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04/03/2004
-
08h15
RICARDO BONALUME NETO
enviado especial da Folha de S.Paulo a Natal
Dormir faz bem para a sua memória. Esse fato já em parte sabido e deduzido pela ciência ganhou novas confirmações com o trabalho de um jovem cientista brasileiro nos EUA.
Sidarta Ribeiro, 32, hoje pesquisando na Universidade Duke, na Carolina do Norte, vai ser um dos primeiros nomes a fazer parte do futuro Instituto Internacional de Neurociência de Natal, cujo pontapé inicial foi dado ontem com a abertura de um congresso internacional sobre o tema nessa cidade nordestina.
Ribeiro pesquisou ratos. Em estudos anteriores, ele notou a importância do sono para a consolidação da memória dos roedores ao examinar o que acontecia na complexa interação de substâncias químicas e sinais elétricos nos seus cérebros.
Depois ele foi checar também os efeitos nos genes, mais especificamente num gene, chamado Zif-268, cuja ausência em roedores provoca danos à memória.
Há uma fase do sono, a de "ondas lentas", em que até o cérebro parece estar dormindo, pois a sua atividade no máximo lembra um pensamento, sem cor, sem imagem. Já a fase chamada de REM (sigla em inglês para "movimento rápido do olho") inclui sonhos e uma maior atividade cerebral.
O trabalho de Sidarta mostra que as duas fases do sono têm papéis "distintos e complementares" na consolidação da memória, que também migra de diferentes partes do cérebro.
"É uma teoria humilde, que mostra como mecanismos moleculares no nível de células podem ter efeitos psicológicos importantes", diz ele.
O simpósio em Natal marca o início das obras do futuro instituto, que nesta semana recebeu suas primeiras verbas federais. O local foi cedido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, à qual o instituto estará vinculado.
O instituto é um "sonho" de Miguel Nicolelis, pesquisador brasileiro da Universidade Duke. Ele vê no projeto uma forma de descentralizar a pesquisa no país, concentrada no Sudeste.
Nicolelis comparou a fundação do instituto em Natal à criação de Brasília no interior do país. Para ele, "precisamos criar Brasílias científicas por todo o país".
Além da pesquisa de ponta, o instituto terá centro para tratamento de pessoas com problemas mentais, escola para mil crianças. Em seu corpo de pesquisadores, 25% seriam estrangeiros.
Dormir ajuda memória, revela estudo
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enviado especial da Folha de S.Paulo a Natal
Dormir faz bem para a sua memória. Esse fato já em parte sabido e deduzido pela ciência ganhou novas confirmações com o trabalho de um jovem cientista brasileiro nos EUA.
Sidarta Ribeiro, 32, hoje pesquisando na Universidade Duke, na Carolina do Norte, vai ser um dos primeiros nomes a fazer parte do futuro Instituto Internacional de Neurociência de Natal, cujo pontapé inicial foi dado ontem com a abertura de um congresso internacional sobre o tema nessa cidade nordestina.
Ribeiro pesquisou ratos. Em estudos anteriores, ele notou a importância do sono para a consolidação da memória dos roedores ao examinar o que acontecia na complexa interação de substâncias químicas e sinais elétricos nos seus cérebros.
Depois ele foi checar também os efeitos nos genes, mais especificamente num gene, chamado Zif-268, cuja ausência em roedores provoca danos à memória.
Há uma fase do sono, a de "ondas lentas", em que até o cérebro parece estar dormindo, pois a sua atividade no máximo lembra um pensamento, sem cor, sem imagem. Já a fase chamada de REM (sigla em inglês para "movimento rápido do olho") inclui sonhos e uma maior atividade cerebral.
O trabalho de Sidarta mostra que as duas fases do sono têm papéis "distintos e complementares" na consolidação da memória, que também migra de diferentes partes do cérebro.
"É uma teoria humilde, que mostra como mecanismos moleculares no nível de células podem ter efeitos psicológicos importantes", diz ele.
O simpósio em Natal marca o início das obras do futuro instituto, que nesta semana recebeu suas primeiras verbas federais. O local foi cedido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, à qual o instituto estará vinculado.
O instituto é um "sonho" de Miguel Nicolelis, pesquisador brasileiro da Universidade Duke. Ele vê no projeto uma forma de descentralizar a pesquisa no país, concentrada no Sudeste.
Nicolelis comparou a fundação do instituto em Natal à criação de Brasília no interior do país. Para ele, "precisamos criar Brasílias científicas por todo o país".
Além da pesquisa de ponta, o instituto terá centro para tratamento de pessoas com problemas mentais, escola para mil crianças. Em seu corpo de pesquisadores, 25% seriam estrangeiros.
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