fato de estarem usando um método de orientação que se tornava impreciso com o tempo."
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